8.6.20

O jovem que escreveu o cartaz de ódio contra a polícia...

...copiando outros cartazes_ com o mesmo slogan, que  proliferam há anos nas redes sociais, marcha em sentido contrário aos manifestantes pacíficos, que em centenas de cidades americanas e por todo o mundo, protestam contra o racismo.

Não tem educação política e resvala para a amoralidade.
Se por acaso, ele, ou outro como ele, ler estas palavras, peço-lhe que reflita bem no que escreveu, á luz do pensamentos político daquele homem, negro, que como nenhum outro, dedicou a sua vida a combater o racismo, institucionalizado como apartheid... Nelson Mandela. O resistente sul africano, que passou a maior parte da sua vida na cadeia,  por ser fiel a esse ideal, escreveu no seu Diário Íntimo:
“A situação real no terreno pode justificar o recurso à violência, que mesmo os homens e mulheres bons podem ter dificuldade em evitar. Mas mesmo nestes casos a utilização da força deverá ser uma medida excecional, cujo objetivo primordial deverá ser o de criar o ambiente necessário para soluções pacíficas. São estes homens e mulheres bons que constituem a esperança do mundo.”

Mas devia, em primeiro lugar,  pensar, pela sua própria cabeça _ e interrogar-se sempre sobre o que representam siglas  e movimentos obscuros que o seduzem à distância pela Internet, pois na luta política são usadas todas as armas e a diferença entre a provocação e o radicalismo sem princípios, é mais fina que um cabelo.

Devia pensar que o policia, nos EUA. como em Portugal, é um ser humano com família, vizinhos, amigos e que a sua morte, como a morte de qualquer cidadão português, não cabe na lei que pune os crimes mais hediondos, por uma única razão: o julgamento humano, por mais rigoroso, é falível e nada, mas nada, repara a perda de uma vida humana, e isso inclui todos os que cometem crimes graves ou, no outro lado, vestem uma farda.

Ao contrário do que diz outro cartaz, o diabo não são os outros, mas cada um de nós, quando julga e age sem consciência política e sem regras morais!

Há uma profunda crise económica, política e moral, na sociedade dos EUA. A prosperidade desta grande nação, assenta hoje numa economia fortemente militarizada que não hesita em usar as amas mais mortíferas lá onde se sintam atingidos "os interesses americanos"_ leia-se das suas multinacionais e capitais financeiros.

Nos EUA, segundo o Relatório do FBI de 2018, em consequência de 58.886 ataques contra as forças policiais, 18.005 agentes ficaram feridos e 53 foram assassinados (11 eram mulheres); outros 51 perderam a vida em acidentes de serviço. O número total  de mortos subiu em 2019 a 135. Num universo nacional de mais de 800.000 agentes da lei.

Em 2018, a polícia dos EUA matou 999 pessoas e 1006 em 2019.

Nesta sociedade, a venda e o culto das armas de fogo prevalece e as divisões de classe, cultura e etnia, acentuam-se a cada nova crise_ na ressaca da crise financeira de 1998-1999,  apenas 1% da população passou a acumular anualmente 92% do valor do PIB, segundo as próprias estatísticas do governo federal.

A cultura da classe dominante dos EUA nasceu com o estigma da escravatura e prolongou a segregação racial até aos anos 60 do século XX; gerou a doutrina Monroe ainda no século XIX, atribuindo a si próprio a tutela do continente americano e depois do mundo inteiro.

Numa sociedade como esta, as forças policiais são a tropa de choque contra todas as chagas socias: toxicodependência,, crime, pobreza e a ascensão aos lugares de chefia, o acesso à profissão e a carreira, dependem da adesão de cada agente aos ideais dos grupos dominantes: o agente policial, assume socialmente o papel de carrasco e vítima.

O jovem que compara as polícias de Portugal e dos EUA, evidencia também que não conhece a realidade do seu próprio país, e esse é o seu primeiro dever de consciência.

Os organizadores da manifestação, deveriam tê-la feito_ como é dever dos responsáveis políticos, com um serviço de ordem, que garantisse a distância social exigida pela pandemia ( esse apelo está a ser dirigido pelos CDC americanos aos manifestantes que protestam contra o assassinato de George Floyd) e deviam,. por sua iniciativa, retirado imediatamente os cartazes que pregam o ódio alienante.

A Direção da PSP e os sindicatos respetivos, entregaram o caso à justiça, os partidos constitucionalistas, de direita e da esquerda,  repudiaram o conteúdo dos cartazes. Fizeram apenas o seu dever.

Quanto ao jovem e outros visados, deviam, em consciência política e moral, denunciar-se às autoridades, sublinho_ denunciar-se a si próprios, sujeitar o ato ao seu próprio juízo moral e político, agora que está sob o escrutínio dos seus concidadãos e arrepiar caminho… ou sofrer as consequências.

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