2.2.20

O PCP e o Brexit



Contributo para o debate político, em defesa da soberania dos países e do direito das nações a escolher o seu próprio caminho para as democracias e os socialismos

A saída do Reino Unido não “Constitui uma derrota para todos quantos tentaram, através de inaceitáveis pressões, chantagens e manobras, quer na União Europeia, quer no Reino Unido contrariar a decisão soberana do povo britânico.” Afirma um comunicado do PCP.
Elas existiram, mas não foram os povos do Reino Unido, através das suas lideranças progressistas e populares, a lançar o processo de saída nem a conduzi-lo para o caminho atual.

Outrossim, no plano nacional, as forças políticas que representam o que resta da oligarquia britânica: a alta finança, que criou os paraíso fiscais e as grandes companhias imperiais, as maiores responsáveis pela crise ambiental, que reconquistam a sua plena liberdade de ação. 

Essa oligarquia assume uma estratégia que prevê a desagregação da União Europeia a curto prazo e antecipa o caos que sobrevirá, em função dos seus próprios interesses. A propaganda chauvinista e anti-imigração que mobilizou a sua base de apoio popular e eleitoral, não consente uma interpretação progressista do ato da saída. 

No plano internacional, o Brexit teve como principal apoiante outra oligarquia, a do governo Trump, que pretende manter a sua hegemonia mundial e tem encontrado nos governos conservadores e trabalhista do Reino Unido, os seus principais aliados, na liberalização irrestrita do capital financeiro, na desregulação dos mercados e nas guerras pela posse e reconquista dos recursos estratégicos_ as forças armadas do RU são as mais poderosas da Europa. 

O Brexit não “constitui uma vitória sobre o medo, a submissão e o catastrofismo. E muito menos representa por isso “um elemento adicional na luta por uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos”. 

Apenas deixa o mundo mais próximo da nova crise financeira e do confronto belicista que ameaça a paz mundial. 






















A saída do Reino Unido da União Europeia representa um sério revés nas teorias da inevitabilidade e da irreversibilidade da União Europeia. Constitui uma derrota para todos quantos tentaram, através de inaceitáveis pressões, chantagens e manobras, quer na União Europeia, quer no Reino Unido, contrariar a decisão soberana do povo britânico.


O PCP manifesta dúvidas, discordâncias e inquietações sobre os termos do Acordo de Saída do Reino Unido, inseparáveis da matriz e imposições dos Tratados, da natureza política e ideológica das forças que negociaram o Acordo e do longo processo de ingerência e chantagem que está na origem das suas insuficiências, debilidades e condicionalidades que não respondem a legítimas aspirações e interesses do povo britânico, tentando, ao invés, impor opções que mantenham aquele país vinculado a políticas da União Europeia.


Apesar disso, e de profundas contradições que se manifestaram e que continuam a marcar a situação social e política no Reino Unido – várias delas resultantes das pressões e ingerências da União Europeia –, o PCP sublinha que a decisão do povo britânico agora concretizada constitui uma vitória sobre o medo, a submissão e o catastrofismo, representando por isso um elemento adicional na luta por uma outra Europa dos trabalhadores e dos povos.


O PCP considera que o Governo português deve tomar as iniciativas necessárias para assegurar o desenvolvimento de relações bilaterais mutuamente vantajosas entre Portugal e o Reino Unido, no quadro do respeito da soberania e igualdade de direitos de cada um dos países e dos direitos e aspirações do povo português e do povo britânico. Nesse sentido o PCP considera que a defesa dos interesses do povo português, e da comunidade portuguesa no Reino Unido, não deve ser condicionada ou colocada em causa por quaisquer imposições ou constrangimentos da União Europeia, nomeadamente no quadro da futura relação entre o Reino Unido e a União Europeia.


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