6.1.22

A líder do BE e o anticomunismo


A líder do BE, no debate televisivo com o líder do PSD, decidiu fazer uma declaração de anticomunismo escolhendo como alvo o Partido Comunista da China.
Acusou o PSD de  “ter entregue ao Partido Comunista da China”, a Fidelidade e a REN.

A Fidelidade foi comprada pela FOSUN, que é uma empresa privada chinesa, criada por quatro jovens universitários, no âmbito do processo de Reforma e Abertura da República Popular da China.

A estrutura acionista da REN é composta maioritariamente por acionistas privados, de acordo com a seguinte proporcionalidade e origem:

Pontegadea Inversiones/Zara, Espanha                         12% da REN

Lazard Asset Management, USA/ Hamilton, Bermudas  7% da REN

Red Electrica Internacional SAL, Espanha (Estatal)      5%  da REN

Great-West Lifeco Inc., Canadá                                        3,7% da REN

Total……………………………………………………  27,7%

Outros:                                                                              41,4% da REN

Fidelidade, FOSUN, China                                                 5,3% da REN

State Grid Corporation of China,                                      25%  da REN

A State Grid, o maior acionista identificado,  é uma empresa estatal da República Popular da China, cuja “missão é fornecer energia mais segura, mais limpa, mais econômica e sustentável”, que investiu e opera com sucesso redes de energia em nove países e regiões, incluindo três países da União Europeia_  Portugal, Itália, Grécia, além do  Omã, Chile, Brasil, Filipinas, Austrália e Hong Kong China.

Adicionalmente, assinou acordos-quadro de cooperação em Energias Renováveis com a Électricité de France (EDF), a Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), a Agência Alemã de Energia (dena), a Energinet, a agência nacional da Dinamarca e a REN.

Um líder político, sustentado a tempo inteiro pelo estado democrático,  tem tempo disponível e obrigação de estudar as questões políticas e saber do que fala.

Planear e  previamente preparar, para a propaganda eleitoral,  como recurso de captação de votos, uma declaração anticomunista, assente em preposições falsas, não serve para elevar a consciência política dos cidadãos e  a qualidade ética do debate.

Mas passa incólume…ao juízo crítico dos jornalistas e comentadores, dos militantes e cidadãos eleitores…ou não!

15 comentários:

Unknown disse...

Ao que tu chegaste Queiroz:propagandista da China. Não é verdade que quem é maioritário na ren é na EDP é o Estado chinês? Dizer isso é anticomunista? O que devias reclamar era contra a privatização da ren e EDP 2 empresas estratégicas e não vires com a treta do anticomunismo. Ao que tu chegaste porra.

luis Costa disse...

Falar do imperialismo economico/financeiro é uma obrigação de quem pensa como anti-capitalista. Considerar hoje o regime capitalista de estado da China dos seus protegidos capitalistas nacionais, como sendo um país comunista é uma ousadia de bradar aos "céus"

António dos Santos Queirós disse...

Resposta a Unknown
Se me perguntas o que penso sobre a privatização da EDP e da REN , repondo que estas empresas .devem pertencer ao estado democrático liberal ou socialista.
E não, não é o estado chinês que é maioritário na EDP e na REN. É uma notícia falsa, repetida á saciedade. Como é falsa é a afirmação da líder do BE de que a FOSUN é uma empresa estatal chinesa e do PCCh
A EDP tem 150.000 acionistas e quando a CTG chinesa comprou os 23,75% do que restava das ações do estado português, superou no concurso a empresa alemã que ofer4ecia metade do valor pago pelos chineses. Nessa altura, a maioria das ações já pertencia a grupos de acionistas estrangeiros, com destaque para um fundo abutre, denominado Capital Group, que detinha então 17% do capital. E a EDP tinha um serviço de dívida anual de mil milhões de euros, num contexto de crise austeritária onde nenhum banco, lhe emprestava esse dinheiro, nem o governo de Passos estava autorizado a fazê-lo pela União Europeia. A CGT chinesa pagou o dobro e emprestou à EDP mil e oitocentos milhões de euros, a juros simbólicos, impedindo assim que entrasse em incumprimento. Só por estas razões a EDP não foi entregue, a preço de saldo, à Alemanha.
Tudo isto continua a ser escamoteado.
Mas o caso é outro: A líder do BE insurge-se contra o acionista da REN que identifica como empresa do Partido Comunista Chinês e omite que a maior parte das ações estão nas mãos de outros acionistas privados, fundos de investimento, bancos de investimento e até de uma empresa que pertence ao estado espanhol.
E tem sido assim; jornalistas, políticos, investigadores, políticos, banqueiros, empresários… quase todos, omitem o facto que esses acionistas privados são largamente maioritários e são eles que em Assembleia de Acionistas têm poder de decisão. A empresa estatal chinesa é o maior acionista da REN, mas não é ela que possui o poder de decisão.
Enfim, tanto quanto sei, não existe nenhuma evidência de que nos órgãos dirigentes do BE e muito menos com os seus militantes, alguma vez tenha sido discutido a origem e a natureza da República Popular da China. Não conheço documentos, resoluções, nada.
Mas no seu jornal, no Esquerda.NET, vão saindo artigos, em regra copiados de autores que abertamente se apresentam como opositores do “Socialismo com Caraterísticas Chinesas”., sem verificação das fontes nem contraditório, tal como acontece na generalidade da comunicação social.
Na altura do debate do último congresso do BE enviei a esse jornal um artigo fazendo uma análise crítica das várias moções, construtivo, onde colocava a questão da subestimação do debate da situação internacional, que, historicamente, foi trágica para as correntes progressistas do nosso país e incluía o tema da China. Esse artigo nunca foi publicado e, apesar da minha insistência, não tive direito sequer a uma explicação do porquê.
Enfim, e se estes debates te interessam realmente, encontras esse artigo e tens oportunidade de conheceres outras fontes, que resultam do meu trabalho de investigação, mas também de mais de 50 anos de vivência política, neste blogue, mas também neste outro: https://philoetichal.blogspot.com/
E poderás avaliar ao que chegámos. Eu estou onde sempre estive: jamais apoiarei um partido que faça profissão de fé do anticomunismo.

António dos Santos Queirós disse...

Ao Luís Costa
A minha posição sobre a República Popular da China resulta de mais de cinquenta anos de estudo, vivência política e investigação. Não é a autoridade deste longo período que invoco, mas o reconhecimento de que, no seu percurso, cometi muitos erros de análise e avaliação da China.
A única vantagem que tenho, sobre as opiniões agora dominantes, é que julgo saber onde, como e quem contribui para os meus enganos. A primeira resposta é paradoxal: a informação dogmática, parcial e errónea, veio-me sobretudo da esquerda. As campanhas anticomunistas e as notícias falsas fabricadas durante a Guerra Fria_ que nunca foi suspensa nem terminou, eram mais óbvias. Lembras-te, com certeza, como nos foi apresentado o novo “revisionismo” chinês: Como materializado na Teoria dos 3 Mundos, de Deng Chiao Ping. Mas não nos foi dito que essa teoria era acompanhada pela defesa dos 4 princípios, que faziam parte integrante da mesma linha política…Adiante:
A China é um país com um estado comunista? A resposta é não. Já o escrevi muitas vezes: não há nenhum teórico do comunismo que proclame o devir desse tipo de estado. O regime comunista, no seu projeto ou utopia, pressupõe a abolição do estado, incluindo o estado socialista. O conceito de estado comunista foi criado pelo inimigos do comunismo, os mesmos que proclamaram o fim da história, esgotada na democracia liberal.
O que afirmo é que, se a experiência histórica da fundação da RPCh constitui um episódio singular no devir das nações, então as hermenêuticas da doutrina liberal e da doutrina soviética (leia-se: URSS) são inadequadas para definir este regime e é preciso criar um novo aparelho conceptual para entender o “Socialismo com Características Chinesas”. Não há afinal, um modelo de socialismo, há socialismos.
Porque recuso classificar a RPCh, como capitalismo de estado e autocracia:
A RPCh tirou da pobreza extrema 850 milhões de cidadãos e gerou uma classe média que já se aproxima de 500 milhões, coexistindo com 3 milhões de milionários. Criou um sistema de segurança social com todos os direitos das democracias mais avançadas e mais um, o direito à habitação. Alfabetizou toda a nação e abriu-lhe as portas da educação a todos os níveis. Mais do que duplicou a esperança de vida. Promoveu a igualdade constitucional, política e social, entre as 56 nacionalidades. Isto é: distribuiu a riqueza criada entre o povo.
Preservou, na Constituição e nos órgãos de poder, a aliança que derrotou o ocupação japonesa, entre o PCCh e os oito partidos democráticos, isto é, na Assembleia Nacional e na Conferência Consultiva Política do Povo Chinês. Assegurou, com o desenvolvimento de cerca de uma centena de grandes empresas estatais planificadas ,que o capital privado poderia desenvolver-se, mas não se tornava hegemónico. Preservou a propriedade dos camponeses e a propriedade pública sobre a terra…Elaborou e levou à prática uma política internacional assente nos cinco princípios da coexistência pacífica…Como resultado o PCCh cresceu até 92 milhões de membros e 78 milhões na juventude comunista. Os 8 partidos democráticos também cresceram, mas situam-se nos 1,2 milhões de membros…. Estes dados são reconhecidos por todas as instituições democráticas e fundamentam a hegemonia, auto limitada pela Constituição e o sistema de consulta e assembleias populares eleitas por todos os cidadãos.
Tudo isto é mais complexo do que este resumo, mas tenho-me preocupado em fundamentar o conhecimento da RPCh e o pensamento crítico sobre o mundo onde vivemos, naquilo que escrevo. Mandei-te um livro, em troca do que me ofereceste, tenho muito material publicado a que este blogue acede, mas também outras plataformas, académicas e não académicas, nacionais e internacionais, escrutinados política e cientificamente: estão á tua disposição:
https://philoetichal.blogspot.com/
https://ulisboa.academia.edu/Ant%C3%B3nioSQueir%C3%B3s

Rodrigues disse...

Queiroz na tua resposta não dementes que o estudo chinês e accionista maioritário da ren e EDP é recebe parte de leão dos lucros conseguidos pelos trabalhadores dessas empresas. O resto é propaganda barata chinesa.
Quanto ao considerares o BE anticomunista lamento que tenhas passado para o "outro lado" para o lado das forças UE em tempos combatentes. Sobre isso só te posso aconselhar um banho frio nko Mondego, lá na nossa terra para refrescar-se as ideias

luis Costa disse...

Queiroz, acusar/criticar alguém de anticomunista por criticar o estado português de na privatização de uma empresa estratégica vender uma alta percentagem a uma empresa do estado chinês é uma grande ousadia. Mais aais quando defendes que este tipo de empresas sejam pertença do estado.
Sabes acredito que seja hoje uma grande confusão saber o que é um país socialista.
Depois de golpes, purgas, gulags, revolução cultural, grupo dos quatro e tanto mais, o chamado campo socialista infelizmente só oferece escuridão e confusão. Não são palavras vazias como mil flores a desabrochar, três mundos e quatro directivas, alíneas ou parágrafos que vão trazer luz, mesmo a quem anda há cinquenta anos a estudar.
Também comecei há 52 anos a ler e procurar entender um caminho de luz anti-capitalista e chegado aqui não sei bem que caminho para o socialismo.
Mas depois ter ter nascido pobre numa aldeia de camponeses pobres onde a miséria tinha foros de cidadania, depois de ter trabalhado como operário numa empresa do Grupo monopolista CUF, depois de ter trabalhado como comercial, estratega de marketing e director comercial em duas multinacionais farmacêuticas, há uma coisa que eu sei: Sei o que é o capitalismo, e a China actual é capitalista.
Argumentas com os progressos económicos da China: milhões que saíram da miséria;nova classe media;e até milionários vê lá. E dizes mais das conquistas sociais. Mas tudo isso não são indicadores de socialismo. Não dizem nada quanto às relações de produção, apropriação de mais valis, lucro gerado e sua aplicação etc.
O sistema chinês começou por deixar entrar multinacionais, criou magnatas internos do partido e não sei se fora dele o que eu duvido. Explora outros povos como eu já em Moçambique onde fui inúmeras vezes trabalhar com milhares de camiões a sacar madeiras rara de floresta do o país, e sure o pescado, exporta trabalhadores em múltiplos projectos com os africanos a ficarem dependentes, como eu já vi aos milhares em Angola. Etc.
Enfim. Tudo o que os chineses já conseguiram também os diferentes países capitalistas conseguiram. Também Portugal, desde quando eu era uma criança pobre numa aldeia com miséria,tirou milhares da miséria, cresceu a classe média, produziu milionários e promoveu direitos sociais. Também por exemplo a Alemanha à saída da guerra com a ajuda de capital capitalista americano é não só saiu de uma situação miserável para florescimento com milhares a sair da miséria, classe média faíscante, milionários a dar com pau. Também os nórdicos conseguiram "milagres", etc. Etc.
Não vou ler os teus materiais.
Tu pelos vistos sabes muito sobre o socialismo chinês e perdeste o norte ao que é capitalismo.
Eu pelo contrário sei nada sobre o socialismo chinês mas sei bem o que é capitalismo.
Não merece a pena mais bate papo.
Continuemos amigos.
Abraço.

AdSQ disse...

Resposta a Rodrigues
Há uma grande diferença entre focar a atenção num acionista, que é o maior, mas não tem a maioria das ações, omitindo a existência dos outros, que são largamente maioritários, ou pôr a claro toda a estrutura acionista, que supera largamente esse acionista. Isso chama-se manipulação da informação e propaganda tendenciosa, que foi lançada inicialmente pela direita hostil ao PCCh. .
O conjunto de acionistas exploram o trabalho e partilham os lucros dessa exploração. Mas o resto não é propaganda barata, é a revelação de todos os grupos de interesses e acionistas, que ninguém faz, nem jornalistas ditos de investigação, nem associações empresariais, nem políticos profissionais… preocupadíssimos com a defesa das “nossas” empresas estratégicas. E é denúncia, de que nessa maioria de acionistas privados pontificavam e pontificam ainda, os chamados fundos abutre e obscuros fundos financeiros, que não criam empregos, não contribuem com parcerias económicas, técnicas ou científicas…e podem afundar o valor de uma empresa com manobras especulativas bolsistas.
Neste contexto, as afirmações da líder do BE, que são falsas pela afirmativa_ a FOSUM é uma empresa privada e não estatal, e a REN não foi entregue a uma empresa do PCCh, mas a vários grupos multinacionais que superam o valor do capital da empresa estatal chinesa, essas afirmações, falseiam a realidade também por omissão. A líder recorreu ao mesmo discurso e à mesma técnica de comunicação que a direita usou e vai continuar a usar, para privatizar e hipotecar ao preço da chuva as empresas e serviços do estado democrático, e as riquezas nacionais, favorecendo na concorrência os grupos económicos e fundos internacionais que não preservam nem postos de trabalho, nem condições ambientais, nem trazem benefícios mútuos.
“Quanto ao considerares o BE anticomunista”, alto lá, Manel. Eu não confundo o líder com o partido, nem o discurso com a natureza política da oradora. Essa afirmação é tua e as conclusões fora do contexto. Respondi ao comentário do Unknow, que face á minha crítica do discurso da líder, me colocou logo no lugar dos apoiantes das desnacionalizações. Respondi que estou onde sempre estive e que nunca apoiaria um partido que faça profissão de fé anticomunista.
É uma afirmação de principio, previamente clarificada: esse discurso eleitoral que faz do Partido Comunista da China o inimigo a combater no domínio das privatizações e investimentos, alimenta objetivamente o anticomunismo que está latente no Portugal e no mundo das democracias liberais, e desvia a consciência política cidadã da descoberta dos novos e as e maiores exploradores das riquezas e do trabalho dos portugueses: o chamado investimento estrangeiro, que em muitos casos é de facto tomada de ativos. O capital dos novos donos de Portugal é proveniente do capitalismo internacional e não da China, numa percentagem de cerca de 94%, se tomarmos como referência a época que se iniciou com as privatizações e mesmo o último decénio.
A avaliação que faço da natureza política do BE é do teu conhecimento e pública, foi elaborada recentemente e enviada para o jornal Esquerda.net, que não a publicou, mas que ainda assim divulguei “ dirigida a todos aqueles que se preocupam com a continuidade do BE como força política democrática e progressista”. Nela se encontra uma crítica ao modo sumário como a liderança do BE avalia a situação internacional e a preocupação com a falta de fundamentação política e debate interno, sobre questões como a natureza do regime político da China... (continua)

AdSQ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AdSQ disse...

...(continuação)
Esse discurso não faz do BE, nem da sua líder, uma força política e uma propagandista do anticomunismo. Mais… a minha crítica é exatamente para confrontar os militantes e simpatizantes do BE com o risco e as consequências políticas deste tipo de propaganda eleitoral. Quando a líder intervém, num debate televisivo, fala em nome do partido, o que lá diz compromete o partido, projeta uma posição que se torna na sua mensagem política.
Podia dizer que me surpreende a facilidade com que dois camaradas me ferram o anátema do lugar “ao que tu chegaste” e o “lamento que tenhas passado para o "outro lado" para o lado das forças UE que em tempos combateste”, mas, sinceramente, apenas me preocupa que não se questionem sobre “Os Sinais de Fogo” que me ferem. Pergunto-me, como a mulher do romance de Saramago sobre a Cegueira_ a qual, conservou a visão enquanto à sua volta as pessoas cegavam inexplicavelmente, e, na sua últimas página ,assiste á recuperação da vista dessa gente toda, que se interroga, se está a cegar!
Responde-me o poeta O’Neill!
“Ó formiga operosa,
julgas-te mais do que a cigarra?”

Unknown disse...

Não vou discutir contigo se a China é o "farol do socialismo" nem foi essa questão que me indignou. Foi tu considerares a intervenção da Catarina como anticomunista. Meteste o pé na poça. Devemos estar todos cegos e tu és o único com olhos a abertos para ver na intervenção da Catarina anticomunismo.Foste longe de mais. Devias autocrítica-te.

Unknown disse...

Consideras-te e continuas a considerar a intervenção da Catarina como anticomunista. A direita sempre em guerra contra as empresas estatais deu o controle de 2 empresas estratégicas ao controlo indirecto do partido comunista chinês. Para ti pelos vistos foi uma boa política... Porque foi para favorecer a República Popular da China.
Não quero discutir contigo se a China é ou não o "farol do socialismo". O que me indignou foi catologares a intervenção da Catarina de anticomunista. Foste londe de mais. Devias autocrítica-te pois pelos vistos o banho frio lá no rio em Celorico já não te faz efeito. Somos todos cegos tu és o único que vê a Catarina como anticomunista.

AdSQ disse...

Réplica a Unknown
Na resposta a R. escrevi:
Esse discurso eleitoral que faz do Partido Comunista da China o inimigo a combater no domínio das privatizações e investimentos, alimenta objetivamente o anticomunismo que está latente no Portugal e no mundo das democracias liberais, e desvia a consciência política cidadã da descoberta dos novos e maiores exploradores das riquezas e do trabalho dos portugueses: o chamado investimento estrangeiro, que em muitos casos é de facto tomada de ativos. O capital dos novos donos de Portugal é proveniente do capitalismo internacional e não da China, numa percentagem de cerca de 94%, se tomarmos como referência a época que se iniciou com as privatizações e mesmo o último decénio.
E acrescentei:
Esse discurso não faz do BE, nem da sua líder, uma força política e uma propagandista do anticomunismo.
…as afirmações da líder do BE, que são falsas pela afirmativa_ a FOSUM é uma empresa privada e não estatal, e a REN não foi entregue a uma empresa do PCCh, mas a vários grupos multinacionais que superam o valor do capital da empresa estatal chinesa, essas afirmações, falseiam a realidade também por omissão. A líder recorreu ao mesmo discurso e à mesma técnica de comunicação que a direita usou…foi esse o argumento, na forma e no centeúdo, do então presidente do BPI, para favorecer a vitória da proposta Alemã_ que era metade do valor da chinesa e não incluía nenhum compromisso de ajuda financeira e de parceria estratégica.
A denúncia deste facto, não significa que seja a favor dessa privatização, concluir isso, é forçar a nota. A chacota do R. foi ainda mais longe: “lamento que tenhas passado para o "outro lado" para o lado das forças UE que em tempos combatentes” É o comentário mais lamentável e bizarro que pude ler aqui. Então, sou um partidário das políticas da UE (capitalistas, presumo) porque é suposto apoiar as privatizações em favor do PCCh!? Absurdo.
Voltemos ao debate, dispensando o insulto gratuito, que bloqueia o pensamento crítico, desvia o debate político e envenena a camaradagem e as amizades.
Como tentei mostrar, através da composição acionista, cerca de 70% do capital da REN ou da EDP pertence a grupos de acionistas e outros privados que representam o capital privado internacional. Portanto, a empresa chinesa não controla a maioria do capital, nem uma empresa estatal na China é do PCCh essa é uma ideia proveniente da direita. O estado socialista da China, não é o estado de um só partido_ nem nunca o foi, fundaram-no também 8 partidos democrático integrantes da Frente Popular e democratas sem partido.
As empresas do estado seguem o plano quinquenal aprovado pela Assembleia Nacional Popular, eleita por todos os cidadãos chineses e onde têm assento os deputados eleitos de todos os partidos, os independentes e os representando das 56 nacionalidades da RPCh. Plano que está sujeito ao debate e às propostas da Conferência Política Consultiva do Povo Chinês, igualmente eleita, representando todos os seus setores sociais e onde, para ser consultiva, os delgados comunistas são minoritários. Numa fase recente do processo de Reforma e Abertura, as empresas estatais foram abertas á participação de acionistas privados, às poupanças do cidadão comum da China, sem perda da sua natureza política.
A hegemonia do PCCh não foi imposta ao povo chinês, resulta do papel do partido na resistência à ocupação japonesa, derrotada à custa de mais de 35 milhões de baixas e de uma guerra civil contra a fação militarista do Kuomitang, apoiada pelos EUA, que recusava a reforma agrária e a implantação na China de um governo representativo de todas as forças democráticas nacionais. Já na Nova Democracia, é fruto do crescente apoio popular à política do Socialismo Com Caraterísticas Chinesas., há vinte anos redefinido como Socialismo Ecológico
(continua)

AdSQ disse...

(continuação)
No debate que mantive com o LC, sobre o meu artigo, fiz uma descrição das razões por que não aceito a classificação de “ditadura” aplicada à RPCh , que é a linha oficial do BE ou “capitalismo de estado” e o LC respondeu com outros argumentos políticos, que fundamentam a sua posição.
Anota que mesmo a Time americana oi o Senado dos EUA, não querendo reconhecer que os sucessos da China são socialistas, definem o regime chinês como semidemocrático e semiautoritário, ou então como diferente dos demais regimes conhecidos, sem o caraterizar realmente. A classificação de ditadura, foi cunhada durante a Guerra Fria e eis que a reencontro reproduzida num documento essencial do BE!
Mas disse mais e não menos importante, no que concerne ao BE: que não conheço nenhuma resolução política, nenhum debate interno, onde dirigentes e ativistas fundamentem a sua posição hostil à RPCh, nem sei se alguma vez debateram a natureza política da RPCh. E disse ainda, que tenho lido, no Esquerda. NET_ que não publicou a ninha análise das Moções em confronto na última Convenção do BE, um conjunto de artigos, normalmente de autores doutros países, que são claramente hostis ao PCCh.
Tens a certeza, que ao contrário do que me aconteceu no passado, em que cometi erros graves de análise da China por desconhecimento, informações parciais ou mesmo tendenciosas, que me chegaram da esquerda, a que chamo dogmática, estás seguro, que as tuas fontes, que te levaram, a ti e aos teus camaradas, a fazer um mau juízo sobre a RPCh, são fidedignas? Assentam no conhecimento da história contemporânea da China, emergem na comunicação social, na academia e nas redes sociais como notícias verdadeiras, escrutinadas, e sujeitas ao contraditório?

Unknown disse...

Queiroz, continuas a considerar a intervenção da Catarina como anticomunista. Estás errado. A intervenção era para combater o PSD por ter privatizado 2 empresas estratégicas. Mas para ti mal tocam na China nem que seja de raspão saltas logo. Conheço-te há 45 anos fomos camaradas e somos patrícios. Durante 30 anos foste crítico da China. Nós últimos 10 anos viras-te defensor acérrimo do socialismo chinês. Não concordei mas respeitei sempre a tua opinião. Agora vires considerar a líder de partido de esquerda a que não pertenço mas em quem voto como anticomunista para mim é demais. Meteste água. Quando acima referi"as forças da UE, queria dizer as forças Que combateste". Já agora para terminar este debate (podemos mais tarde continuar à volta de um prato de cabrito assado na nossa terra) dizer-te como Beirão põe-te apau:quando voltares a ter espírito crítico em relação à China, "eles" largam-te da mão na melhor das hipóteses. Na pior podes ir parar ao"arrozal"

AdSQ disse...

Mensagem final para Unknown
Na minha terra, que, afinal é a tua, diz-se que há um ler e doís entenderes, mas também que há ler e tresler.
Neste debate, coube-te a fatia maior do tresler: se estou errado ao considerar que a intervenção da Catarina objetivamente alimenta um sentimento anticomunista centrado no PCCh, eis um debate que aceitei e a que tentei responder. Outra coisa, é desviar a discussão para o que eu nunca disse: que esse discurso faz da líder do BE uma anticomunista.
Mas continuas a misturar as duas coisas. Isso é mau para o debate político, que eu quis e quero suscitar, sobre a profunda mudança que está em curso na situação internacional, o qual, acho, estar s passar ao lado dos partidos democráticos, sejam liberais, social-democratas ou comunista…e destas eleições.
Contudo, e bem perto desta jangada de pedra, mudou a natureza da guerra, a guerra económica transforma-se em conflito militar, a crise ambiental em crise geral da nossa civilização, a democracia liberal em novos regimes autoritários… E eu tenho ainda um testemunho de vida para dar, sem medo nem ambição.
Será uma má notícia para a democracia portuguesa, se o BE perder apoio nas próximas eleições. Paradoxalmente, tenho a convicção que tentei contribuir para o evitar, mesmo que os seus líderes, ativistas, eleitores, disso nunca venham a ter consciência...
O que eu penso sobre a China é irrelevante neste contexto, mas o que resulta do meu trabalho de investigação, que tem um suporte científico e é escrutinado internacionalmente, pode ser útil aos partidos democráticos, em sentido lato. E às nações? Aos povos?
Perante o poder da propaganda de uns e a autossuficiência de outros, pegando na tua metáfora do Mondego, o mais provável é que eu esteja, afinal, a escrever na areia!