21.2.21

ACUSO OS 10 PAÍSES RICOS DE CRIME CONTRA A HUMANIDADE E DE INFÂMIA POLÍTICA

 


“Acreditai que a dignidade em que hão-de falar-vos tanto
Não é senão essa alegria que vem de estar-se vivo
E sabendo que nenhuma vez alguém está menos vivo ou sofre ou morre
Para que um só de vós resista um pouco mais
À morte que é de todos e virá” (Jorge de Sena)

“A crise do COVID19 revela afinal a natureza anti-humanista e indigna desses regimes: milhões de seres humanos serão ainda infetados, centenas de milhar ou milhões sofrerão a doença e a morte, a pandemia pode perpetuar-se e novas variantes do vírus tornarem obsoletas as montanhas de vacinas açambarcadas ( a AstraZeneca parece já ser pouco eficaz para com a variante sul-africana) , e varrer outra vez o mundo, todo o mundo, incluindo de novo os mais ricos dos ricos, a suas economias, os todo poderosos governantes  e as suas famílias!

E estão a tentar envenenar a opinião pública  de 130 países abandonados à sua sorte com a ameaça chinesa (ou russa, ou cubana?

A jogar aos dados da intriga política, com a vida de milhões de seres humanos?

Querem cegar-nos de todo, endurecer-nos o coração, até não conseguirmos olhar-nos no próprio espelho, salvos, mas para sempre com a morte na alma?

Não, com o silêncio da minha cumplicidade! Eu estou do lado do poeta que escreveu, há muitos anos, estes versos proféticos, a quem convoquei para o início desta mensagem. E nada me move, a não ser essa “dignidade”, que aprendi de Jorge de Sena!”

Tende a paciência de ler um tão longo texto. Que as suas palavras dobram por nós, por vós,  como os sinos de Hemingway

Os EUA, a UE, o Reino Unido, a Austrália, o Canadá e o Japão asseguraram mais de 3 mil milhões de doses, um excesso superior a mil milhões face às 2,06 mil milhões necessárias para a totalidade das suas populações. (Reuters, 19 Fevereiro 2021).

O governo de Israel também já iniciara esse caminho, do egoismo nacional.. Em16 de fevereiro anunciou que 3,9 milhões de israelitas, 40% da população, receberam a vacina, dos quais 2,5 milhões ambas as doses, graças a um acordo com a farmacêutica norte-americana Pfizer.

A denúncia partiu da ONG ONE, cofundada por Bono e outros ativistas. “A ONE é estritamente apartidária… um movimento global que luta pelo fim da pobreza extrema e das doenças evitáveis ​​até 2030, para que todos, em todos os lugares, possam levar uma vida com dignidade e oportunidades. Acreditamos que a luta contra a pobreza não é uma questão de caridade, mas de justiça e igualdade.” Diz o seu manifesto.

Segundo a ONE, os países ricos, como os Estados Unidos e a Grã-Bretanha, deveriam compartilhar as doses excedentes para permitir uma resposta totalmente global à pandemia. Não fazer isso negaria a milhares de milhões de pessoas a proteção essencial contra o vírus que causa COVID-19 e provavelmente prolongaria a pandemia.”

“Este enorme excesso é a personificação do nacionalismo da vacina”, disse Jenny Ottenhoff, diretora sênior de política da ONE Campaign…”

O relatório da ONE analisou especificamente os contratos com os cinco principais fabricantes de vacinas COVID-19 - Pfizer-BioNTech, Moderna, Oxford-AstraZeneca, Johnson & Johnson e Novavax. E concluiu que o excesso de mil milhões de doses açambarcadas pelos países ricos  ajudaria muito na proteção das pessoas vulneráveis nos países mais pobres, porque não são suficientes os compromissos no âmbito da aliança mundial de vacinas e do COVAX. .

Isso reduziria significativamente o risco de mortes por COVID-19,  além de limitar as chances de novas variantes de vírus emergirem e acelerar o fim da pandemia.

A posição crítica da ONE apoia-se  num estudo do Laboratório MOBS da Northeastern University, que afirma que se os países ricos continuarem a monopolizar os primeiros 2 milhões  de doses da vacina, pode haver o dobro de mortes por COVID-19 do que se a vacina fosse distribuída de forma equitativa. E, no plano da crise económica, se apenas os países mais desenvolvidos puderem vacinar suas populações, isso poderia custar à economia global a perda de até US $ 1.200 milhares de milhões por ano no valor do PIB, de acordo com a RAND. Além disso, se os países com baixos rendimentos sozinhos não puderem ter acesso à vacina COVID-19, o mundo ainda poderá perder aproximadamente US $ 153.000 milhares de milhões do PIB global .

Concluindo: O resultado do acumular de vacinas nos países ricos irá atrasar e comprometer o controle e recuo da pandemia global,. Garantir o acesso igualitário à vacina não é apenas a coisa certa a fazer, é a coisa inteligente a fazer. (Consultar a REUTERS   https://www.one.org/international/)

A ONE vem assim apoiar e fundamentar o apelo da Organização Mundial da Saúde, ao pedir que as nações com vacinas não as compartilhem unilateralmente, mas que as doem ao projeto COVAX.

A coligação  de organizações e ativistas apelidada de The People's Vaccine Alliance A People's Vaccine Alliance unidos pelo objetivo comum de fazer campanha por uma 'vacina popular' para o COVID-19, com base no conhecimento compartilhado e disponível gratuitamente, um bem comum global, corroborou as denúncias da ONE: descobriu que "as nações ricas que representam apenas 14% da população mundial compraram mais da metade (53%) de todas as vacinas mais promissoras". Isso incluiu todas as vacinas da Moderna para 2021 e 96% da produção esperada da Pfizer.

O Canadá liderou a tabela, de acordo com os dados da empresa de análises Airfinity, "com doses suficientes para vacinar cada canadense cinco vezes".

Os membros da aliança incluem a Amnistia Internacional, Free the Vaccine, Global Justice Now, Public Citizen, o Yunus Centre, Frontline AIDS, , Oxfam, SumOfUs e ONUSIDA. 

Estes dois relatórios, vêm apoiar as críticas e apelos do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que alertou mais uma vez que, se a campanha de vacinação contra a covid-19 não for implementada em todos os países, o vírus continuará a sofrer mutações, o que poderá prolongar "significativamente" a pandemia. O português lembrou que "apenas 10 países acumularam 75% de todas as vacinas contra a covid-19. Enquanto isso, mais de 130 países não receberam uma única dose".

E o G7, o grupo dos 7 países mais ricos?

O compromisso do G7. Falácias políticas e  propaganda desviante

Cerca de 45% das 200.000 doses de vacinas administradas no mundo, foram-no nos países ricos do G7, cujos membros se comprometeram na sexta-feira, dia 19.02.2021 a partilhar melhor as doses com os países pobres. Nestes sete países (Estados Unidos, Canadá, França, Reino Unido, Alemanha, Itália e Japão) vive 10% da população mundial. O Reino Unido, a Austrália, o Canadá e o Japão já asseguraram mais de 3 mil milhões de doses — mil milhões de vacinas acima do que aquelas que precisavam para vacinar as suas populações com as duas doses necessárias.

Os líderes do G7 comprometeram-se a comparticipar com US $ 4.300 milhões o financiamento do acesso equitativo global a testes, tratamentos e vacinas.

Parece muito, mas o orçamento que corresponde a esse objetivo, estabelecido há quase um ano pela Aliança Global para as vacinas, apoiada pela  parceria ACT Accelerator é de 38.000 milhões! O ACT foi criado em resposta a um apelo dos líderes do G20 em março de 2020, sob proposta da China,  e é uma iniciativa lançada pela OMS, Comissão Europeia, França e Fundação Bill & Melinda Gates em abril de 2020.

O comunicado do G7, emitido em Genebra, evidencia apenas os valores da contribuição e omite o resto.

Os compromissos financeiros referidos, juntamente com os outros US $ 6.000 milhões de contributos de outros países e instituições,  elevam o valor comprometido até o momento para  US $ 10.3 milhares de milhões, deixando uma lacuna de financiamento de  US $ 22.900 milhares de milhões  pra realizar o projeto COVAX de fazer chegar a vacina a todos os países, tal como os outros recursos necessários ao diagnóstico e tratamento do COVID19.

Os EUA comprometeram inicialmente  US $ 2.000 milhões para a Gavi, a Vaccine Alliance for the COVAX Advance Market Commitment e mais US $ 2.000 milhões até 2021 e 2022, dos quais US $ 500 milhões serão disponibilizados apenas quando as promessas existentes de doadores forem cumpridas e as doses iniciais forem entregues aos países pobres..

A Alemanha comprometeu-se com  US $ 1.800 milhões [1.500 milhões de euros]  com contribuições para todos os pilares e parceiros do ACT Accelerator em testes, tratamentos, vacinas e fortalecimento dos sistemas de saúde.

A Comissão Europeia comprometeu-se  US $ 363 milhões [300 milhões de euros]  para o COVAX.

O Japão comprometeu-se  US $ 79 milhões (65,1 milhões de euros)  para o COVAX e UNITAID (terapêuticas).

O Canadá comprometeu-se  US $ 59 milhões [48,6 milhões de euros]  para o Acelerador ACT.

Além disso, o Banco Europeu de Investimento fortaleceu em US $ 242 milhões [200 milhões de euros]  as garantias de empréstimos que ajudarão a parceria do ACT a antecipar pagamentos futuros para acelerar a resposta.

O comunicado emitido pelo G-7 afirma ainda que o Reino Unido se comprometeu a compartilhar as suas doses adicionais de vacina com os países em desenvolvimento, juntando-se ao Canadá, França, Noruega e União Europeia.

Propaganda desviante

Em simultâneo com a sobrevalorização deste anúncio, os órgãos de comunicação social e as redes sociais, controladas a ocidente por um punhado de grandes impérios sedeados nesses países, lançavam temas desviantes, para afastar os seus concidadãos da dimensão trágica do açambarcamento das vacinas e dos negócios infames que representam, no plano político e ético, pondo em causa todos os princípios da Declaração Universal dos Direitos do Homem.

A origem do COVID19 e as responsabilidade da China, no contexto de nova missão conjunta da OMS-China, que se concentrou em Wuhan, tornou-se tema central, explorado de forma a alimentar dúvidas e desconfianças.

Mas recordemos primeiro, tendo em conta o seu valor de mercado e a produção de notícias, os grandes impérios que dominam a comunicação mundial; o conglomerado americano AT&T Inc…. a  News Corp ( NWS ) e a Fox Corporation ( FOX ) – controladas pelo australiano, naturalizado americano, Robert Murdock,  que opera em cinco continentes, incluindo The Wall Street Journal, Fox News, HarperCollins e New York Post, suporte da oligarquia que colocou o governo de Trump no poder. The New York Times Company. Daily Mail e General Trust plc, sedeada no Reino Unido. A Sinclair Broadcast Group, Inc. ( SBGI ) uma empresa que possuía, operava e / ou prestava serviços em 2019 a 191 emissoras em 89 mercados, que transmitiam através de 629 canais e plataformas de distribuição online, promovendo em sinal aberto o ideário político da direita mais conservadora e agressiva… a Sony Entertainment (Japão), a canadiana Thomson Reuters Corporation, etc…

Nas redes sociais,  o conglomerado Facebook, Whatsapp e Instagram, que é controlado, graças à posse de 56% da ações, por um só multimilionário,  Mark Zuckerberg, cujo papel manipulador na eleição de Trump e no Brexit permitiu ao seu dono faturar milhões, sem qualquer penalização, pois funciona á margem de qualquer enquadramento jurídico ou regulação.

Quando os resultados da missão da OMS_China desmontaram, uma vez mais, as notícias falsas e elogiaram a colaboração da China, apontando para a necessidade de alargar a todo o mundo a investigação sobre a origem natural do COVID19 ( anote-se que os EUA se recusam a que a OMS faça essa investigação neste país) e a busca do (s) animal/ave hospedeiro que  transmite o vírus para os seres humanos,  regressaram à cena mediática entidades como a Human Rights Watch, que usa as técnicas mais sofisticadas de propaganda das notícias falsas.

Esta instituição não é um órgão da ONU, mas sim uma organização especializada na contra informação, não tivesse ela sido criada pela CIA. O truque que usou agora foi convocar os jornalistas correspondentes na ONU para a uma Conferência de imprensa em que procurou alimentar a polémica fornecendo detalhes supostamente escondidos pelas autoridades chinesas e indo ao ponto de virar a sua crítica para a equipa da OMS, e para a integridade desta organização, desclassificando ambas.

O truque de convocar os correspondentes da ONU levou a que muitas notícias a confundissem como uma das suas agências, quando estamos em presença de uma organização nascida no âmbito da Conferência de Helsínquia que apaziguou na época a tensão da Guerra Fria, mas que na prática se dedicou à propaganda contra os regimes socialistas, até à sua queda, vestindo então a nova pele dos Direitos Humanos, e adotando mesmo causas como a emancipação da mulher e os direitos das minorias, para continuar a apoiar as campanhas dos governos americanos contra qualquer regime político que contrarie os seus interesses. Chega até a questionar algumas das ações do governo americano, sem pôr em causa a sua política, para ganhar credibilidade em setores mais liberais e democráticos. (Consulte o seu site e verá que é a própria HRW que reclama esse papel histórico no seu currículo!) 

A duplicidade dos países ricos e das suas multinacionais farmacêuticas

Sabemos hoje, pelo próprio executivo,  que o contrato da AstraZeneca com o governo conservador do Reino Unido incluía uma cláusula premeditada que comprometia a empresa a reservar toda a produção da sua fábrica em Inglaterra para este país. Trata-se de uma violação clara do funcionamento dos mercados, á luz do direito internacional e dos regulamentos do comércio mundial, que se destinava a dar poder legal ao governo britânico para açambarcar todas as vacinas produzidas no país, mesmo se tal custasse a sua falta nos restantes países europeus.

Ao contrário, a Comissão Europeia, que distribuiu no seu parlamento o contrato com a AstraZeneca, rasurado nos preços e condições de entrega, não teve força política para sequer obrigar a empresa  a qualquer prazo, cláusula substituída por uma inútil e insólita  promessa de boa vontade.

E tudo isto aconteceu, ao mesmo tempo que se desenvolvia uma campanha na comunicação social e nas redes sociais, lançando dúvidas sobre a eficácia das vacinas chinesas e russa, com recurso á manipulação das informações sobre a sua experimentação. E se deixava no esquecimento o facto, indesmentível, que a China descodificara o código genético do COVID19 em algumas semanas_ quando a média desta investigação anda pelos dois anos, graças também ao trabalho conjunto com a OMS e os CDC dos EUA, que começou em 2003 naquele país, com o primeiro surto de um vírus do tipo COVID!

Recordo aqui que a primeira missão conjunta da China-OMS de investigação do novo COVID19, se iniciou, na China entre 16 e 24 de fevereiro, com a participação dos maiores especialistas mundiais e produziu um relatório que foi fundamental para estruturar o combate contra a  pandemia, divulgado em todos os países e onde se poder ler que o COVID 19 apenas difere em 4% dos genes do anterior, mas que possui uma capacidade de infeção e representa uma ameaça de extrema gravidade! ( O leitor pode, desde essa altura, consultá-lo  e rever o seu anúncio público online em 

https://www.who.int/docs/default-source/coronaviruse/who-china-joint-mission-on-covid-19-final-report.pdf

https://news.un.org/pt/story/2020/02/1705271

As multinacionais farmacêuticas. Uma estratégia de negócios visando os lucros bolsistas e o mercado dos países ricos.

Como escrevi  em artigo anterior neste blogue, o retorno das ações de empresas farmacêuticas na Bolsa de Nova York, nos Estados Unidos, disparou desde o início da pandemia, sobretudo a partir do avanço das pesquisas por vacinas, graças à descoberta da sequência genética do COVID19, que a China  lhes revelou gratuitamente e ao  mundo.

O relatório da empresa de informações financeiras Economatica considera oito ações na Bolsa de Nova York, de empresas de quatro países: EUA, Alemanha, França e Reino Unido. As chinesas Sinovac e Sinopharm ficaram de fora porque são negociadas em Bolsas asiáticas....

http://portugaldiarioilustrado.blogspot.com/2021/01/negocios-infames-das-multinacionais_28.html 

Os ganhos bolsistas, no prazo de um ano,  chegam aos mil quinhentos e vinte por cento! Mas o valor monetário que eles representam, ainda é mais impressionante, ultrapassando várias vezes o montante da denominada “bazuca” de financiamento comunitário previsto para Portugal.

A Novavax, que subiu 1.558%, passou a valer US$ 8,1 mil milhões; a Moderna, com a subida de 585%, vale agora US$ 49,4 mil milhões; a BioNTech subiu 223%, o que representa US$ 24,3 mil milhões; a Regeneron Pharmaceuticals vale mais 32,4%, US$ 56,9 mil milhões ; a Johnson&Johnson 11,5%, US$ 428 mil milhões; a AstraZeneca 6,7%, US$ 133 mil milhões; a Pfizer subiu 5,9%, US$ 204 mil milhões; e a Sanofi 3%, US$ 126 mil milhões.

Os acionistas da AstraZeneca lucraram, só na bolsa de valores, cerca de 12.500 milhões de dólares (10.500 milhões de euros!

A opção de não incluir as empresas chinesas na estratégia contratual da UE, ditada por razões ideológicas e políticas, já que neste momento a China é a nação que melhor conhece a pandemia,  e foi a indústria e a solidariedade deste país que valeu à Europa e ao mundo no período de maior egoísmo nacional e de carência de recursos de saúde, humanos e materiais, ou mesmo a avaliação de outras vacinas, como a Sputnik da Rússia e a Soberana de Cuba, deixou a  União Europeia à mercê da voracidade, prepotência e  amoralidade de multinacionais como a AstraZeneca.

O professor associado Luo Dahai da Universidade Tecnológica de Nanyang à BBC, explicou que a "CoronaVac usa um método mais tradicional [de vacina] que é utilizado com sucesso em muitas vacinas conhecidas como a raiva". Uma das principais vantagens do Sinovac é que pode ser armazenada a 2 a 8 graus Celsius, como a vacina de Oxford. A vacina da Moderna deve ser armazenada a -20C e a vacina da Pfizer a -70C. Não foram concebidas, obviamente, para os países pobres ou menos desenvolvidos, que não possuem uma rede nacional de frio a este nível. O seu preço vai no mesmo sentido político: respetivamente, 33 € e 20 €, por unidade.

A África do Sul terá de comprar as doses da vacina Covid-19 da Oxford-AstraZeneca a um preço quase 2,5 vezes maior do que a maioria dos países europeus, disse o ministério da saúde do país. (Ver Jornal Guardian, de 22 de janeiro)

O país mais atingido pelo vírus no continente africano  encomendou 1,5 milhão de vacinas do Serum Institute of India (SII), uma das empresas autorizadas pela multinacional anglo sueca a produzir a vacina, com entrega prevista para janeiro e fevereiro. O porta-voz do governo sul-africano  disse à Agência France Press_ AFP que essas doses custariam US $ 5,25 (€ 4,32) cada - quase duas vezes e meia o valor pago pelos países da União Europeia.

O vice-diretor geral de saúde da África do Sul, Anban Pillay, informou:

“A explicação que recebemos para justificar por que outros países de rendimentos mais altos têm preços mais baixos é que eles subsidiaram a investigação, daí o desconto no preço”, disse Pillay.

Mas a AstraZeneca France tinha afirmado à AFP em novembro que as suas vacinas seriam limitadas a € 2,50 (cerca de US $ 3) por dose “para fornecer vacinas à maioria da população, com o acesso mais justo possível”.

Os membros da União Europeia pagarão US $ 2,16 (€ 1,78) pelas fotos da AstraZeneca, de acordo com informações publicadas por um ministro belga no Twitter.

A mesma empresa também deve fornecer 100 milhões de doses da vacina para a União Africana por US $ 3 cada, informou a Reuters.

Da duplicidade á infâmia

Enfraquecida a tentativa de desviar de novo as atenções para as acusações contra a China, os monopólios da comunicação social e das redes socias, servidos por um exército de especialistas e jornalistas transformados em correias de transmissão, quer disso tenham consciência ou não, passaram a difundir a “notícia” de que a ação humanitária da China não passa de uma manobra para conquistar as boas graças de países indefesos, governos ingénuos e depois conquistar o mundo!?

Mas porque não o fazem também os países ricos, ainda por cima atolados nos seus armazéns infames, a transbordar de vacinas?

Os governos dos países ricos açambarcaram 75% das vacinas, prevenindo-se para a possibilidade de o seu efeito não ultrapassar alguns meses ou até um ano, deixando mais de 130 países em risco de penúria prolongada, desprezando os princípios e imperativos políticos e morais que compõem a Declaração Universal dos Direitos do Homen, que subscreveram e juraram cumprir para toda a Humanidade.

A sua má consciência está na origem da necessidade de ocultar esta imagem real, e levou-os a contribuir com doações, as quais, somando 4 mil milhões de dólares, ficam muito longe dos 38 milhões necessários para proteger a humanidade. As multinacionais farmacêuticas, cujos acionistas pertencem maioritariamente a esses países, já lucraram, só na bolsa, muito mais do que aquele valor e fazem os países pobres pagar mais que os ricos. Esta é a trágica realidade de um mundo dominado pelo face oculta do capital financeiro e pelos governos de democracia liberal ou não, que não escapam às suas organizações internacionais!

A crise do COVID19 revela afinal a natureza anti-humanista e indigna desses regimes: milhões de seres humanos serão ainda infetados, centenas de milhar ou milhões sofrerão a doença e a morte, a pandemia pode perpetuar-se e novas variantes do vírus tornarem obsoletas as montanhas de vacinas açambarcadas ( a AstraZeneca parece já ser pouco eficaz para com a variante sul-africana) , e varrer outra vez o mundo, todo o mundo, incluindo de novo os mais ricos dos ricos, a suas economias, os todo poderosos governantes  e as suas famílias!

E estão a tentar envenenar a opinião pública  de 130 países abandonados à sua sorte com a ameaça chinesa (ou russa, ou cubana?

A jogar aos dados da intriga política, com a vida de milhões de seres humanos?

Querem cegar-nos de todo, endurecer-nos o coração, até não conseguirmos olhar-nos no próprio espelho, salvos, mas para sempre com a morte na alma?

Não, com o silêncio da minha cumplicidade! Eu estou do lado do poeta que escreveu, há muitos anos, aqueles versos proféticos, a quem convoquei para o início desta mensagem. E nada me move, a não ser essa “dignidade”, que aprendi de Jorge de Sena!

A voz da China e dos países em desenvolvimento

Os antecedentes

No dia 1 de março de 2020, a Agência de Notícias Abril, noticiava que o Centro Nacional de Biopreparados de Cuba (Biocen) está a aumentar a produção do antiviral Interferón Alfa 2B, medicamento que mostrou ser eficaz para tratar pessoas afectadas pela Covid-19.

A especialista cubana referia-se ao êxito que o Interferón teve quando começou a ser utilizado em pacientes infectados com a Covid-19 por uma delegação de médicos cubanos que chegou à China no final de Janeiro de 2020 para ajudar o país, tendo sido um de cerca de 30 medicamentos então escolhidos pela Comissão Nacional de Saúde chinesa pelo seu potencial para curar a doença respiratória.

«Temos de aumentar a produção de Interferón esta semana para poder cumprir com o aumento da procura  (50 países)  e com os novos pedidos que possam chegar nos próximos dias», explicou, em declarações ao diário Granma, destacando ainda a preocupação em «garantir a qualidade do produto» que Cuba exporta «para que tenha a mesma eficácia que mostrou na China».reforçando o sistema imunológico dos pacientes com Covid-19.

Em 2003, nascera a empresa mista sino-cubana ChangHeber, com sede na cidade de Changchun (província chinesa de Jilin). Passados dez anos, foi ali inaugurada uma fábrica moderna, que actualmente fabrica uma ampla variedade de produtos biotecnológicos criados na maior ilha das Antilhas, incluindo o Interferón Alfa 2b Humano Recombinante.

A dirctora do Biocen, Tamara Lobaina Rodríguez, afirmou então que Cuba estará em condições de exportar o medicamento em grande escala a partir de meados de Abril  (de 2020).

Em contraste com esta cooperação internacional e a abertura à solidariedade mundial no combate à nova pandemia, a atitude do governo dos EUA foi de manter todos os bloqueios contra os países que considera inimigos ou contrários aos seus interesses, mesmo face ao imperativo humanitário, prolongando até á atualidade esta política. Encontramos hoje uma atitude similar nas autoridades israelitas, que mantêm bloqueado um lote de vacinas Sputnik V que se destina a imunizar os trabalhadores da Saúde na Faixa de Gaza cercada, denunciou a Autoridade Palestiniana.

A política da RPChina face às vacinas

Em 18.02.2021, a Agência Lusa atualizava a posição da RP da China.

“A China nunca teve objetivos geopolíticos na venda das suas vacinas. Nunca fez cálculos para beneficiar economicamente e não estabeleceu condições políticas", disse o ministro Wang, citado pelo portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

"Há uma lacuna na distribuição. As vacinas estão a ir rapidamente para os países de rendimento alto, mas não para os países em desenvolvimento. Isto só vai exacerbar mais as desigualdades", defendeu.

O ministro também sublinhou que as vacinas devem ser um "produto público acessível em todos os países" e que para a China é "imperativo" fazer o possível para pesquisar, desenvolver e distribuir vacinas em todo o mundo.

Segundo a imprensa oficial, as vacinas desenvolvidas pelas empresas chinesas Sinopharm, Sinovac e CanSino estão a ser usadas em cerca de trinta países em desenvolvimento, na África, Ásia ou América Latina e na Europa à Sérvia e Hungria.

Citemos então outras fontes, que acompanham a evolução da pandemia e a política chinesa.

Anne Soy correspondente sênior em África da BBC, escrevia em 22.01.2021:

“Na África, a situação reacende memórias da década de 1990, quando o tratamento antirretroviral (ARV) para o vírus  HIV/Aids foi concentrado nos Estados Unidos. Embora o continente tivesse uma população muito maior de pessoas infectadas com o HIV/SIDA, demorou pelo menos seis anos para que o tratamento para salvar vidas pudesse estar disponível para os africanos.

Doze milhões de pessoas morreram na África de complicações relacionadas com a  Aids numa década, mesmo com a mortalidade nos Estados Unidos caindo drasticamente, de acordo com análises dos Centros Africanos para Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Winnie Byanyima, diretora-executiva da UNAIDs, o braço da ONU para o combate da SIDA, tem estado na vanguarda daqueles que pedem maior equidade dos fabricantes de vacinas para covid-19”. E passa-lhe a palavra:

"Não lhes pedimos que tenham prejuízos", diz ela à BBC. Com os antirretrovirais, foi a pressão das pessoas que vivem com SIDA e dos defensores do direito à vida que levou os governos a permitir a produção de tratamentos genéricos muito mais acessíveis. O preço (do tratamento antirretroviral por pessoa) caiu de US$ 10 mil por ano (por pessoa) para apenas US$ 100 por ano".

E continua a jornalista: “Ela quer que o mesmo ocorra com a vacina da covid-19, exortando a indústria farmacêutica "a não ser movida pelo desejo de superlucros..Byanyima acrescenta que as fabricantes ainda podem ter ganhos, mesmo se compartilharem suas fórmulas”.

Tedros Ghebreyesus, o lider da OMS, denuncia: "Mesmo falando a linguagem do acesso equitativo, alguns países e empresas continuam a dar prioridade aos negócios bilaterais, contornando a Covax, elevando os preços e tentando ir para a frente da fila", comenta a jornalista.

Mas não é apenas a compra de vacinas que precisa de financiamento. Os países também têm de investir em cadeias de frio enquanto se preparam para receber as vacinas. . Benjamin Schreiber, o coordenador da UNICEF para a distribuição das vacinas em África (Operação Mammoth), afirma que está "preocupado por não termos recursos suficientes para a implantação e preparação".

lancemos agora um olhar de relance para o resto do mundo!

Islamabad, 2 fev (Xinhua) -- Um lote de vacinas contra COVID-19 doado pela China foi oficialmente entregue ao Paquistão nesta segunda-feira na Base Aérea de Noor Khan O Ministro das Relações Exteriores do Paquistão, Shah Mahmood Qureshi, expressou a sua gratidão ao povo e ao governo da China pelo apoio ao Paquistão desde o início da pandemia, incluindo o envio de equipes médicas.

Pequim, 3 de fevereiro (Xinhua) - A China decidiu fornecer 10 milhões de doses da vacina COVID-19 à COVAX para atender às necessidades urgentes dos países em desenvolvimento, a pedido da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Segundo a Associate Presss, (Guardian, 18 de fevereiro, 2021) o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, criticou a crescente discriminação no direito imunidade e pediu ao mundo que "se una para rejeitar o 'nacionalismo nas vacinas', promover a sua distribuição justa e equitativa e, em particular, torna-las acessíveis de modo a permitir o desenvolvimento dos países, incluindo aqueles que se encontram em conflito ”.

A China já doou vacinas a 53 países em desenvolvimento, incluindo a Somália, Iraque, Sudão do Sul e Palestina, que é um estado observador da ONU. Também exportou vacinas para 22 países, disse ele, acrescentando que Pequim lançou a cooperação para a pesquisa e desenvolvimento da Covid com mais de 10 países. Anote-se que a Chona apenas começou a vacinar a sua imensa população, na ordem dos 50 milhões de pessoas, mas, colocou com igual prioridade a solidariedade internacional.

O representante do Ministério dos Negócios Estrangeiros destacou o facto de a China apoiar as empresas nacionais na cooperação que mantêm com as suas parceiras internacionais ao nível da pesquisa, do desenvolvimento e produção conjunta de vacinas.

O ministro de Relações Exteriores da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, também pediu o fim do “nacionalismo nas vacinas” e o incentivo ao internacionalismo. “Acumular doses supérfluas vai frustrar os nossos esforços para alcançar a segurança da saúde coletiva”, alertou. Duas vacinas, incluindo uma desenvolvida na Índia, receberam autorização de emergência, disse o ministro, e até 30 vacinas candidatas estão em vários estágios de desenvolvimento. Jaishankar anunciou “uma oferta de 200.000 doses” de vacina para cerca de 90.000 soldados da paz da ONU servindo em uma dúzia de pontos críticos em todo o mundo.

O ministro das Relações Exteriores do México, Marcelo Ebrard, cujo país é presidente da Comunidade de Estados da América Latina e do Caribe, pediu a aceleração da COVAX e o fim da “acumulação indevida” e da “monopolização das vacinas”. Ele pediu que seja dada prioridade aos países com recursos limitados, enfatizando que “tem sido apontado que esses países não terão acesso generalizado até meados de 2023 se as tendências atuais persistirem”. “O que estamos vendo é uma lacuna enorme”, disse Ebrard. “Na verdade, acho que nunca vimos uma divisão tão grande afetando tantos em tão curto espaço de tempo. É por isso que é importante reverter isso. ”

O secretário de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, Dominic Raab, cujo país ocupa a presidência do Conselho de Segurança este mês e presidiu á sua reunião virtual, pediu ao órgão mais poderoso da ONU que adote uma resolução pedindo o cessar-fogo local em zonas de conflito para permitir a entrega de vacinas Covid-19. A Grã-Bretanha diz que mais de 160 milhões de pessoas correm o risco de serem excluídas das vacinações contra o coronavírus porque vivem em países envolvidos em conflitos e instabilidade, incluindo o Iêmen, Síria, Sudão do Sul, Somália e Etiópia.

O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia,  opôs-se ao Conselho focado no acesso equitativo às vacinas, dizendo que isso ia além de seu mandato de preservar a paz e a segurança internacionais!(sic)

Harare.06 de fevereio de 2021, G1 Globo Notícias_ A China doará um milhão de doses de vacinas ao Camboja. A vacina enviada será a Coronavac, do laboratório Sinovac, que também é produzida em São Paulo em parceria com o Instituto Butantan.

11 de fevereiro de 2021, RFI _ O governo da Guiné Equatorial anunciou que recebeu da China 100 mil doses da vacina contra a Covid-19 desenvolvida pelo laboratório chinês Sinopharm.

14 de fevereiro de 2021, G1 Globo_ Os resultados dos testes brasileiros da Coronavac foram apresentados pela Sinovac à Organização Mundial da Saúde para pedir certificação internacional da vacina

15 de fevereiro de 2021, Lusa_ O Zimbabué recebeu hoje um primeiro lote de 200.000 vacinas contra a covid-19 doadas pela China e fabricadas pela farmacêutica Sinopharm. "No próximo mês, iremos adquirir 600.000 doses adicionais à China e o programa continuará até atingirmos o objetivo de 1,8 milhões de doses", disse o ministro das Finanças, Mthuli Ncube.

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Mas nem o esforço da China pode substituir as falhas na solidariedade mundial.

A consciência coletiva das nações e de cada cidadão enfrenta uma tragédia que não visualizamos na comunicação social e nas redes sociais: :

“O mundo está à beira de um fracasso moral catastrófico e o preço será pago com vidas e meios de subsistência nos países mais pobres”, advertiu o chefe da OMS, Dr. Tedros Ghebreyesus (BBC, Anne Soy correspondente sênior em África, 22.01.2021)

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