24.1.22

A causa primeira do empobrecimento do país, “em gente e cabedais” (2)

 

Se procurarmos a causa primeira do atraso do país e do êxodo dos seus novos emigrantes, instruídos e cultos, na época da primeira globalização liderada pelo capital financeiro dos EUA e ocidental, ela reside na descapitalização do estado democrático (juros de empréstimos, parcerias público-privadas, desnacionalizações, seguidas de salvação de bancos e grandes empresas privadas, para reprivatizar). Na descapitalização da economia produtiva empresarial (a dívida das empresas é mais do que o dobro da dívida pública) e na sua entrega maioritariamente ao capital estrangeiro parasitário e especulativo, acompanhada pela quase aniquilação da banca do país. E na descapitalização das famílias, pela banca. Em paralelo, na destruição do setor empresarial do estado, que ficou sem força económica para ordenar e corrigir as distorções e falhas do mercado.

No emergir de um novo quadro político, caraterizado pela severa limitação dos principais instrumentos de soberania nacional: a perda de autonomia do orçamento da República, a moeda nacional substituída pela moeda única do Euro, criada por iniciativa dos governos da Alemanha e da França, para financiar a absorção da antiga RDA e a expansão  dos negócios para Leste. E caraterizado ainda pela institucionalização do Federalismo Financeiro e Burocrático como regime político da União Europeia, consagrado pelo tratado de Maastrich e governado pelos partidos de Centro-Direita, que são quem controla a Comissão Europeia e a maioria dos comissários europeus.  

Esta é  o modelo de governo dominaste da UE, a UE de centro-direita, apoiada pelos partidos social-democratas! A União Europeia acima das ideologias políticas é uma falácia, e quem controla os seus representantes políticos é o capital financeiro, o seu programa económico é o do neoliberalismo. Os países menos desenvolvidos ficaram sujeitos a um estatuto semicolonial, O poder dos burocratas é superior às Assembleias Nacionais e ao Parlamento Europeu e estende-se à aprovação dos Orçamentos desses estados; determina até as decisões da sua gestão corrente, como é exemplo,  em período de baixa no mercado, a venda precipitada e ao desbarato dos bancos portugueses falidos_ BES, BANIF, BCP…e outros ativos, que eram as jóias do capital privado nacional e do estado democrático.

O afluxo de capital internacional ao bancos alemães e a outros grandes bancos europeus e às suas praças financeiras e paraísos fiscais, permitiu-lhes crescer e conquistar mercados com abundância de capital a baixos juros, que, no dealbar da crise do COVID19, caíram mesmo para valores negativos.

Mas a nova crise económica e financeira já lavrava antes da crise do COVID e, desta vez, tendo a Alemanha como epicentro e os EUA no horizonte próximo.

Nos EUA, no Japão e no Reino Unido o crescimento económico assentou na expansão do crédito e na  aumento da emissão de papel-moeda, na sobre produção de bens e serviços, e, particularmente nos EUA, à  custa de incomensuráveis custos ambientais, repetindo o ciclo infernal que se inicia com a política de expansão monetária, baixa de juros e excesso de liquidez e conduz ao crescimento da dívida global e a nova crise de sobreprodução e ao colapso do sistema financeiro, que arrasta consigo a economia e a soberania dos estados.

Agravada pela saída dos capitais da economia real, das empresas e mesmo dos bancos, para poderosos Fundos Financeiros não escrutináveis, para a compra de obscuros “produtos derivados” e títulos de Dívida Soberana ,  entidades financeiras que não criam nem mercado, nem postos de trabalho, nem inovação, nem impostos significativos…

O protecionismo americano dirigido contra a economia da China, provocou colateralmente a contração do comércio mundial e graves danos na economia da União Europeia, que tem na China o seu principal mercado.

Nota: O PIB da China apenas depende em 18,26%  (2018),  da exportação, numa tendência decrescente que, no período de 10 anos baixou de 31,15% para aquele valor,  ao contrário, o PIB europeu depende em grande medida  das exportações. Veja-se o caso das suas maiores economias: a Alemanha, 38,71% (2019), França, 21,04% (2019), Itália, 26,62%, Espanha, 23,94%,   mas não do Reino Unido, 16,61% (2019)

Como resultado: A Alemanha apresentava um PIB estagnado e negativo em 2019

Os 17 bancos gigantes, que dominavam a primeira globalização, assediados pela concorrência desleal dos Fundos Abutre, em vez de exigirem uma regulação da sua atividade, optaram por copiar a sua estratégia e  métodos, despedaçando o volante regulador da atividade financeira, que agora é uma locomotiva alucinada em marcha cega para o desastre da próxima crise, que já se anuncia no crescimento da inflação e na subida geram do juros.

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