23.3.21

Fiabilidade e pertinência das notícias sobre a RPCh. O papel político da Human Rights Watch e da BBC World News. Pandemia, Hong Kong e Xinjiang

Recebi de um militar amigo, no dia 18.02.2021 esta mensagem:

https://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/china-ocultou-informacao-sobre-a-covid-19-a-oms-na-recente-missao-a-wuhan?utm_medium=Social&utm_source=Whatsapp&utm_campaign=BotoesSite

China acusada de ocultar informação sobre a Covid-19 à OMS na missão a Wuhan para descobrir origem do coronavírus

Olá.

Que me dizes a isto?

É um órgão da ONU, que afirma...

Respondi-lhe:

[18:58, 18/02/2021] Antonio Queiros: Essa instituição que citas não é um órgão da ONU, mas sim uma organização especializada na contra informação, não tivesse ela sido criada pela CIA. O truque que usou agora foi convocar os jornalistas correspondentes na ONU para a sua Conferência de Imprensa, logo, qualquer leitor se confunde

[19:02, 18/02/2021]. Por coincidência, escrevi recentemente um artigo a criticar o seu Relatório Anual, que não deves ter visto, nas cujo link te remeto.

https://portugaldiarioilustrado.blogspot.com/2021/01/critica-ao-relatorio-2020-da-human.html#more

A WRW, oferecendo hoje uma face liberal democrata, usa técnicas de comunicação muito sofisticadas e pessoas que se apresentam como especialistas e humanistas, mantendo uma relação muito próxima com a BBC World News, a qual, por sua vez, trabalha com os serviços secretos do MI5 (Ver a investigação de John Ross)  e também com as agências noticiosas pertencentes aos conglomerados empresariais do setor da comunicação social.

Consulta o seu site e nele o currículo. A atual HRW nasceu com os acordos da détante de Helsínquia e afirma, no seu historial,  que usou a sua posição privilegiada para minar os regimes socialistas, a partir de Moscovo, onde  se pode instalar. Cumprida a missão, adotou o nome atual, vestiu a camisola da defesa das minorias, da emancipação da mulher …e de campeã dos Direitos Humanos. Na sua atividade, vai ao ponto de questionar aspetos secundários da política internacional  dos EUA, mas defende a linha geral da suas Estratégias de Segurança e Defesa Nacional.

Enquanto isso, os países do G-7, com larga cobertura mediática, anunciavam o seu apoio á Aliança Mundial de Vacinas e ao COVAX, que perfaz 4 mil milhões de US$ (um ano após a sua constituição) impulsionado pela OMS, omitindo que já tinham sido oferecidos, por outos países, instituições e beneméritos civis, mais de 6.000 milhões, valores insuficientes para um orçamento que necessita de 38.000 milhões!…Mas, ao mesmo tempo e em segredo, os governos de 10 países ricos açambarcaram 75% das vacinas, prevenindo-se para a possibilidade de o seu efeito não ultrapassar alguns meses ou até um ano, deixando mais de 130 países em risco de penúria prolongada, desprezando os princípios e imperativos políticos e morais que compõem a Declaração Universal dos Direitos do Homem, que subscreveram e juraram cumprir e fazer cumprir em benefício de toda a Humanidade.

Os EUA, a UE, o Reino Unido, a Austrália, o Canadá e o Japão asseguraram mais de 3 mil milhões de doses, um excesso superior a mil milhões face às 2,06 mil milhões necessárias para a totalidade das suas populações. (Reuters, 19 Fevereiro 2021).O Canadá liderou a tabela, de acordo com os dados da empresa de análises Airfinity, "com doses suficientes para vacinar cada canadense cinco vezes". Israel e a Austrália fizeram o mesmo…

A denúncia veio de todo o lado, do Secretário-Geral da ONU, do presidente da OMS, de organizações humanitárias.

A Human Rights Watch avançou então e mais uma vez, como o  pivot da  contrainformação, para alimentar  as agências com notícias desviantes, secundada pela BBC WN: afrontou em conferência de imprensa imediata as conclusões desmistificadoras da OMS-China, retomou a questão das leis de Hong Kong e colocou no centro da sua campanha mediática a acusação sobre os campos de concentração e trabalhos forçados de Xinjiang, sabendo muito bem que a China já tinha vindo exigir à BBC que apresentasse fontes e factos credíveis nestas matérias ou se retratasse de vez.  

Nos últimos meses, a BBC WN promoveu uma campanha de críticas sistemáticas à política da China na região autônoma de Xinjiang Uygur. A história do "algodão contaminado" foi um excelente exemplo. Os seus artigos divulgavam as supostas pesquisas e denúncias de Adrian Zenz, um militante "membro sénior da Fundação Memorial às Vítimas do Comunismo, em Washington", que foi desmascarado pelo ex-diplomata francês Lionel Vairon[1]como não sendo nem um especialista em questões da China nem um especialista sobre o Islão ou direitos humanos.[2] E essa própria fundação não passa de mais uma organização de extrema-direita nos Estados Unidos, constituída com pessoas vindas da CIA.

A região em causa é vítima da atividades terroristas, que fazem parte do fenómeno global de disseminação de grupos extremistas que manipulam a religião muçulmana, semelhantes `a Al Qaeda ou ao ISIS, mas aqui com muito menor influência e capacidade militar, que recorrem sobretudo a atentados terroristas, para intimidar os populares e os seus líderes religiosos muçulmanos, que se recusam a segui-los.

Como se pode comprovar pelos documentos indicados em rodapé, vários grupos de jornalistas e observadores políticos independentes, visitam regularmente a região autónoma; também a União Europeia e o novo governo dos EUA de Biden, foram convidados pelo  Governo de Xinjiang a enviar os seus representantes á região, mas, sem que o convite tenha sido aceite e a viajem realizada,  não se coibiram de reproduzirem as notícias falsa e , tendo-as como base, aplicar sanções e acusar a China.

Ao longo da pandemia COVID-19, a BBC  WN propagou informações incorretas sobre o vírus e gerou teorias de conspiração contra a China.

No decurso dos conflitos de Hong Kong, já apoiara as ações violentas dos grupos extremistas e difundiu a notícia falsa de que a Lei sobre a Extradição de Criminosos provenientes desta região especial, se destinava a extraditar para os tribunais da China continental os dissidentes políticos.

Portugal é um dos 20 países que já tem um acordo com força de lei deste tipo e nele se pode ler expressamente que visa combater os crimes económicos e civis e que nunca poderá ser aplicado ao domínio político. Todos os acordos usam a mesma matriz. Consultar:

https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/documentos/instrumentos/acordo_portugal_hong_kong_china_entrega_infractores_fuga.pdf

Aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 53/2004, de 21/07; ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 36/2004, de 21/07

A oposição a esta lei foi iniciada nos bastidores pelo grupo dos grandes empresários imobiliários e agentes financeiros do território, que obtiveram, confidencialmente, a exclusão do projeto de lei dos principais crimes económicos, mas passou para as ruas, onde, sobretudo os jovens, com baixos salários, insuficientes bolsas e sem acesso á habitação, lançaram estas suas reivindicações, omitidas pelos média ocidentais e, mais tarde, atendidas por um programa especial de Lan, também ele obliterado pela comunicação social a ocidente, que esvaziou as ruas e deixou isolados os opositores violentos.  Os média, divulgaram apenas os slogans dos grupos radicais, que não constituem qualquer movimento único pró-democracia e ignoraram as manifestações populares que contestavam a violência e o separatismo. Nas eleições para as assembleias distritais, que os partidos apoiantes do governo perderam (O PCCh não se candidata,) candidataram-se sim mais de 50 grupos, fora dos partidos democráticos que apoiam o executivo e dos partidos que se lhe opõem, que elegeram os seus próprios deputados sem qualquer conexão orgânica ou política entre si, a maior parte sem qualquer programa político. As atas eleitorais são públicas e estão acessíveis pela NET, pelo que as pude analisar sem intermediação.

Resultado: O projeto de lei foi suspenso definitivamente e o ocidente celebrou… o regresso de Hong Kong  à Idade Média, transformado num couto de homiziados e criminosos de colarinho branco!

 



[1] Défis chinois - Introduction à une géopolitique de la Chine, de Lionel Vairon, é uma obra importante para entender a ascensão da China na geopolítica mundial. Lionel Vairon, Docteur en Études Extrême-orientales et Diplômé de Chinois et de Sciences politiques

https://lvkworldnews.wordpress.com/biographie-%E4%BC%A0%E8%AE%B0-biography/

Outros artigos, sobre Hong Kong    https://www.investigaction.net/fr/author/lionel-vairon/?act=sp

[2]  Adrian Zenz afirma que é um evangelista "guiado" pela sua fé, e que Deus lhe ordenou que lutasse contra a China. É também uma figura ativa numa organização americana  anticomunista de extrema-direita. Ver a entrevista com o escritor francês Maxime Vivas Published: Feb 03, 2021  https://www.globaltimes.cn/page/202102/1214858.shtml

 

1 comentário:

Anónimo disse...

É uma informação e opinião fundamentada e muito importante para compreender o contexto geopolítico da China e as múltiplas formas que muitos dos países ocidentais encontram para combater o regresso da China, como grande potência aos palcos mundiais. RL