26.10.23

A que Deus rezam, os embaixadores do governo de Israel?



As crianças vitimadas em Gaza são uma “mancha na nossa consciência”: UNICEF.  Relatando que 2.360 crianças foram mortas em menos de três semanas, a UNICEF apelou a um cessar-fogo imediato e ao acesso sustentado e desimpedido à assistência humanitária. Outras 5.364 crianças em Gaza ficaram feridas nos “ataques implacáveis”, acrescentou a UNICEF. Mais de 400 crianças são mortas ou feridas diariamente no enclave palestiniano sitiado, concluiu. A Cisjordânia também registou um “aumento alarmante de vítimas”. Vinte e oito crianças morreram e pelo menos 160 sofreram ferimentos.

Mas a violência verbal dos dois diplomatas de Israel, os embaixadores na ONU e em Portugal, não deve ser confundida com a posição política do povo israelita. O apelo ao cessar-fogo ecoa nos corredores do Capitólio gritado pela comunidade judaica nos EUA e em frente dos ministérios do atual governo de Israel, pelas famílias dos reféns. O Secretário-Geral das Nações Unidas deu-lhes voz política no Conselho de Segurança.

Os militares de Israel como “carne para canhão”. A ofensiva: o golpe final contra a democracia e os direitos humanos, sem misericórdia

Os representantes do governo dos EUA, sobretudo os líderes militares, compreenderam primeiro que todos que a ofensiva de Israel é uma aventura militar sem saída política, decretada pelo presidente e pelo seu ministro da defesa, que concentraram  todo o poder com o recurso oportunista à  “declaração de guerra”.

Os generais americanos sabem que a natureza desta guerra em espaço urbano subterrâneo, fortificado e armadilhado pelas milícias do Hamas, exigiria uma longa preparação. Mas o governo militarista , na sua arrogância e fragilidade, a contas com a justiça, estava mais empenhado em salvar-se, à custa do desmantelamento da autonomia do poder judicial. As ruas de Israel enchiam-se então de multidões de opositores, a nação israelita dividiu-se, divisão que chegou às forças armadas. Perante a incursão das brigadas do Hamas escolheu a fuga para a frente, que, apesar do terror que a acompanhou, em nenhum momento pôs em causa a existência do estado de Israel.

Assim sendo, considero que valerá a pena investigar se o governo nada sabia sobre o ataque do Hamas! Dificilmente poderia prever a sua dimensão trágica, mas uma incursão violenta podia ser a sua salvação a curto prazo.

Os novos senhores de Israel

O isolamento internacional do governo de Israel é hoje um processo em crescimento, expresso nas declarações e ações contraditórias do seu aliado americano, de que destaco a afirmação do presidente dos EUA, de que Israel não devia ocupar Gaza, quando os líderes dos seus aliados regionais, Egito e Jordânia, se recusaram  a deixar expulsar os palestinianos para os instalar nos seus países.

O mito que os serviços de informação de Israel depressa localizariam os reféns foi caindo perante os factos: a missão parece ser impossível, a sua morte poderia reduzir ainda mais a base social do governo, que assumiria finalmente o seu verdadeiro rosto: o da minoria sionista, que escreveu na constituição o carácter sectário do estado, judeu antes de democrático, colonialista que se apoderou pela força da terra palestina da Cisjordânia (100,000 ha e 700.000 colonos), em permanente desrespeito pelas resoluções da ONU, uma elite enquadrada pelo poder emergente das grandes multinacionais tecnológicas, dos lapidadores de diamantes de sangue, os mesmos que forçaram a demissão do coordenador da Web Summit em Portugal e são o poder oculto que controla a economia do país.

Desescalar. Os reféns, nos dois campos

A troca de prisioneiros pode e deve começar já. O Hamas mantém como reféns mais de 200 israelitas e outros de várias nacionalidades; mas Israel aprisionou mais de 5000 palestinianos e juntou-lhe desde o início da guerra outros 1.900 civis, acusados de serem militantes ou simpatizantes políticos do Hamas, presos políticos, reféns políticos quase esquecidos, residentes na Cisjordânia ocupada e colonizada (West Bank).

A libertação recíproca e progressiva de todos os reféns é, pois, uma exigência humanitária, um dever face à Declaração Universal dos Direitos do Homem e ao direito internacional.

Foi instituído na guerra em curso na Ucrânia e no historial das guerras de Israel com os países árabes e a nação palestina.

O Hamas deu os primeiros passos, é um facto. Familiares e amigos dos reféns exigem em Israel cessar-fogo e negociações para a sua libertação. Os manifestantes reúnem-se em frente ao Ministério da Defesa de Israel, em Tel Aviv, segurando fotos de familiares e amigos desaparecidos, eles proclamam ao ministro: “Cessar fogo, traga-os de volta”.

Dois norte-americanos – uma mulher e a sua filha – foram os primeiros reféns a serem libertados pelo Hamas e logo mais duas idosas israelitas: contaram que foram tratadas com respeito e humanidade, receberam visita médica e medicamentos. Ao mesmo tempo, dois dos novos prisoneiros palestinianos de Gaza, morriam por falta de ajuda médica nas prisões de Israel. Mau prenúncio, para a Palestina que emergir da vitória anunciada!

Profecias: O Armagedão*

Os militares israelitas destruíram quase 200 mil unidades habitacionais, total ou parcialmente, desde o início da sua ofensiva contra a Faixa de Gaza, após o ataque surpresa das brigadas do  Hamas em 7 de Outubro.

Nenhum dos conflitos pós II Guerra Mundial causou um tal nível de destruição das cidades e casas civis, como este bombardeamento contínuo e indiscriminado de Gaza.

De acordo com a agência humanitária da ONU, pelo menos 45 por cento de todas as unidades habitacionais do enclave foram danificadas ou destruídas nos ataques israelitas. Entre as áreas mais atingidas estão Beit Hanoon, Beit Lahiya, Shujaiya, os bairros em redor do campo de refugiados de Shati, e Abasan al-Kabira em Khan Younis.

* O Armagedão ( em hebraico: הר מגידו; romaniz.:har məgiddô; "Monte Megido"; em grego clássico: Ἁρμαγεδών; romaniz.:Harmagedōn). No Livro do Apocalipse, da Bíblia, o Armagedão ´é identificado como a batalha final de Deus contra a sociedade humana iníqua, em que numerosos exércitos de todas as nações  se iriam confrontar,  em oposição a Deus e ao (seu) Reino de Jesus na Terra, no simbólico "Monte Megido".

Neste campo de morte, moralmente e no livro da História, ficará registada a passagem do regime de Israel para o campo das forças do mal, e a ira do Senhor abater-se-á sem piedade sobre o seu povo inocente.

A Bíblia fala do Armagedão como uma guerra que irá preparar o caminho para um tempo de paz e justiça, destruindo a iniquidade. Mas será o holocausto palestino a construir esse percurso, pavimentado com as cinzas dos seus lares e o sangue dos seus mártires: se for essa a vontade de Alah, o misericordioso! Al Rahman (الرحمن)

Gente sem coração, nem espinha vertebral

O mais é farsa e irrelevância: como se não passassem de figuras aberrantes da tragédia que enluta as duas nações há mais de cem anos, os chefes de governo europeus reúnem para coisa nenhuma, prometem aos palestinianos milhões de ajuda perdidos no futuro, enquanto oferecem migalhas, armas e alianças militares espúrias aos povos da Palestina e de Israel, que lhes pedem e exigem o cessar-fogo, a negociação para libertar os reféns, a refundação de dois estados e, finalmente, a paz.

O presidente americano anunciou que acordara com o Egito a passagem de 20 camiões de ajuda humanitária, na altura em que hospitais esgotaram todas as reservas e os centros de apoio alimentar da ONU a meio milhão de palestinos estão completamente fechados. A Organização Mundial de Saúde denuncia a falência do sistema de saúde e o bombardeamento de mais de 50 unidades de saúde e a insignificância da medida. O presidente americano sabe que a ajuda humanitária  a Gaza , antes desta guerra, era de 100 camiões diários.

Ao mesmo tempo que promete enviar 100 milhões de ajuda humanitária no futuro, faz chegar a Israel os novos equipamentos pesados e munições, de um pacote bélico de 10.000 milhões. E reposiciona dois porta/aviões com as suas esquadras na zona de guerra, dando o exemplo de intervenção estrangeira. O Reino Unido e a Alemanha seguem o exemplo americano e anunciam a oferta de ajuda militar. E , em coro, anunciam que não vão tolerar nenhuma intervenção estrangeira!?

Felizmente, há um Secretário-Geral das Nações Unidas que antes foi Alto-Comissário da ONU para os refugiados, que não só conhece como viveu as tragédias das guerras atuais e dá voz às queixas e aspirações mais genuínas de duas nações martirizadas pelos confrontos geoestratégicos das potências imperialistas, sim, desde há mais de cem anos.

Igreja bombardeada. Centenas de cristãos e muçulmanos estavam abrigados na igreja de São Porfírio quando um míssil israelita derrubou parte do complexo, matando 16 pessoas. Os militares israelitas disseram ter danificado “a parede de uma igreja” quando atingiram um “centro de comando e controle” do Hamas nas proximidades, mas negaram ter alvejado intencionalmente São Porfírio. Que os leitores deste texto, tirem as consequências dos   factos e das palavras.

Os documentos e registos que responsabilizam o governo atual de Israel pelo ataque terrorista ao hospital de Al Alhi e a dezenas de outras estruturas de saúde, estão publicados. .Cito a fonte: Initial posts on X sent by Hananya Naftali, a digital aide to Israeli Prime Minister Benjamin Netanyahu, aroused suspicion. “Israeli Air Force struck a Hamas terrorist base inside a hospital in Gaza,” he wrote, but the post was almost immediately deleted...conheça a restante narrativa no link anexo.

https://www.aljazeera.com/news/2023/10/18/what-is-israels-narrative-on-the-gaza-hospital-explosion?fbclid=IwAR02dOzM-sVEaQu-zaVNFhC1OeZKzeqz1iFyqRoaV-Di27RvnpaKaR4yn3o

A Organização Mundial de Saúde -OMS afirma que 170 instalações de saúde financiadas por doadores estrangeiros foram bombardeadas em ataques aéreos israelitas em Gaza. Ainda precisamos de um inquérito “independente”, para apurar o massacre do hospital batista de Al-Ahli?

Em crescendo, mais de 700 mortos em ataques israelenses durante uma só noite, dizem as autoridades de Gaza.

Foram duras, as palavras do Secretário-Geral da ONU? 

Requiesce in paceAllah Yarhamo. Alah yarhamhaalav ha-shalomaleha ha-shalom

الله يرحمه   الله يرحمها

עליו השלום עליה השלום

 

 

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