26.1.21

O ovo da serpente

 Porque sobe a extrema-direita em Portugal? E a eutanásia política dos partidos da direita democrática


Retificar os números

A ideia proclamada, pela generalidade dos comentadores,  que o PCP colapsou nestas eleições, servida pelos resultados do Alentejo, é uma conclusão grosseira e tendenciosa.

Confrontemos os resultados nacionais do candidato do PCP nas presidenciais de 2016 e de 2021: 3,95% 182.998 votos e 4,32% 180.473 votos. O PCP sobe em percentagem e mantém praticamente a votação.

Olhemos agora os resultados nos distritos que incluem os concelhos alentejanos e outros seis distritos representativos das tendências de voto nacionais: Lisboa, Porto. Coimbra, Braga, Faro, Funchal, Ponta Delgada.

Évora 11,52 %   8.137 votos   10,80%  6.262 votos

Beja   15,58 %   9.290 votos   15,02%  7.877 votos

Portalegre  7,13%   3.484 votos 7, 27%  2.868 votos

Setúbal     9,50 %  33.930 votos     8,94%  30.396 votos

 

Lisboa  4,00 %   39.919 votos   5,06%    48.721 votos

Porto    2,49 %   20.817 votos   3,26%   24.456 votos

Coimbra  2,23 %   4.186 votos   3,85%     6.022 votos

Braga       1,85 %7.676 votos       2,78% 10.192 votos

Faro         3,55 %  5.710 votos     4,24%    6.607 votos

Funchal 19,70 % 22.414 votos    1,72%    1.855 votos

Ponta Delgada  1,32 %  907 votos 1,90%    1.536 votos

Ligeiras descidas nos distritos  Alentejanos e subidas tendencialmente maiores nos outros distritos, salvo na Madeira, onde o reconhecimento e prestígio do candidato de 2016 elevou os resultados do PCP a um nível  excecional.

As percentagens obtidas na Região Alentejana_ 15, 11, 9, 7 % mostram que o PCP mantém a sua influência política, já tendo em conta o nível da irreversível mudança social dos últimos decénios. Nesses distritos, os votos em Marcelo estão vários pontos abaixo da média nacional, o que parece indicar que são sobretudo votos trânsfugas do PSD (residualmente do CDS mais os recuperados à abstenção), provavelmente para a extrema-direita.. Ali, onde há um número relativamente grande de eleitores do PCP  de idade sénior, uma parte, pode ter ido engrossar a abstenção e mesmo a votação no reeleito Presidente da República.

Já o crescimento do PCP nas regiões mais desenvolvidas e urbanizadas, aqui evidenciado, parece representar o apoio eleitoral de franjas do BE e do PS.

A sondagem efetuada pela RTP entre os votantes, para uma hipotética eleição para a Assembleia da República, resulta numa estimativa de 6% para o PCP/PEV e eleva  a expetativa eleitoral do BE para os 8%., o que significa que não existem os chamados eleitores deste ou daquele partido (os partidos não são os donos do seu eleitorado e este tornou-se mais crítico), essas pessoas assumem a sua opção de voto perante cada conjuntura política.

O BE não perdeu o apoio de mais de metade dos seus eleitores, apenas as pessoas concretas que votam  BE  deverão, maioritariamente, ter escolhido como objetivo político do seu voto  engrossar a votação em Ana Gomes, para vencer o candidato da extrema-direita e uma franja votou também em Marcelo, que não hostilizou, como era seu dever constitucional, a aliança política da maioria parlamentar de esquerda.

O BE não apresentou um programa para a Presidência da República: Nada ficámos a saber das suas propostas para a Defesa Nacional e para a política internacional, as áreas onde incidem as funções políticas  constitucionais do PR. À esquerda e não apenas à direita, a preocupação com a literacia política dos cidadãos, é problema que não conta, sob o pretexto de que o povo não se interessa por essas coisas! ? E como se poderia interessar se atribuem ao Presidente funções constitucionais que são do governo? Como antes se dizia que o partido com mais votos é o que forma governo, quando, na Constituição e em toda a história da democracia portuguesa, sempre governou o partido com apoio maioritário no parlamento. Nunca votámos para escolher um primeiro-ministro, mas os deputados que o vão eleger.

O  voto recente  do BE contra a viabilização do Orçamento do governo do PS, depois de ter obtido algumas contrapartidas e deixado clara a sua demarcação, pondo em risco a continuidade do governo e da maioria de esquerda na AR, não terá contribuído sequer para consolidar a sua base social de apoio, num tempo de crescimento eleitoral da extrema-direita. Já a posição contrária do PCP, que não deixou de negociar contrapartidas políticas em benefício popular para viabilizar o referido orçamento com a abstenção, deverá ter favorecido a resiliência e o crescimento urbano da votação no seu candidato.

Faltou á proposta política do PCP uma alternativa para a atual crise da União Europeia,  a sua posição de saída parece hoje cada vez mais duvidosa, dada a necessidade de resposta imediata à crise pandémica e à crise económica, social e ambiental!

Deitar foguetes na festa errada

Quando o CDS assenta a sua vitória na falácia da derrota da esquerda pelo seu candidato,  o reclame soa a foguetório político.

Vejamos a matemática simples dos números:  os mais de 2,5 milhões de votos em Marcelo, com uma votação global de 39,49%,  só podem atingir aquele valor graças aos votos na sua candidatura da maioria dos votantes recentes nos partidos de esquerda. PSD e CDS somaram nas legislativas de 2019 cerca de 1,6 milhões de votos; destes, mais de 500 mil foram para a extrema-direita e pelo menos 10% para a abstenção (porque  votaram menos 10% de eleitores do que nas legislativas)…a conclusão torna-se óbvia!

O que a outra sondagem nos diz, é que o CDS cairá para 2% nas legislativas, e tal significa afinal que a maioria dos votantes anteriores do CDS votaram agora no candidato derrotado da extrema-direita e, em grande número, abandonarão o CDS.!  

Já a direção do PSD resolveu celebrar a derrota da esquerda, por alegada falta de comparência, confundindo a opção tática do PS com a mobilização livre da sua base de apoio e enfatizando o suposto esmagamento do PCP, um partido democrático constitucionalista, cujos resultados positivos analisámos anteriormente, engrandecendo os votos na extrema-direita no Alentejo, que indiciam, na realidade a fuga dos  quadros e eleitores do PSD para o extremismo antidemocrático!?  Confirmada pela previsão da sondagem eleitoral sobre as legislativas, onde o PSD cai para 23%.

A história recente mostra que a ausência ou mesmo o enfraquecimento dos partidos comunistas nas democracias liberais, resulta em grandes perdas dos direitos democráticos dos cidadãos, no desenvolvimento de tendências políticas extremistas e mesmo violentas, que abalaram as sociedades democráticas na segunda metade do século XX  e, em cômputo global,  na corrupção das liberdades democráticas. 

No contexto da crise dos PCs, emergiram os grupos extremistas constituídos por jovens alemães e italianos da classe média, que recorreram a métodos terroristas, em nome do combate ao capitalismo selvagem. A extrema-direita francesa, da Alemanha de Leste e italiana, capitalizou o descontentamento e a revolta dos operários das fábricas e empresas encerradas pela globalização, marcada pela liberalização  financeira e a deslocalização das indústrias. Após a derrota dos projetos socialistas da URSS e  de outros países de Leste, os Partidos Comunistas desapareceram ou aderiram ao chamado socialismo democrático e, após breves passagens pelo governo, executando políticas neoliberais e antissocialistas designadas em Portugal por austeritárias, foram substituídos pelos CDS e PSD dessas nações e, estes, logo varridos por partidos nacionalistas de extrema-direita, autoritários, presidencialistas, ao serviço de novos oligarcas. Fenómeno semelhante que se desenvolveu na Rússia, aqui com os grupos privados que se apoderaram das empresas estatais, a impor ao novo regime a tutela presidencial sobre o modelo liberal de democracia. Ou os próprios EUA, onde a repressão impiedosa de comunistas, socialistas, social-democratas, ou até social cristãos, todos rotulados de agentes comunistas, permitiu perpetuar no poder uma oligarquia de dois partidos, um monopólio de governo com duas cabeças, no mesmo corpo das multinacionais do complexo miliar-industrial-financeiro...

Não é uma boa notícia para a democracia portuguesa a crise do PCP. Recorde-se o modo como foi conduzida a segunda greve do Sindicato de Camionistas, com o anúncio de uma greve de duração ilimitada, pese a  justeza das suas reivindicações profissionais. Ou a greve às cirurgias, decretada pelos Sindicato de enfermeiros, esta, partindo igualmente de mais que justas reivindicações, mas violando os princípios da ética de cuidados. Ou o vandalismo ignorante que acompanhou os protestos contra o racismo, tal como a cópia estupida de slogans contra a polícia, que tinham a sua primeira origem na resposta dos cartéis de droga sul americanos á ação repressiva da polícia...

É a atividade do PC nos sindicatos o principal garante dos trabalhadores de todas as profissões e aqui incluo as forças de segurança, de possuir capacidade de negociar com os governos e as confederações patronais. Foi o PCP , durante os últimos decénios, que captou o desespero dos despedidos e arruinados e conduziu a sua revolta para a luta política democrática. 

Mas, acima de tudo, é preciso recordar que nenhum outro partido contribui mais e tão dolorosamente, para combater a ditadura fascista e o colonialismo, ao longo de 48 anos, sofrendo a perseguição, o despedimento e retirada de direitos, a prisão e o assassinato político dos seus militantes e  dirigentes. Ele foi a primeira escola política de dirigentes como Mário Soares. Sem  essa resistência, o Movimento das Forças Armadas não se teria politizado e compreendido que tinha de haver uma solução política para a guerra colonial, a maior tragédia da história contemporânea de Portugal, que poderia ter sido evitada. A instrução e a cultura do nosso país teria sido sufocada pela propaganda do regime, sem o contributo dos seus intelectuais, professores, investigadores, escritores e artistas, mesmo nos períodos da mais negra repressão.

O PCP, durante a crise revolucionária de 1974/75, ao contrário do mito que persiste  de querer impor em Portugal um regime ditatorial de um só partido, tinha no seu programa, que a história cumpriu, a conquista da democracia (pluripartidária) e da paz, como principal objetivo. Leia-se a Resolução do seu Congresso clandestino, escrita por Cunhal e intitulada Rumo à Vitória, que antecedeu o 25 de abril.  . Quando todas as forças partidárias emergentes com a revolução triunfante  de abril acordaram na independência das colónias, o PCP compreendeu que já não podia reclamar como exclusivamente sua a única causa política suscetível de colocar do seu lado a maioria do povo português, como o puderam fazer os bolchevistas na Revolução de outubro de 1917, proclamando, sozinhos, a necessidade de pôr fim  á matança da  I Guerra Mundial,  denunciada como um confronto de impérios e grandes trusts empresariais, pelo domínio do mundo.   

Durante a ação violenta das forças militares e políticas que lideraram o golpe de 25 de novembro, o PCP, que tinha forças militares superiores sobre a sua influência, evitou a guerra civil e acordou com os restantes partidos democráticos a consolidação de um regime de democracia pluralista segundo o modelo da Constituição, que é o da democracia liberal mesclada com elementos socializantes. única no mundo, porque na altura a revolução democrática em Portugal  era uma singularidade histórica.

Para evitar a guerra civil, contribuíram não menos decisivamente os militares que lideravam os quartéis revolucionários, atacados nessa altura pelos militares golpistas e, ainda hoje, injustiçados pela narrativa oficial.

As campanhas infames contra o PCP, como a que foi feita em torno da Festa do Avante, ela que foi a primeira demonstração de que é possível em tempo de pandemia salvaguardar a atividade política e cultural,  o silenciamento das suas posições  e alternativas na comunicação social, as denúncias caluniosas contra alguns dos seus líderes e autarcas, resultam...mas em favor da extrema-direita, como afinal o líder do PSD  confessou, ao dizer, que o PSD nunca logrou no Alentejo ter mais votos que os comunistas, a extrema-direita sim.

O PSD continua a não apresentar qualquer alternativa programática para a atual maioria parlamentar que suporta o governo do PS, para a crise da União Europeia e os grandes desafios da sociedade atual, desde a crise ambiental aos perigos da guerra.

A reeleição de Marcelo Rebelo de Sousa, representa, politicamente, a vitória de um presidente respeitador da Constituição, contra o aventureirismo de eleições antecipadas, que parecem ser desejadas pela direção do PSD, enquanto trava uma guerrilha de episódios e casos destinada a desgastar e exaurir o governo e a sua maioria de apoio parlamentar.

Ela demonstra que, na base social dos partidos democráticos, de direita e de esquerda, há condições para a construção de uma grande frente política, nacional e democrática, para defender a democracia e, com o programa correto, para ir mais longe na persecução dos interesses nacionais.

O ovo da serpente

O PSD e o CDS, sobretudo o primeiro, pela sua dimensão e responsabilidades governativas, incubaram no seu seio o ovo da serpente, falharam na formação e educação política democráticas de uma larga camada dos seus militantes e líderes menores. Deviam hoje fazer uma profunda revisão crítica do seu modo de funcionamento. O núcleo político-empresarial do novo partido da extrema-direita viveu e prosperou dentro desses partidos, até que decidiu sair para os envolver, despedaçar e engolir!

A corrupção, a troca de favores, o nepotismo, cresceram envolvendo altos e pequenos dirigentes dos partidos do fragmentado “arco do poder”, dando à extrema-direita uma arma contra a democracia liberal. Não sabemos ainda hoje a dimensão do” pântano” que levou o mais prestigiado dos líderes políticos nacionais a escolher o caminho das Nações Unidas e, pelo seu mérito, humanismo e independência, a ascender ao cargo de Secretário-Geral. Não é por acaso que a sua atividade nessa missão quase não passa na nossa comunicação e redes sociais, criando-lhe uma falsa imagem  e não documentando a ativa intervenção em todas as grandes questões da política mundial, do ambiente á saúde, da guerra e da paz.

Mas a investida da justiça portuguesa contra os crimes dos ricos e poderosos, demonstra que os seus magistrados, carecendo de meios e atacados por privilégios que não têm ( a maioria foi recentemente aumentada apenas em 100 euros), constituem hoje uma força ativa contra a corrupção da democracia. As suas insuficiências estão mais no conteúdo liberal das leis aprovadas durante o período de hegemonia dos partidos do "arco do poder"(protegiam mais a propriedade e menos os direitos humanos) , do que na morosidade da sua ação: recordo apenas que, até há poucos anos, as penas contra os crimes de colarinho branco eram tão insignificantes, quanto os prazos de prescrição, mas era aos juízes e procuradores  que se atribuíam as culpas da sua impunidade, como se fossam eles a fazer as leis, e não o governo e a Assembleia da República.

É dever dos cidadãos analisar criticamente o que se esconde por detrás das campanhas políticas que reclamam o controle das magistraturas, num momento em que novos e os mais importantes processos contra a corrupção dos ricos e poderosos  sobem a tribunal. A extrema-direita está empenhada em desprestigiar a justiça, para afirmar a sua tese da necessidade de substituição do regime democrático  e golpe constitucional presidencialista e para  retirar a autonomia às magistraturas, colocando-as nas mãos dum presidente/tirano, como o fez o líder atual da Hungria e o quis fazer Trump, com as nomeações para o Supremo Tribunal de Justiça.  Mal vão os dirigentes políticos da direita democrática, que não combatem esta propaganda envenenada, antes a promovem no seu discurso,

Alimentam as fileiras da extrema-direita os pequenos empresários, do comércio e serviços, da indústria e da agricultura,  a quem nunca chegaram os fundos comunitários, arruinados pela concorrência desleal, os altos juros bancários, que tudo penhoram e expropriam e a perseguição das finanças e da segurança social, implacáveis para com os pequenos, ao serviço dos grandes credores.

Alimentam as fileiras da extrema-direita os jovens desclassificados e desempregados, sem subsídios, alienados pelo desporto e que escolhem a via da marginalidade

Os trabalhadores independentes, que têm de esmolar e pagar antecipadamente a sua segurança social.

Os quadros técnicos excluídos do mundo dos negócios partidários e que conhecem por dentro os podres do regime.

Os polícias  e guardas, mal pagos, privados dos direitos básicos do ser humano, casa, família, condições de trabalho…

Os saudosos do antigo regime. de todas as classes, que foram descendo na escala social e regressaram ao seu mundo rural e aos subúrbios das cidades, onde as carências e abandono não param de crescer.

Alguns dos que prosperaram no estrangeiro e ali se tornaram simpatizantes e valetes das extrema-direita, que minou o partido republicano dos EUA e as democracias liberais de todos os continentes,  e vinha estendendo o seus tentáculos pelo leste e o centro da Europa.

Em todos estes grupos socias há gente a resgatar e outros que respondem com violência aos que se atravessam nas suas ambições.

Portugal necessita de uma frente única democrática para enfrentar esta ameaça e a ditadura internacional do capital financeiro, onde os Fundos Abutres se sobrepõem já ao poder do cartel dos grandes bancos, para construir uma alternativa ao Federalismo Burocrático e Monetário da União Europeia. Nela cabe o atual presidente e cabem todos os partidos democráticos.

Não entender onde está o perigo principal, é hoje o risco maior dos partidos de esquerda em Portugal, mas também dos partidos da direita democrática.

A extrema direita foi contida primeiro na Grécia, pela política do Syriza, que lhe retirou a bandeira nacionalista, separando-a das forças nacionalistas democráticas que trouxe para o governo, e, sobretudo, com a sua política de enfrentamento das medidas austeritárias da Troika, impostas pela força, mas nunca cedidas sem denúncia e contrapartidas e de apoio às vítimas da austeridade, empresas e trabalhadores.  Quando o partido "Aurora Dourada", que a representa, se tornou violento e levou a violência ao assassinato dos seus adversários, o estado democrático abateu-se sobre ele com as suas forças policiais e de justiça, julgou e puniu com pesadas penas de prisão os seus líderes.

A extrema direita foi contida em França, pela frente unida dos partidos democráticos e a sua ação conjunta nos combates eleitorais, deixando-a isolada e desmontando a sua demagogia. Na Alemanha, pela liderança de Merkl, que nunca aceitou coligar-se com ela para aceder ao poder nos estados alemães onde fazia maioria ( à atenção do PSD).

Foi contida em Espanha, pela ação reformista e progressista, da coligação governamental  PSOE-UnidosPodemos, englobando socialistas, comunistas e outras tendências democráticas.

.../...

Esvaziemos os ovos - enquanto é tempo.

Utilizado de há muito como termo para expressar o “prenúncio do mal” ou o “mal em gestação”, “O Ovo da Serpente” é também um dos mais impressionantes filmes de Ingmar Bergman, que como ninguém retratou em linguagem cinematográfica a república de Weimar ou os anos que antecederam o advento da Alemanha nazista.

Sem comentários: