28.4.22

Construir um pensamento crítico sobre a guerra e desescalar a alienação

 

Aqui encontrarão o testemunho do pensamento que luta contra a alienação, o seu questionar desordenado, a descoberta, a dúvida que se interroga, a ideia que volta a ser analisada, criticada, para que o pensamento crítico sobreviva ao pensamento único, pensamento único sem o qual os senhores da guerra serão incapazes de conduzir os povos para a matança e serão vencidos.

Há 3 guerras em curso e escamotear a guerra civil e o confronto geoestratégico, escamotear que a escalada de sanções e de rearmamento, sem qualquer solução política de paz imediata e justa, ou melhor, com o objetivo de levar o estado russo à falência, como afirmou a presidente da UE, é trazer a recessão e a guerra total para o horizonte

A política imperialista e anticomunista do partido de Putin, representa uma das formas atuais do capitalismo, o capitalismo oligárquico, que emergiu da queda dos regimes de leste.

A guerra civil que começou com o golpe de estado de 2014, e durou até à invasão, matou mais gente e provocou destruições como as de hoje, não foi travada entre russos e ucranianos, mas sim entre um novo poder oligárquico que derrubou um presidente democraticamente eleito pelo povo ucraniano, contra uma parte do seu povo, ucranianos russos, mas também ucranianos polacos, ucranianos romenos, ucranianos gregos…que se levantaram em protesto em todo o sul e este da Ucrânia.

Quem não conhece a história da Ucrânia, não sabe que  Krutchev e Brejnev eram ucranianos de etnia russa, não tem consciência de que é preciso conhecer a situação política da Rússia e  as doutrinas de soberania e defesa nacional dos EUA, para compreender esta guerra…desconhecer tudo isto, é o que é comum aos milhões de europeus alienados pela propaganda, mas, ainda mais trágico, é que os líderes europeus também desconhecem ou fingem desconhecer estas questões essenciais.

A Ucrânia é fruto da revolução bolchevique, foi ela que a fundou em 1918. O discurso de guerra e invasão de Putin, foi contra a URSS e o PCUS, acusando-os de amputar o império clarista deste território (que configurou o nascimento da República Popular da Ucrânia) e de entregar à Ucrânia uma das principais regiões industriais da Rússia,  por proposta do próprio Lenine, para que se transformasse de uma terra de servidão agrícola numa nação moderna, logo em 1918. República que se integraria na URSS em 1923, e se ampliaria com uma parte do território polaco devolvido em 1939 aos soviéticos e receberia em 1953 a Crimeia russa, iniciativa de Krutchev, para que as suas estruturas industriais e portuárias ajudassem à reconstrução pós 2ª Guerra Mundial…

Mostrem-nos as notícias a ocidente que tivessem relatado a guerra civil 2014-2021, contra os russos do Donbass!? As análises sobre a situação política da Rússia, não vão além da mistificação de que um outro oligarca é o líder da oposição!

O reino do Kiev russo é a origem da Rússia e não da Ucrânia.

O presidente ucraniano acaba de ilegalizar 14 partidos de esquerda, sob a acusação de pró russos, sem um protesto do chamado ocidente.

Acabam de ser violadas todas as regras que estabilizavam o sistema financeiro internacional, confiscando metade das reservas do estado russo. Um salto no abismo. Não existe no direito internacional o direito do governo dos EUA ou dos burocratas de Bruxelas a fazê-lo, um salto no abismo, é uma citação de um antigo secretário de estado do tesouro australiano.

A União Europeia vendeu mais de 340 milhões de armamento à Rússia durante a Guerra Civil (2014-2021) e a Rússia foi o segundo maior cliente da indústria de guerra da Ucrânia neste mesmo período. Sim, dos oligarcas ucranianos que controlam essa indústria.

A ajuda em armamento da UE é afinal, empréstimo! E superior à ajuda humanitária! Com que juros? Os cidadãos europeus foram informamos do negócio?

No que respeita aos EUA, o seu governo assume que retira as armas da sua reserva e paga às 5 maiores empresas do setor para as restabelecer, omitindo se existem contrapartidas

Qual é a solução política a que conduz o rearmamento da Ucrânia e a escalada de sanções?

O referendo e o processo, a ser supervisionado pela OSCE das Nações Unidas de auto determinação das repúblicas do Donbass,  onde as populações de origem russa são maioritárias e são os seus habitantes seculares, estava nos acordos de Minsk (2014-2015), porque não foram aplicados? E porque continuou a guerra civil? Porque nunca foram investigados até ao fim os massacres dessa guerra, porque não o fez o governo da Ucrânia, como denuncia a Comissão de Direitos Humanos da ONU? Terão de o ser, os primeiros e os atuais!

A Turquia anunciou em 2 de abril a chegada a um acordo de paz que incluía a neutralidade da Ucrânia e no dia seguinte surge o caso de Bucha.

Um exército disciplinado e com um comando único não esconde os seus crimes, deixa-os expostos, sai voluntariamente de uma cidade que controla, cumprindo a promessa do acordo que se prepara para oficializar, de deixar Kiev em paz, esta circunstância parece credível e irrelevante o momento?

É legítimo confiscarem a nossa liberdade e capacidade de julgar, proibindo a televisão russa?

As barbaridades e os massacres desta guerra e da guerra civil que teimam em não reconhecer, são incomensuráveis.

A guerra civil (2014-2021) foi uma mentira?

O avanço da NATO para as fronteiras da Rússia não deixou a Ucrânia exposta à invasão?

A Rússia é também Europa e durante meio século, em plena guerra fria, foram construídos tratados de segurança que evitaram a guerra! Porque não se volta a esses acordos?

Não houve guerra civil, nem existe uma estratégia dos EUA para prover o conflito?

Eu continuo a dizer, desde o início da invasão, que só o povo russo pode deter a oligarquia que Putin e o seu partido representam!

Fantástico, não houve golpe de estado em 2014 e falar o russo não foi proibido nas suas províncias?

Os russos do Donbass, que ali vivem há 500 anos, 8 milhões, 17% da população ucraniana, do Donbass a Odessa, são “homenzinhos verdes”, soldados que vieram disfarçados da Rússia!?

O capitalismo oligárquico que se apropriou do poder no leste, como a oligarquia que se apoderou das democracias liberais, conduzem uma guerra económica entre si que escalará para a guerra global e para o agravar da crise ambiental. Não há solução política no quadro deste regime para evitar o apocalipse!?

As guerras da Ucrânia assinalam que o relógio do holocausto está de novo a funcionar.

O governo de Putin reforçou o seu apoio interno com a política de rearmamento da Ucrânia e de escalada das sanções, mas o sofrimento do povo russo aumentará.

O que defendi sempre, e está escrito e reescrito é a integridade da Ucrânia, nem o reconhecimento das Repúblicas do Donbass, nem sequer o retorno da Crimeia à Rússia.

A neutralidade da Ucrânia e a entrada imediata deste país na UE com um programa de reconstrução.

A transferência para as Nações Unidas da resolução dos conflitos e da garantia de defesa dos países, mesmo no plano militar.

O golpe de estado violou o acordo de pacificação da Ucrânia em 2014, que previa eleições antecipadas em Outubro, mediado pela Alemanha, a França e à Rússia e atraiçoado pelos EUA.

O discurso dominante ignora a maioria destes factos e nem se dá ao trabalho de ler os textos completos, sejam da Tass ou do site do Zelensky. E repete todas as falácias que nos afastam de uma paz justa e duradouro. É significativo que nas suas propostas de paz nada ofereçam à nação russa, nem sequer a neutralidade da Ucrânia.

"Inclino-me respeitosamente, de luto,  perante o sacrifício supremo do povo ucraniano, ao resistir ao invasor. Inclino-me perante a morte dos soldados russos, mobilizados para defender o Donbass, mas atirados traiçoeiramente para uma guerra fratricida. Tirem vocês, os meus concidadãos de Portugal e do mundo, que leram estas fracas palavras, as consequências políticas." AdSQ 7 de março. A minha posição moral.

As notícias que seleciono,  seguem o critério de nos dar a informação sobre o contraditório e as fontes, que foram varridos da "informação" dos media da democracia liberal, não encontrarão em nenhuma sinal de apoio às guerras. E no conjunto dos post, verão o mesmo método aplicado à posição da Ucrânia, dos EUA, da UE, da China...as fontes, o contraditório. Raras vezes um comentário...quando muito uma pergunta.

Aqui têm as fontes. “Os homenzinhos de  verde” eram 7 a 8 milhões de ucranianos russos. Não tinham aviões, nem tanques, nem mísseis. A imprensa ocidental já lhe chamava separatistas, mas os seus líderes não defendiam ainda a integração na Rússia. Reclamavam contra o golpe de estado, que lhes retirara o direito de usar a sua língua nas escolas e serviços públicos,  e  por um referendo. Essa mesma imprensa já escamoteava o recente golpe de estado, a ilegalização do Partido Comunista da Ucrânia....Vêm alguma semelhança com a invasão russa nestes títulos...?

14.000 mortos na guerra civil de 2014 2021, 2/3 russos do Donbass. Fonte: Nações Unidas.

Nesta reflexão a guerra não está justificada, está explicada: nestas guerras não há os teus bons e os maus, que são os outros. Só há maus.

Afinal, há uma guerra civil ou não?

Os EUA há cem anos que adotaram uma política de intervenção na Eurásia ou não?

A NATO é uma instituição de defesa ou de intervenção, não teve qualquer responsabilidade no crescimento da tensão com a Rússia?

O governo da Ucrânia está a receber armas da UE de graça?

A Ucrânia foi fundada pela Revolução Bolchevique, ou não?

O discurso dominante é um delírio de propaganda, em tudo igual ao que leio e vejo e escuto: ai de que questione as responsabilidades da UE, dos EUA, da NATO nesta guerra...é pró-Putin!

Foi assim com o Iraque, a Síria, o Afeganistão, a Líbia e a nossa guerra colonial.

O esbulho de metade do tesouro russo pelos EUA e pela UE tem algum fundamento no direito internacional?

A proibição de emitir para a europa da RTI tem algum fundamento no direito internacional?

A ilegalização de 14 partidos da oposição pelo governo de Zelensky e a proibição do uso da sua língua pelos ucranianos, russos, polacos, gregos é verdade ou mentira?

A integração do Donbass, Odessa e outros centros industriais da Rússia na recém nascida República Popular da Ucrânia, em 1918 é um facto histórico contra o qual se insurgiu Putin no seu discurso anticomunista e imperialista com que lançou a guerra, ou não?

Foi a URSS que acrescentou à Ucrânia o seu território polaco, em 1939 e em 1954 a Crimeia, para apoiar o seu renascimento da II guerra com uma nova saída para o mar e o grande porto de Sebastopol, contra o que se insurgiu no mesmo discurso Putin, ou não?

Então a verdade, escrita a ocidente, é que Putin quer reconstituir a URSS?

Quando o presidente americano afirma que a solução política da guerra da Ucrânia está no derrube do governo de Putin e na vitória militar da Ucrânia, a quem condena a verter mais sangue?

À luz do direito internacional a Rússia não pode reclamar, como fez os EUA na crise de Cuba, que a sua fronteira seja neutral, sem mísseis e armas nucleares?

Quando a presidente da Comissão Europeia, proclama que a sua política vai realizar o objetivo do governo americano, através do rearmamento da Ucrânia e a escalada de sanções e irá ainda mais longe, pois é certo que o Estado Russo vai falir (sic), isto é uma declaração de guerra total, equivalente aquela que os EUA tomaram com o boicote do fornecimento de petróleo ao Japão e que precipitou Pearl Harbour?

Com uma diferença: A estabilidade do sistema económico e financeiro internacional entrará na dimensão do desconhecido, do abismo e do caos e a oligarquia russa usará as armas nucleares como o fez a oligarquia dos EUA contra o Japão já com a guerra ganha.

Então quem escreve isto, quem procura e estuda as lições da história, quem teme pela escalada da guerra e o advento de uma recessão mundial, deve calar-se, ´é pro Putin?

Então a guerra económica sem quartel lançada pela Comissão Europeia e os EUA, nada tem a ver com o carreirismo e a promoção política dos seus testes de ferro, é humanitarismo puro, sincero, sem ambições políticas e pessoais? E somos nós, os que duvidamos, questionamos quem suja as mãos de sangue com as  ideias e propostas de defesa da integridade da Ucrânia, dos direitos da nação e dos povos da Federação Russa e da Ucrânia multinacional e pacífica?

Eu sei que escrevo na areia, e que os insultos e acusações são hoje dominantes na lavagem cerebral a que estamos sujeitos pelos monopólios da desinformação.

Dum lado e do outro há lideres que conscientemente cravam esporas nos cavalos do apocalipse.

Ah! Mas a NATO protege a Europa, com as suas armas nucleares estacionadas na Alemanha e na Itália. Mentira. Os governos destes países não têm acesso a estas armas. A sua manipulação, os códigos do apocalipse, estão nas mãos dos militares americanos, que guardam esse segredo. Os países que as acolhem são plataformas de lançamento próximo, e por isso, alvos marcados. Para quem prepara a guerra, faz toda a diferença os minutos que encurtam as distâncias entre os EUA e a Europa, a Alemanha e a Itália, de Moscovo, os EUA da China, a Austrália da China...O cerco militar à China e à Rússia alargou-se e  está a ficar mais apertado. A Europa,  a Austrália e o Japão, são apenas plataformas de lançamento. O alargamento da NATO não traz nenhuma segurança a esses países, a NATO não é uma organização democrática, a sua história não é de defesa, mas de intervenção militar, desastre após desastre: são os americanos que decidem quando e contra quem, carregarão no botão...Vivemos e corremos o risco de morrer inocentes, num mundo alienado, muito antes da crise ambiental nos consumir. Qual crise ambiental? Qual guerra civil na Ucrânia? Qual intervenção, da Arábia Saudita, EUA... no Iémen? (A maior tragédia humanitária atual, ONU). Qual Afeganistão em risco de um milhão de mortos de fome e doença, sob boicote extremo dos países da NATO que o devastaram?

Já não distinguimos o povo russo, do seu governo oligárquico, suportado nas eleições de novembro de 2021 por apenas 25% do eleitorado: há um discurso de ódio que já levou ao boicote e expulsão  dos paraolímpicos dos Jogos Olímpicos de Inverno. Os cientistas, já estão isolados. As estrelas do ténis, ou se demarcam, ou ficam de fora dos Grand Slam. Sem apelo nem agravo, de fora já estão as seleções de futebol. No lugar da televisão russa, abre-se agora um buraco negro. Humanitarismo e impiedade, para uns, mas nunca para os outros! Dostoievski, já foi proibido numa universidade italiana, apesar de logo reabilitado…No horizonte, eleva-se, passo a passo da escalada, o fantasma da guerra nuclear!

 

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