10.12.19

PORTUGAL ELEIÇÕES 2019: LEITURA POLÍTICA DOS RESULTADOS




AQUI SE ESPELHAM TODAS AS TENDÊNCIAS POLÍTICAS EUROPEIAS, NA RELATIVA CALMA QUE ANTECEDE A NOVA CRISE FINANCEIRA.

Os votos totais do PS representam 20% do eleitorado. Este valor significa que o povo português não quer que governe sozinho.

Essa é a primeira razão para o PS dar continuidade à anterior aliança política. Com ela, aumenta a base de apoio do seu governo.
Em nome dessa estratégia, elegeu o Livre o seu primeiro deputado, em Lisboa, onde a cultura política é mais elevada e que representa a corrente europeísta democrática, que cresceu em toda a União Europeia, contra a aliança de conservadores e socialistas, que geraram a Troika e contra os ultra nacionalistas autoritários, que tomam o poder no Leste e crescem no centro e sul da Europa (a Itália), em consonância e com o apoio efetivo do governo de Trump.
A segunda razão para renovar a aliança, é que os partidos socialistas estão a desaparecer na Europa, o mais poderoso financeiramente, o Alemão e aquele que representava um maior apoio popular num país avançado, o francês.
Aquela aliança e um programa mínimo de defesa dos direitos democráticos, deu ao PS uma maior sobrevida e esperança ao que resta da Internacional Socialista europeia..
A queda do PCP não se deve à aliança com o PS, mas, sobretudo, à falta de uma alternativa de socialismo, mais do que para Portugal, para o mundo! E ao progressivo desaparecimento das cinturas industriais e das suas cidades dormitório, tal como da grande massa de proletários rurais portugueses (No mundo rural, já predominam outra vez os novos proletários, mas muitos são imigrantes ou pertencem a uma outra geração).
A estagnação do BE é o preço a pagar por demasiado investimento no trabalho eleitoral e muito pouco nas grandes causas da humanidade; a mobilização nacional contra os juros usurários que se abatem sobre o estado democrático, as empresas, as famílias e os próprios bancos nacionais, a causa da paz, a crise ambiental ( a colagem à causa ambiental, por ser utilitarista, não é credível…)
Da projeção internacional da causa ambiental e do trabalho de formiga, mesmo que ás vezes pareça radical ou seja, de facto, mal fundamentado ou explicado, beneficiou o PAM.
O campo político do centro direita foi salvo da derrocada pela ação dos novos dirigentes do PSD, que recentraram o partido, com algumas propostas democráticas.
Pagaram justamente o apoio (não apenas em Portugal mas também na União Europeia) à política neocolonial e austeritária da Troika, e o erro de chamar “geringonça” (coisa frágil que se desconjuntaria) à aliança do PS, PCP_PEV, que primeiro a propôs e viabilizou e do BE, erro que persiste.
Esta aliança foi possível e durável, porque as bases desses partidos o exigiam e os seus dirigentes tinham consciência da deriva para a catástrofe das políticas austeritárias do grupo dirigente Passos-Portas.
Do PSD e do CDS, como está a acontecer em toda a Europa, saíram os germes dos novos partidos de direita, numa via democrática liberal, o Iniciativa Liberal e numa via autoritária, o Basta.
Enquanto o PCP mantiver a sua base trabalhadora, ele que é o mais nacional e patriótico partido, e o seu programa, propostas e ideário, a extrema direita será residual no nosso país e não ganhará base popular
Pela primeira vez na nossa história contemporânea, somos plenamente europeus, temos representadas no parlamento todas as tendências políticas que a globalização e as suas crises cíclicas fraturaram e fizeram nascer.
Essa nova crise financeira é inevitável e aproxima-se, irá desfazer este equilíbrio dinâmico: a sua primeira vítima, será então a política europeia do ministro Centeno e de António Costa.
A violência da nova crise terá a força de um tsunami, trará consequências dramáticas para os direitos democráticos do povo português, para as suas empresas descapitalizadas e para a democracia e a paz na Europa. Todos os partidos que a cavalgarem, serão depois engolidos por ela.
A nossa esperança, é diversificar as exportações nacionais para fora da Europa, desenvolver o mercado interno através da erradicação da pobreza, a sua maior alavanca, guardar a aliança que viabilizou o anterior governo e a sua política democrática e ampliá-la, indo até aos setores democráticos do centro direita ( quando a crise se anunciar).
E esperar que os povos europeus e os países que defendem a paz e cooperação internacional nos acompanhem, a República Popular da China, em primeiro lugar. Pois são o FMI e o Banco Mundial quem proclama:” Without China, the world will be in recession!”

"According to the International Monetary Fund _ the official arbiter of global economic metrics _ the Chinese economy accounts for 17.3 percent of world GDP (measured on a purchasing-power-parity basis). A 6.7 percent increase in China's real GDP thus translates into about 1.2 percentage points of world growth.
Absent China, that contribution would need to be subtracted from the IMF's downwardly revised 3.1 percent estimate for world GDP growth in 2016, dragging it down to 1.9 percent _ well below the 2.5 percent threshold commonly associated with global recessions..".

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