A crise sanitária permitirá revelar a verdadeira natureza política dos regimes que governam o mundo
3.
“A estratégia sem tática é o caminho mais lento para a vitória. A tática sem estratégia é o estertor antes da derrota.” (Sun Tsu, A Arte da Guerra)
A declaração do FMI e do Banco Mundial sobre o perdão da dívida dos países pobres não pode cair em saco roto e a Carta dos 9 primeiros-ministros ao Conselho da Europa, também não.
Ela preconiza uma estratégia
comum no combate à pandemia e pela saúde na Europa e a criação de um fundo
comum de financiamento, contra a lógica dos mercados especuladores que a Troika
e os seus partidários canonizaram, para desgraça das políticas socias da Europa
e dos seus Serviços Nacionais de Saúde.
Leia em anexo a carta, assinada
por LSophie Wilmès, primeira ministra de Bélgica; Emmanuel Macron, presidente
da República Francesa; Kyriakos Mitsotakis, primeiro ministro de Grecia; Leo
Varadkar, primeiro ministro de Irlanda; Giuseppe Conte, primeiro ministro de
Italia; Xavier Bettel, primeiro ministro de Luxemburgo; António Costa, primeiro
ministro de Portugal; Janez Janša, primeiro ministro de Eslovenia, y Pedro
Sánchez, presidente do Governo de España.
Mas na reunião do Conselho como
no Eurogrupo a divisão tornou-se clara. Países como a Holanda (que pratica o
dumping fiscal e recebe os impostos das 20 maiores empresas portuguesas, que
para lá transferiram as suas sedes fiscais), a Áustria e a Finlândia opõem-se a
qualquer tipo de mecanismo comum para evitar uma crise económica e social. A
Alemanha está mais próxima deste grupo de países, mas dividida: economistas tão
diferentes como Michael Hüther, o responsável do instituto de pesquisa
patronal, o líder do IFO, o liberal Clemens Fuest, e o dirigente do Instituto
de Política Marcroeconómica, Sebastian Dullien, entre outros, exigiram
"que os países da zona euro emitissem obrigações conjuntas no valor de mil
biliões de euros (cerca de 8% do produto interno bruto da zona euro), limitadas
a esta crise".
Em Portugal, expressando a
necessidade política de uma frente única, partidos e Presidência da República, as
associações empresariais e sindicais, o Banco de Portugal, unem-se em torno
deste caminho.
Mas, em Portugal, os juros da
dívida soberana, impostos pela Troika e outros obscuros financiadores que
permanecem na sombra, com o argumento de que acabara o tempo do dinheiro
barato, em Portugal ainda representam 7.000.000 milhões de euros/ano, tal como
os juros pagos pelos bancos nacionais aos grandes bancos e fundos financeiros
internacionais, das empresas aos bancos e das famílias aos bancos, têm de ser
renegociados, sem o que nem os países, nem as empresas e os bancos nacionais,
nem as famílias, poderão recuperar a economia. Para este combate as nações
pobres e dependentes e todos os povos, têm de estar Unidos como os Dedos da
Mão.
O mecanismo de "cooperação
reforçada" permite a mais de nove países iniciar uma política comum, mesmo
que outros Estados se lhe oponham. Hoje já são treze. Algumas políticas comuns
importantes - como o acordo de Schengen - começaram assim. É isso que defende,
por Carsten Brzeski, do ING alemão.
A Frente Única é um acordo político, em torno de um programa político mínimo, para atingir um objetivo estratégico comum.
A Frente Única é um acordo político, em torno de um programa político mínimo, para atingir um objetivo estratégico comum.
Existe pois uma estratégia que
pode vencer o bloqueio, a da cooperação reforçada: mas e se a Alemanha continuar
a opor-se?
Do fundo dos séculos, responde-nos
Sun Tzu: “Há estradas que não devem ser seguidas, exércitos que não devem ser
atacados, cidades que não devem ser sitiadas, posições que não devem ser
contestadas e comandos do soberano que não devem ser obedecidos.”(Sublinhado
meu)
1 comentário:
Nem mais...
Os trocos (povos do norte), por vezes, ficam no fundo do saco... As notas (povos do sul), é que são importantes; saem e compram o pão ou o progresso.
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