O governo sírio não é politicamente
estúpido, nem militarmente inconsequente. Então, porquê bombardear com gaz uma
cidade sem valor estratégico, no momento em que está a vencer a guerra? E logo
agora, quando o último ciclo de conversações de paz em Genebra (Daesh excluído),
sob a égide das Nações Unidades e da parceria Russo-Americana, concluído em
março, permitiu obter o cessar-fogo na maior parte das regiões em conflito (violado
pontualmente por ações ofensivas dos rebeldes e do exército sírio) e a
prestação de assistência humanitária às populações? Favorecendo deste modo a convergência
das ações militares do governo sírio e dos governos do Iraque e do Curdistão
contra os fundamentalistas do Daesh e da Al Qaeda local, apoiadas pelos
governos da Turquia, dos EUA e da Rússia nesse objetivo comum!? (O seu maior
revés foi a saída do Conselho Nacional do Kurdistão do High Negotiations Committee, que reuniu as forças opositoras a Al
Assad, porque esta estrutura se opõe à criação de um estado federado que
reconheça os direitos nacionais dos curdos na Síria).
A guerra na Síria é uma guerra
total e todas as partes envolvidas são culpadas por crimes de guerra,
denunciados pelas Nações Unidas, a única entidade política que tem autoridade internacional
para os reconhecer. Em 2013, a Investigadora Carla Del Ponte da ONU, apesar da
enorme pressão política e mediática que sofreu, no âmbito do Relatório independente
elaborado sobre a violação dos Direitos Humanos na Síria, revelou testemunhos
inequívocos do uso de gaz Sharin pelos grupos militares opositores ao regime
sírio: “Our investigators have
been in neighbouring countries interviewing victims, doctors and field
hospitals and, according to their report of last week which I have seen, there
are strong, concrete suspicions but not yet incontrovertible proof of the use
of sarin gas, from the way the victims were treated”. Nesse mesmo ano, o acordo entre EUA e Rússia conduziu à destruição
de arsenal químico do governo sírio, sob a égide das nações Unidas.
Agora e após o ataque americano a
uma base aérea Síria, justificado politicamente como de retaliação contra o uso
de armas químicas, o jornal New York Times titulava o seu artigo de 08 de abril
de Syria Strike Puts U.S. Relationship With Russia at Risk, dando conta da reação russa, President Vladimir V. Putin’s office called the Tomahawk cruise missile
strike on Syria a violation of international law and a “significant blow” to
the Russian-American relationship, while Prime Minister Dmitri A. Medvedev said
it had “completely ruined” it, sublinhando que a intervenção militar obteve o apoio de democratas e republicanos, incluindo Hilary Clinton, em contraste com a posição da administração de Obama em
iguais circunstâncias. A própria CNN, "em guerra" com Trump, trocava os títulos depreciativos das notícias sobre o novo inquilino da Casa Branca, do vulgo Trump para "O Presidente Trump".
Os falcões militares, de leste a ocidente; os industriais da guerra e os seus financiadores; as grandes cadeias da comunicação social, aplaudem! Mas não só! O governo português mostra-se “compreensivo”,
se as acusações forem verdadeiras ( e, se não forem?) As democracias ocidentais
aplaudem…A AlQaeda e o Daesh, também!
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