10.12.25

Presidenciais: Os dados estão lançados

 

Os debates televisivos separaram dois campos:

_ Os candidatos presenciais que se propõem apoiar a revisão da Constituição com o objetivo de criar um  novo regime presidencialista/autoritário e/ou neoliberal.

_ Os candidatos presenciais que se comprometem a não apoiar a revisão da Constituição com o objetivo de criar um  novo regime presidencialista/autoritário e/ou neoliberal.

_   Analisemos a situação destes segundos, a quem as sondagens atribuem a possibilidade de chegar à segunda volta_ Marques Mendes, José Manuel Seguro, Gouveia e Melo: postura, discurso ideológico e ideário político.

_ Marques Mendes afirma que não vê necessidade dessa revisão, mas a sua influência no PSD e CDS já não lhe permite condicionar a direção política desses partidos, onde existem figuras dominantes e correntes políticas com forte tendência revisionista.

_ António José Seguro, também não tem poder sobre o seu partido, mas nele a influência revisionista é menor.

_ Gouveia e Melo, não depende de nenhum partido e os revisionistas não parecem prevalecer no arco-íris dos seus apoiantes. No entanto, a orientação dos seus dois últimos debates televisivos, poderá explicar a queda de simpatia, o primeiro, com o candidato do PCP, porque recorreu aos mesmos argumentos com que a extrema-direita ataca o comunismo e o socialismo,  e no segundo, o confronto com o candidato apoiado pelo PS, decorreu num clima de ataque pessoal recíproco, que só serve para criar anticorpos para a convergência  democrática no ciclo  do voto presidencial.

De facto, vir acusar o PCP de defender a ditadura do proletariado e ligá-lo e à  intenção de mandar para o Campo Pequeno os opositores, nada tem a ver com o contexto e significado de opressão ou repressão. O primeiro conceito, em ciência politica, que o PCP abandonou exatamente por ser suscetível de deturpações, significa na teoria de estado socialista um poder eleito numa pirâmide de Conselhos (Sovietes) onde tomam assento eleitoral representantes de todas as classes populares_ operários, camponeses, intelectuais, empresários …e a frase atribuída a Otelo, surgiu na resposta a um jornalista que lhe perguntou se o comandante do Copcon não estava preocupado com o assalto e destruição das sedes e residências de partidos da esquerda, atentados bombistas e assassinatos, no Verão Quente de 1975, a que respondeu, que por este caminho, antes de seremos levados para o Campo Pequeno (evocação do golpe fascista no Chile), se calhar teremos nós de lá colocar esses terroristas.(Ver Expresso). O tenente- coronel Vitor Alves, testemunhou que Otelo seria incapaz de fazer mal a qualquer dos militares do Grupo dos 9, os organizadores e triunfadores do 25 de novembro.

Na sua deslocação a Paris, o almirante retomou a acusação de Descolonização mal conduzida, sem referir nunca que a guerra trágica e longa é a causa principal desse processo e poderia ter sido evitada e que as grandes potências da época interferiram ativamente no processo. Uma candidatura de centro-esquerda, não pode cair no erro de se confundir com o discursos revisionista da extrema-direita.

Sem menosprezo pelas seguintes candidaturas, o candidato do PCP não consegue defender as primeiras experiências históricas do socialismo_ a sua contribuição decisiva para a derrota do nazi-fascismo, que viu 70% da sua capacidade militar ser destruída pela resistência da URSS, nem pela tirada do almirante sobre o falhanço do seu modelo económico, que colocou os primeiros astronautas no espaço sideral, não só não se demarca da transformação da URSS na sua fase de potência imperialista, como não reclama para o socialismo as conquistas sociais de países como a China, deixando afinal uma mensagem de desesperança.

A candidatura do BE, sem programa nem projeto estratégico para um vago socialismo, a procura de votos para manter a sua base de apoio  eleitoral, não parece servir o combate ao perigo da fascização do país e no caso  do Livre, a ausência de uma crítica assertiva ao modelo de federalismo burocrático e financeiro que define a atual União Europeia (hoje irremediavelmente fraturado pelo Brexit e a Nova e Velha Europa nascidas da interferência dos EUA) e à sua militarização, tal como a ausência de um qualquer projeto de Federalismo Democrático, poderão conduzir à volatizarão do seu anterior crescimento eleitoral.

O discurso da Iniciativa Liberal, oferece crescimento, mas não diz como o poderá concretizar através do seu projeto presencial e de governo, é omisso sobre a distribuição da riqueza e a  transição ecológica da economia, presta reverência ao deus infalível do mercado...como se ainda fosse o regulador, como o foi, mas no século...XIX. Traça, honestamente, uma linha vermelha face às alianças com a extrema-direita   ( o PSD atravessa a linha sempre que lhe convém), mas entra na sua dança revisionista e enquanto promete deixar mais uns euros no bolso dos trabalhadores, esvazia os cofres do estado, que pagam a saúde, educação, segurança, defesa...e entrega a chave dos portões das empresas...ao capital sem pátria.

Os dados estão lançados…

 

 


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