Aracnismo* político
*O termo aracnismo significa
envenenamento ocasionado pela mordedura de um aracnídeo peçonhento, por
exemplo, uma aranha ou escorpião.
No geral as aranhas são predadoras.
A estratégia de captura das presas mais usada é a das teias adesivas, mas os
órgãos de comunicação social formatados pelo austeritarismo, servem
perfeitamente para o efeito.
Uma outra estratégia é conhecida como
senta-e-espera na Assembleia da República, que permite ao predador economizar o
máximo de energia entre uma captura e outra, mantendo o metabolismo baixo. Os
trabalhos da “Comissão Parlamentar de inquérito à recapitalização da Caixa
Geral de Depósitos e à gestão do banco”, criada em 2016-07-01, ainda nada
apuraram
” … no domínio da concessão e gestão
de crédito desde o ano de 2000 pelo banco em Portugal e respetivas sucursais no
estrangeiro, escrutinando em particular as posições de crédito de maior valor
e/ou que apresentem maiores montantes em incumprimento ou reestruturados,
incluindo o respetivo processo de aprovação e tratamento das eventuais
garantias, incumprimentos e reestruturações;”
Várias evidências sugerem que as
aranhas evoluíram em condições de privação alimentar, isto é, do poder. Podem
passar por longos períodos de tempo em jejum, mas quando chegam ao governo
consomem todas as presas que podem, sobretudo as mais indefesas,
particularmente utentes do Serviço Nacional de Saúde, pensionistas e funcionários
públicos, expandindo então, consideravelmente, o abdómen.
Essas características sugerem que as
aranhas descendem de um país ancestral, com baixa disponibilidade de emprego e
cuidados para os filhos, de nome Portugal. Atualmente, essa situação não é
muito diferente, e os juvenis e outros espécimes desprotegidos, como os
desempregados de longa duração, ou emigram ou vivem em stresse alimentar.
A exúvia de um artrópode pode ser
útil para identificar a espécie. A exúvia é em geral exclusivamente constituída
por cutícula quitinizada ou material córneo, podendo por vezes conter órgãos
cuticulares como escamas ou cerdas: é o que se encontra na mudança de pele
largada pela cobra. Mas também pode incluir memórias políticas em papel
impresso e outros vestígios, de verdades e mentiras “irrevogáveis” e de um
estado, “oh!, já sem gorduras”, de “cofres cheios”( para quem?). Porque,
afinal, ainda é preciso…
“Avaliar os factos que fundamentam a
necessidade de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, incluindo as efetivas
necessidades de capital e de injeção de fundos públicos e as medidas de
reestruturação do banco;”
e
“Apreciar a atuação dos órgãos societários da Caixa
Geral de Depósitos, incluindo os de administração, de fiscalização e de
auditoria, dos auditores externos, dos Governos, bem como dos supervisores
financeiros, tendo em conta as específicas atribuições e competências de cada
um dos intervenientes, no que respeita à defesa do interesse dos contribuintes,
da estabilidade do sistema financeiro e dos interesses dos depositantes, demais
credores e trabalhadores da instituição e à gestão sã e prudente das
instituições financeiras e outros interesses relevantes que tenham dever de
salvaguardar.”
Mas, não! As aranhas alçapão (família Ctenizidae) e as
tarântulas presidenciais, não são laboriosas formigas, são predadoras de
emboscada que espreitam imóveis em tocas como as Comissões Parlamentares, e,
num bote violento, tiram o tapete aos ministros.
Mesmo quando são aranhas que
mimetizam formigas, desenvolvendo abdómens mais finos e falsas cinturas no
cefalotórax e conseguem mesmo mimetizar o andar em ziguezague das formigas
obreiras derreadas pela labuta permanente, misturando-se com elas na dura faina
do dia-a-dia, ou aranhas que são saltadoras, de um partido do poder para outro,
da cadeira de ministro para o conselho de administração da holding, do banco do credor para o cadeirão do usurário, e deixam
de saltar… à nossa frente! A mimetização é afinal uma estratégia de captura de
alimento, até ao topo da cadeia trófica, e nada é mais suculento que o poder.
Colocado entre a espada e a parede,
o ministro escolheu a espada. Doutro modo, escreveríamos no seu epitáfio, o que
o velho B.B. gravou em versos de despedida:
“Dos tubarões fugi eu!
Os tigres, matei-os eu!
Devorado, fui eu,
Pelos percevejos!”
1 comentário:
"São aracnídeos muito idosos...
Alimentam-se há cerca de 40 anos. Alguns, já vão na 4ª geração, mas mantêm-se bem vivos e com vontade de não partir.
Faço notar, que estes aracnídeos se agrupam por famílias e não são autofágicos. São simplesmente canibais."
Parabéns pelo texto para espelhar a situação vivida.
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