17.12.25

3. Presidenciais: O que os títulos não mostram! E o cordeiro sacrificial

 

Segundo a última sondagem da U. Católica, André Ventura perderia com 29 por centro dos votos numa segunda volta contra António José Seguro, que arrecadaria 66 por cento. Ventura também perderia, com 25 por cento dos votos, contra os 68 por cento de Gouveia e Melo; e perderia com 26 por cento contra 69 por cento para Marques Mendes.

Este indicador mostra que é o Almirante quem consegue retirar mais votos ao Chega. As prestações televisivas não são determinantes.

Mas as percentagens não dizem o essencial: Quantos votantes representam? Recordo que nas últimas autárquicas o Chega perdeu 800.000 votos...qual vai ser a sua votação em números reais!? ( O SEU CANDIDATO VIVE NO TERROR DE NÃO CONSEGUIR RECUPERAR  E CAIR AINDA MAIS CENTENAS DE MILHARES DE VOTOS E VER ABRIR_SE A PORTA DOS SUBSTITUTOS). Tal acontece, porque o verdadeiro candidato a presidente, que manda à sua frente o cordeiro sacrificial, ficou por agora na sombra, o mesmo que já quis subverter a constituição enquanto primeiro-ministro, quando anunciou o seu programa de ir mais longe que a Troika, avançando então com a ideia de uma revisão constitucional, hoje escondida, que pretendia subverter o artigo 288º da constituição (Ver anexo), criando uma novo regime presidencialista, autoritário e no extremo do neoliberalismo. O que é o neoliberalismo? Veja-se, como exemplo, a mutilação dos direitos dos trabalhadores, que o atual projeto de mudança das leis do trabalho anuncia. Quando se preconiza o despedimento sem justa causa e direito a retorno, de um trabalhador ou de um setor inteiro, em nome de uma falsa liberdade de procura de melhor emprego e do moderno desempenho empresarial, omite-se que o emprego assenta numa âncora que é casa de família na proximidade, que o posto de trabalho condiciona a localização do emprego do cônjuge, da creche e da escola dos filhos, do centro de saúde ou hospital, a vizinhança e a camaradagem no trabalho, toda uma teia de relações sociais cuja célula essencial é a família, assim abalada e desfeita. Essa medida é uma bomba de fragmentação, que espalha estilhaços por todo o tecido social, é o cancro que gera um mundo infernal e amoral, que os cristianíssimos políticos e economistas fingem ignorar.

De onde parte? Existe em Portugal um núcleo capitalista, que usa os seus testas de ferro da política, para ganhar influência e poder, e que faz parte de uma corrente internacional (derrotada nas guerras imperialistas e na livre concorrência no mercado), que o governo de Trump representa, e que quer salvar os seus privilégios retornando aos regimes autoritários e mesmo neofascistas, militarizados e controlados pelo monopólio da comunicação social (Porque raio é que tempos agora uma CNN, no lugar da televisão da Igreja?)

Ai, os cegos de Saramago!!!

Os comentadores televisivos e as suas redações (por mando de quem?), continuam a levar ao colo o candidato da extrema-direita, para isso têm de fabricar a imagem de um país mergulhado na corrupção, insegurança e decadência moral (acabei de ver a CNN a descrever em detalhe as práticas de pedofilia do último pedófilo exibido na TV, transformando a informação americanizada num vómito ) e  tratam de normalizar o discurso que já prepara a guerra civil de baixa intensidade (porque quem semeia ventos...), elogiando o desempenho violento e capcioso do candidato, premiado com pontuação alta e medalhas de invencibilidade nos debates; o candidato que apela ao recurso às armas de fogo contra a criminalidade, sem perceber que essa diretiva conduz o outro lado a prepara-se para usar a violência (olhe-se para os EUA ou o Brasil), quando as forças da ordem podem e devem hoje ser equipadas com um eficaz arsenal de armas não letais e equipamentos de proteção; e o devoto candidato faz alguma ideia do que é carregar na consciência a morte um ser humano, o que tal representa de sofrimento moral para o ser humano que mata e a sua família, e para a família do morto? Televisões e restante comunicação social, com o candidato,  que  não se importam de lhe dar voz sem contraditório, que vai alimentar um clima internacional adverso à própria emigração portuguesa e às relações com os países de língua portuguesa e com aqueles onde  a história de Portugal  deixou amarras (As Índias e os Brasis...), e de fomentar um ambiente nacional hostil à imigração...desprezando o  RICOCHETE NA NOSSA EMIGRAÇÃO (2,3 milhões, 2,8 milhões de luso descendentes), que já prepara a fuga de Portugal dos mais afortunados e capazes, que julgaram encontrar aqui a sua segunda pátria.

Ainda hei-de ver essa gente, em peregrinação com a corda ao pescoço, como o aio de Afonso Henriques ou a Srª Melloni, a caminho do...Bangladesh, em penitência e prece!

Ai, os desgraçados cegos de Saramago!

É COM ESTAS LEIS E AMBIENTE QUE ESPERAM ATRAIR OS EMIGRANTES QUALIFICADOS, mestres da servilização, engenheiros e cientistas, médicos e investigadores...operadores de todos os sistemas, operários da indústria 4.0...?

 



Artigo 288.º

(Limites materiais da revisão)

As leis de revisão constitucional terão de respeitar:

a) A independência nacional e a unidade do Estado;

b) A forma republicana de governo;

c) A separação das Igrejas do Estado;

d) Os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos;

e) Os direitos dos trabalhadores, das comissões de trabalhadores e das associações sindicais;

f) A coexistência do sector público, do sector privado e do sector cooperativo e social de propriedade dos meios de produção;

g) A existência de planos económicos no âmbito de uma economia mista;

h) O sufrágio universal, directo, secreto e periódico na designação dos titulares electivos dos órgãos de soberania, das regiões autónomas e do poder local, bem como o sistema de representação proporcional;

i) O pluralismo de expressão e organização política, incluindo partidos políticos, e o direito de oposição democrática;

j) A separação e a interdependência dos órgãos de soberania;

l) A fiscalização da constitucionalidade por acção ou por omissão de normas jurídicas;

m) A independência dos tribunais;

n) A autonomia das autarquias locais;

o) A autonomia político-administrativa dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.

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