24.2.19

I. Cristo redentor, o ícone sagrado da revolução bolivariana




A tua fé é o que tu acreditas tendo disso consciência, e não o que acredita a tua Igreja…Digam a vossa verdade sempre (em particular quando pareça mais inoportuno dizê-lo) … e vereis a Deus e morrereis…É o melhor que podeis fazer num mundo de mentira: morrer por ver a Verdade (Unamuno, Don Miguel, 1906)


 Contra a Constituição da Venezuela

 Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, qual é o Artigo da Constituição da República Bolivariana da Venezuela, que a oposição cita e por si foi invocado para legitimar o reconhecimento de Juan Gaidó? O Artículo 233. Serán faltas absolutas del Presidente o Presidenta de la República: la muerte, su renuncia, la destitución decretada por sentencia del Tribunal Supremo de Justicia, la incapacidad física o mental permanente certificada por una junta médica designada por el Tribunal Supremo de Justicia y con aprobación de la Asamblea Nacional, el abandono del cargo, declarado éste por la Asamblea Nacional, así como la revocatoria popular de su mandato. Não se aplica ao caso!

Contra o Direito Internacional e a Carta das Nações Unidas

 Sr. Primeiro Ministro, em que carta jurídica do Direito Internacional se apoia a posição do seu governo de intervir, em conjunto com outros, na vida interna de um país soberano, querendo impor um governo provisório, não eleito, mas investido do formidável poder de decidir como e com quem organizar eleições para assaltar o executivo, representante de uma fação partidária minoritária alinhada com a política imperialista do governo Trump, que foi quem o lançou, ao mesmo tempo que intensificava o bloqueio económico e financeiro e ameaçava com a intervenção militar?
Ainda mais senhores, depois das Organização das Nações Unidas e reiteradamente o seu Secretário-Geral António Guterres (consultaram-no, ao menos?) ter declarado ilegítimo o diktat americano e a ingerência dos seus seguidores, à luz da sua Carta que regula o direito internacional em matéria das relações políticas entre os estados?
E ouviram as razões da Rússia e da China, da Itália, da Grécia, da África do Sul, de Moçambique, da Índia, da Palestina, da Síria, do Iraque, de Cuba, da Nicarágua, da Líbia…entre outras dezenas de países, do próprio Papa que conhece bem a sua América Latina!?

A favor do golpismo violento

Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros, Sr. Primeiro Ministro, socialistas democráticos do Partido Socialista Europeu, porque não informam o vosso povo e os povos da Europa, que os partidos que formaram maioria na Assembleia Nacional (em 2015) nunca representaram mais de um terço dos cidadãos da Venezuela e valem hoje menos de metade desse terço, pois o MUD que os elegeu se desfez em 2018, em duas grandes fraturas: a primeira, com 3 milhões de eleitores a votar nas presidenciais de 2018 contra Maduro (e contra a abstenção que o MUD preconizava) nos dois candidatos da oposição, o do partido Primera Justicia_PJ e o das associações evangelistas? A segunda com o abandono do MUD não apenas do partido Primera Justicia como do COPEI, a referência histórica da democracia cristã!?


E porque não escrutinam e omitem o programa austeritário e neoliberal do grupo de Guaidó, contra o qual o povo português vos elegeu e vos concedeu o apoio parlamentar para governar?
Está publicado na NET, com o título Plan País, no site da Assembleia Nacional. Fala de forma vaga sobre as três prioridades, a emergência humanitária e a reativação dos serviços públicos. mas é assertivo em matéria da indústria petrolífera:

 En el marco de la presentación del Plan Páis, realizado en la Universidada Central de Venezuela, los encargados de explicar, a groso modo, lo referente a los Hidrocarburos y la Industria Petrolera fueron el diputado por el Estado Zulia Elías Matta, presidente de la Comisión de Energía y Petróleo de la Asamblea Nacional, el economista José Toro Hardy y el abogado Yon Goicochea.
El diputado por el estado Zulia Elías Matta, dijo enfático que PDVSA debe encargarse de su negocio y dejar de hacer actividades que no son cónsonas con su labor que es explotar sus campos y producir petróleo.
Aseguró que la empresa privada va a ser factor fundamental para el desarrollo del país. “Nosotros vamos a preservar a la nación la propiedad de los yacimientos, de los hidrocarburos, pero vamos a crear empresas mixtas, tal como lo permite la Constitución, para que vengan a invertir e impulsar este país, para que PDVSA compita con esas otras empresas y produzca petróleo”.
Indicó Goicochea que hay decisiones importantes que tomar en las Juntas Directivas de PDVSA, Citgo y en las 42 empresas mixtas, quienes han manifestado su disposición de trabajar con esta nueva administración
. (Prensa de la Assembleia Nacional, 31.01.2019

Contra o seu próprio povo, pelo estrangulamento financeiro do governo bolivariano, através do congelamento dos fundos nacionais nas mãos dos governos e bancos estrangeiros

Senhores deputados do Parlamento Europeu, conservadores, liberais, socialistas, veros representantes do austeritarismo que foi além da Troika e o instituiu em regime chauvinista e autoritário na Hungria, na Polónia, na Eslováquia, na República Checa…que norma democrática, que princípio de direito internacional vos permite lançar ultimatos para decidir o poder e as eleições num país soberano ainda recentemente na História colónia europeia? Porque não escrutinaram e discutiram a legislação produzida pelo grupo minoritário de Guaidó?

ACUERDO EN SOLICITUD DE PROTECCIÓN DE ACTIVOS DEL ESTADO VENEZOLANO ANTE LOS PAÍSES DE ARGENTINA, BRASIL, CANADÁ, CHILE, COLOMBIA, COSTA RICA, GUATEMALA, GUYANA, HONDURAS, PANAM
Fecha: 15/01/2019
LA ASAMBLEA NACIONAL DE LA REPÚBLICA BOLIVARIANA DE VENEZUELA


QUINTO: Desconocer los actos realizados por la Administración Pública, en virtud de la usurpación del Poder Ejecutivo perpetrada a partir del 10 de enero de 2019 por el ciudadano Nicolás Maduro Moros

SEXTO: Solicitar a los países de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colombia, Costa Rica, Guatemala, Guyana, Honduras, Panamá, Paraguay, Perú, Estados Unidos, Bulgaria, Rusia, China, Turquía, Emiratos Árabes y La Unión Europea que instruyan a los organismos regulatorios de las entidades financieras la prohibición expresa de cualquier manejo de activos líquidos del Estado venezolano en las cuentas acreditadas en ese país con el fin de garantizar la protección de los activos del Estado venezolano por no contar el Estado venezolano con representación legal ante los entes regulatorios

SÉPTIMO: Solicitar a la banca privada acreditada en los países de Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colombia, Costa Rica, Guatemala, Guyana, Honduras, Panamá, Paraguay, Perú, Estados Unidos, Bulgaria, Rusia, China, Turquía, Emiratos Árabes y La Unión Europea la prohibición del manejo de fondos, cuentas y activos del Estado venezolano en sus entidades financieras en virtud de proteger el patrimonio del Estado venezolano ante la usurpación del Poder Ejecutivo Nacional por parte del ciudadano Nicolás Maduro Moros


A Ajuda Humanitária como estratégia invasora e subversiva

Aqui é óbvia a concertação com o bloqueio pelos EUA de 30.000.000 milhões de dólares de rendimentos da empresa nacional de petróleo, depositados nos bancos deste país, onde historicamente se situa a empresa venezuelana que refina o seu petróleo pesado, tal foi a dependência criada pelos governantes que precederam a revolução bolivariana, uma revolução pacífica que optou pela via eleitoral democrática e triunfou em 1999.

Esta resolução e este ato de guerra irão provocar maiores carências alimentares, de medicamentos, de máquinas e equipamentos, de bens e serviços para a economia, de tal modo que os governantes europeus apoiantes do grupo de Guaidó afirmaram não a seguir. E vem acompanhada de uma monstruosa farsa denominada Ajuda Humanitária, da USAIF.

Estratégia invasora e subversiva porque a ajuda humanitária também ela está sujeita ao direito internacional e à tutela das Nações Unidas e da Cruz Vermelha. Os EUA ignoraram uma e outra, e as Nações Unidas denunciaram a situação, tal como a Cruz Vermelha. A ajuda estava a ser manipulada politicamente e não havia garantias sanitárias quanto à sua validade.

Mas também farsa, 20 milhões de dólares de ajuda não são nada face aos 30.000.000 milhões tomados pelos generosos dadores. Farsa ainda porque 270 toneladas não representam nada para as carências diárias do povo venezuelano cercado há 20 anos por um impiedoso bloqueio, invisível para a opinião pública internacional. O governo bolivariano presta ajuda alimentar diária aos seus concidadãos de 1.400 toneladas de alimentos e não chega! A diferença é abissal e a farsa medonha, os seus autores tratam a opinião pública com cinismo e completa desfaçatez.

A generalidade da comunicação social faz-lhes a propaganda e amplia-a, descrevendo uma Venezuela rica e próspera, antes dos governos de Chaves e da sua união cívico-militar patriótica, cujos líderes são apelidados de novos ricos, narcotraficantes, como se as lutas pela soberania nacional, a paz, as liberdades e as democracias não tivessem como uma das suas forças de vanguarda, os jovens oficiais, na América Latina como na África de Nasser e do jovem Khadafy, dos sírios do partido Baas ao pai da Turquia moderna, Atatürk, aos capitães de Abril de Portugal!

A Venezuela antes das vitórias eleitorais de Hugo Chaves e do PSUV

Desde a década de 40, quando surgiu a "Ação Democrática (AD)", a Venezuela foi governada em alternância por este partido e pelo partido democrata-cristão “COPEI”, intercalada pela ditadura do general Pérez Jiménez, derrubado em 1958. A Venezuela era uma democracia formal, tutelada por uma hierarquia militar acusada de corrupção e sujeita ao controle dos EUA, uma democracia oligárquica que representava os interesses dos latifundiários e grandes empresários. 

Esta minoria social enriqueceu com a exploração do petróleo venezuelano, deixando morrer a agricultura e não desenvolvendo outros setores da economia. Só entre 1976 e 1995 as exportações de petróleo renderam ao Estado venezuelano 270 biliões de dólares. Mas, em 2001, 71% dos venezuelanos ainda viviam na pobreza, o desemprego atingia 21% da população ativa, e 48% da população dependia da economia "informal". A pobreza infantil atingia 2 milhões de crianças e, na capital, Caracas, viviam nas favelas 60% dos habitantes da cidade. No início do governo Chávez, o país importava 70% dos alimentos e a atividade rural não representava sequer 5% do PIB.

Avalia-se que cerca de 50% da população teria sido excluída do exercício do voto desde os anos 60. Como o registro eleitoral era facultativo e como as zonas de inscrição estavam situadas apenas nas zonas mais prósperas do país, a população mais pobre não participava, na prática, de quaisquer decisões eleitorais. Além disso, o federalismo venezuelano era profundamente autoritário. Cabia ao Presidente da República nomear todos os governadores e prefeitos biônicos, muitos dos quais hoje militam na oposição venezuelana. Apenas em 1989 foram realizadas as primeiras eleições para prefeitos e governadores. Não bastasse, eram comuns as prisões de jornalistas, em razão da publicação de matérias que desgostassem o governo de plantão.” (Leonardo Boff, Teólogo)

Em defesa da honra dos militares democratas e patriotas da Venezuela, com base na crítica do juízo dos factos, contra o jornalismo sectário e cego


Dizem em coro os ministros e deputados europeus que subscreveram os ultimatos ao governo bolivariano, disseram em primeiro lugar os porta-vozes do governo de Trump, diz o que resta do MUD e agora afivela a sigla Guaidó, repetem os jornalistas campeões do seguidismo, exploradores do drama noticioso, sem contexto histórico nem contraditório (a RTP à cabeça), que o problema está nos dois mil generais que governam o país em seu proveito desde o chavismo, que o petróleo e a sua indústria foram esbanjados, mal geridos e que os militares, guardam as suas fortunas em contas bancárias nos EUA e na Suíça, factos nunca documentados.

Mas os tecnocratas de Guaidó são claros ao proclamar que o setor do petróleo vai ser reorganizado essencialmente como negócio, aberto ao investimento estrangeiro, deixando para trás outras funções. O que significa tal essa reorganização, que funções são essas? 

Usemos o juízo crítico dos factos na História.

A decadência histórica da agricultura num país onde as classes dominantes se tornaram as únicas beneficiárias da exploração petrolífera, durante mais de meio século, justificou a promulgação da Lei de Terras e Desenvolvimento Agrário, aprovada no final de 2001, a lei que provocou o golpe de estado fracassado contra o governo eleito de Chavez. A nova legislação passou a proibir a posse de mais do que cinco mil hectares por proprietário, estabeleceu impostos progressivos sobre as propriedades, adotou mecanismos para expropriação de latifúndios improdutivos e determinou a recuperação de áreas públicas ilegalmente ocupadas. Os quatro eixos principais dessa política, foram a distribuição de terras, o apoio financeiro ao setor agrícola através dos rendimentos do petróleo, a assessoria técnica e a distribuição de alimentos, visando diminuir a dependência alimentar e os gastos com a importação de alimentos. Apesar do golpe militar falhado e de atos de violência criminosa que ceifaram dezenas de vidas, mais de 6,4 milhões de hectares foram distribuídos entre 168 mil famílias e a reforma agrária prosseguiu. A banca, pública e privada, passou a ser obrigada a oferecer crédito para o financiamento dos camponeses. Os fundos financeiros da renda do petróleo viabilizaram programas de alimentação escolar e de distribuição subsidiada de alimentos nas cidades, obrigatoriamente abastecidos pelas terras da reforma agrária.

O Banco Agrícola da Venezuela, de capital público, emprestou aos produtores rurais 1,22 biliões de bolívares em 2010, cifra 60 vezes maior maior que em 2006. Desde a criação do Fundo para o Desenvolvimento Agrário Socialista (Fondas), em 2008, mais de 3,7 biliões de bolívares foram emprestados aos agricultores do país.

As fazendas privadas produtivas não foram objeto de expropriações, mas o Estado passou a ser o grande vetor da atividade agrícola.

Apesar da quota de importação alimentar continuar próxima aos 70%, sobretudo para permitir o apoio alimentar aos 71% dos venezuelanos pobres, que os governos do PSUV herdaram, e também por isso, o consumo energético por habitante subiu de 2,2 mil calorias em 1998 para 3,2 mil em 2011, sem aumentar as compras no exterior. A produção nacional de carne bovina, passou a cobrir 78% da procura. A de arroz, 96%. A de leite, 64%. A estratégia política governamental combinou a expansão da agricultura familiar com o enquadramento e apoio por grandes corporações estatais. Essas empresas, além de terem a sua própria produção, compram a safra dos pequenos agricultores e das cooperativas locais, além de fornecerem crédito e assistência. Tal é o caso de empresas como a Los Andes, de engarrafamento de leite, sumos e água; Café Fama da América; Café Venezuela; Cacao Oderi, de chocolates.

Também distribuem os alimentos nas cidades, tanto através da rede privada quanto do sistema Mercal, controlado pelo governo e com preços subsidiados. Vários desses projetos contam com apoio e sociedade da PDVAL, o braço agrícola da gigantesca empresa estatal do petróleo, que canaliza parte de seus lucros para os programas de reforma agrária.

Segundo dados oficiais, a produção de alimentos na Venezuela, entre 1988 e 1998, cresceu 8%, de 15,9 milhões de toneladas anuais para 17,1 milhões. Em 2010, esse volume tinha subido para 25 milhões de toneladas, representando um aumento de 44% da produção agrícola nacional durante a era Chávez.

Mas este caminho foi bloqueado com o emergir da crise de preços no mercado mundial do petróleo.

Para desenvolver a política social, em maio de 2004 criou-se o Fundo para o Desenvolvimento Econômico e Social do País (FONDESPA), diretamente ligado aos lucros da PDVSA, como um mecanismo de transferência para a população ad riqueza gerada pelo petróleo. No primeiro ano de funcionamento este fundo dispôs logo de 2 milhões de USD. Desde 2005, este novo mecanismo permite que a empresa retenha no máximo 26 USD por barril, para financiar o seu funcionamento e infraestruturas, sendo o valor de venda acima desta quantia canalizado para o governo presidencial, que o divide entre o FONDESPA (obras sociais) e o Fundo Nacional do Desenvolvimento, o FONDEM (obras de infraestrutura nacional). Uma quantia imensa, se considerarmos os valores médios do mercado acima de 110 USD, à época.

Mais de dois milhões e quinhentas mil habitações sociais foram construídas.

A guerra do petróleo, o bloqueio económico e financeiro alteraram a situação e enfraqueceram a confiança popular, traduzida na perca de votos para a abstenção, cisões no campo do governo bolivariano e no aumento da corrupção, do mercado negro, sobretudo do tráfico de combustível para a Colômbia e, porventura, por causa de medidas tecnicamente erradas para conter a inflação monetária, cambial e comercial, problemas que não cabem num artigo deste tipo.

Mais de seis milhões de venezuelanos nunca perderam a fé na revolução bolivariana; entre os mortos contabilizados nas manifestações e contra manifestações violentas lançadas pela oposição, contam-se inúmeros chavistas, vítimas eles também de assassinatos seletivos, violência de para militares, atentados terroristas, gente de quem ninguém se apiedou e cujas baixas são contadas para o outro lado.
(Não haverá um único lusodescendente entre esta mole imensa?) 

Aqueles que pretendem quebrar pela força, pela asfixia económica, a golpe e pela guerra, as suas convicções políticas, irão empurrá-los para o dilema de escolher entre a guerra civil patriótica e a emigração política sem esperança, e com eles, não apenas a Bolívia, a Nicarágua e Cuba, toda a América Latina e o Caribe, todo um Continente que já não pode e já não quer ser governado como dantes, amarrado como está ao ciclo interminável das imposições do FMI e Banco Mundial, que geram novas crises e ditaduras e um outro ciclo exangue de mais privatizações e pobreza que bate às portas das ricas cidades do Norte Americano. 

Um continente em convulsão e em marcha que experimentou a sucessão dos impérios, o colonialismo e o neocolonialismo, a ditadura militar e a democracia liberal, e procura agora novos caminhos para outras formas de democracia e socialismo, não apenas em Cuba, mas nas vísceras da própria américa de Trump, uma oligarquia de dois partidos, onde a palavra socialismo fora proibida, extirpada e aniquilada.

ACUERDO EN RECHAZO A LOS CONTRATOS DE SERVICIOS SUSCRITOS POR PDVSA QUE PERMITEN QUE EMPRESAS PRIVADAS* ACTUEN EN ACTIVIDADES PRIMARIASDE HIDROCARBUROS
Fecha: 08/01/2019
JUAN GERARDO GUAIDÓ MÁRQUEZ PRESIDENTE LA ASAMBLEA NACIONAL DE LA REPÚBLICA BOLIVARIANA DE VENEZUELA
*Não são as do seu mentor

E todos, alinhados, como soldados de Trump, que finge dirigir a sua ofensiva económica sobretudo contra a China, mas faz do mercado europeu (totalmente dependente das exportações) o alvo principal, aquele que se pretende atingir em cheio:

O Parlamento Europeu, que espetáculo deprimente, entre benzeduras democráticas, os cordeiros inocentes (duas vezes culpados, pela prepotência neocolonial e pela inquisição neoliberal) erguem-se maioritariamente para a degola.

 
II. A,B,C de um golpe , em nome da liberdade e da ajuda humanitária

A

Foi um governo liderado por Nicolas Maduro que organizou as eleições para a Assembleia Nacional que deram a vitória à oposição

Depois de 19 eleições de âmbito nacional, sempres fiscalizadas e certificadas por observadores internacionais_ para a presidência da República, Assembleia Nacional, Governos Regionais e municípios, 15 partidos oposicionistas, da extrema-direita aos dissidentes do partido comunista, organizados no MUD, mas sem programa político comum, vencem as eleições para a Assembleia Nacional Quadro 1), que no sistema político constitucional da Venezuela não tem poderes para formar governo. A Constituição bolivariana, como a francesa, elege para governar o país o Presidente da República.

Nessa altura, foi um governo presidido por Nicolás Maduro que garantiu as eleições livres e democráticas que permitiram à oposição vencer nas urnas.

Maduro tinha ganho as presidenciais de 2013, com os seguintes votos:

Nicolas Maduro. 7 586 251_ 50,62%_PSUV volta a vencer Henrique Capriles Radonski 7 361 512_ 49,12%_PJ. Participaram 79,69% dos 18.806.630 eleitores.

 
Partido
Votos
%
Cadeiras
+/–
Mesa da Unidade Democrática (MUD)
7.707.422
56,3
112
Aumento48
Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV)
5.599.025
40,9
55
Baixa44
Outros
392.756
2,9
-
-
Inválido/votos brancos
686.119
4,7
Total
14.385.322
74,17
167
+2
Eleitores
19.540.000
100

Entre os partidos vencedores estava o Vontade Popular (VP), com 14 parlamentares, entre os 167 que compõem a Assembleia Nacional, o partido de Juan Guaidó.
Surge em 2009 como movimento social e político e em 2011 como partido. Junto com o Aliança Bravo Povo, Vente Venezuela, Projeto Venezuela e COPEI representava a ala mais dura da MUD, que preconizou a radicalização do confronto com o governo presidencial para provocar uma saída antecipada de Nicolás Maduro. O seu principal dirigente era Leopoldo López, antigo presidente do município de Chacao, que foi um dos signatários, junto com Maria Corina Machado (VV) e Antonio Ledezma (ABP), do plano conhecido como “A Saída”.
Teve uma participação destacada no golpe de Estado de 2002 (ao lado de Henrique Capriles) e no episódio de cerco à embaixada de Cuba que o acompanhou.
Nas eleições presidenciais de 2006 compartilhou a sigla Primeira Justicia com Henrique Capriles.
Em 2014 foi condenado pela justiça a quase 14 anos de prisão, acusado de ser um dos principais autores morais das manifestações violentas de fevereiro de 2014, conhecidos como “guarimbas”, que deixaram um saldo de 43 pessoas mortas. Gozava então de uma relação privilegiada com o presidente colombiano Álvaro Uribe, país onde se estabeleceram as principais bases americanas na região.
Sucedeu-lhe Juan Guaidó, um economista formado nas escolas da economia neoliberal dos EUA.

 B.
Divisões no MUD e vitória dos radicais golpistas, e o seu fim

Henrique Capriles do partido Primera Justicia-PJ, era o rosto político do candidato da oposição à presidência do governo.

Tivera também uma participação destacada no golpe de Estado de 2002. Logo depois das eleições presidenciais de abril de 2013 assumiu o posicionamento de não reconhecer o resultado e convocou a população a “expressar a raiva” nas ruas (essa convocatória deixou um saldo de sete mortos), mas foi assumindo uma posição mais moderada e negou-se a participar na tentativa de destituição do presidente em fevereiro de 2014, não apoiando as manifestações violentas impulsionadas pela ala radical, que acabaram por se esgotar.

A controvérsia interna no MUD para escolher os candidatos às legislativas de 2015, prosseguiu depois da vitória, em torno da eleição do presidente da Assembleia Nacional, onde os radicais de direita impuseram o seu candidato, o deputado Henry Ramos Allup da Ação Democrática, contra o candidato da Primeira Justiça, Julio Borges.

Com esta escolha, a estratégia da “Saída”, que recusava respeitar os prazos constitucionais para a eleição do novo Presidente do Governo da República, marcada para 2019, passou a utilizar o parlamento como um instrumento para alcançar esse objetivo, acompanhado pela tática das “guarimbas”, as manifestações de rua dirigidas para o cerco e a pressão sobre as instituições do poder, acompanhadas por barricadas e organizadas para conduzirem ao confronto violento.

Os radicais de direita proclamaram a intenção de revogar de imediato os decretos presidenciais, regressando às privatizações, revogar as Leis do Trabalho e da Reforma Agrária…

Os partidários de Henrique Cabriles e o seu partido PJ lideravam a outra corrente oposicionista, colocando a ênfase na construção de uma alternativa real de governo, com propostas para resolver a situação económica, que nunca foram concretizadas e afirmavam respeitar os benefícios sociais promovidos pelos governos anteriores.

O governo bolivariano de Nicolás Maduro respondeu à derrota nas legislativas com a convocação de eleições para uma Assembleia Constituinte, numa espécie de fuga para a frente que a Constituição singular da Venezuela prevê, em que os deputados são eleitos com base nas forças sociais do país. No entanto, no contexto de negociações que decorreram com a mediação dos ex primeiro ministros espanhóis, aceitou avançar para eleições municipais, regionais e presidenciais.

Esta estratégia provocou divisões profundas na oposição e após derrotas nas eleições regionais e municipais, Nicolás Maduro pode apresentar-se às presidenciais de 2018 sem que a oposição se unisse em torno do candidato de um dos seus partidos, o Avançada Progressista (Ap):

Apesar de ter apenas 3 deputados, o seu resultado mostra bem como a Base Eleitoral do MUD se dividiu, pois quase três milhões de oposicionistas participaram no ato eleitoral. Nicolás Maduro voltou a vencer, reeleito com 6.190.612 votos, .Henri Falcón (Ap) obteve 1.917.036 votos, Javier Bertucci ( pastor evngelista) 925.042 votos e Reinaldo Quijada (Chavista radical) 34.614.

Em 2018 a Avançada Progressista (Ap) com o MAS, COPEI e o Movimiento Ecológico de Venezuela (MOVEV), afastaram-se do MUD e criaram uma nova coligação opositora, a Concertación por el Cambio (CPC).

O MUD desagregava-se, mas com a vitória da candidatura de Trump nas presidenciais americanas, a oposição não golpista viu os EUA intensificar a estratégia do cerco e asfixia económica, preparatória de uma intervenção militar,


C
O golpe de estado como instrumento e desenlace da guerra económica, em nome dos direitos humanos, da liberdade, da democracia ou da ajuda humanitária


Juan Gaidó foi o político escolhido para dar corpo à sedição, sobre pretensa cobertura legal, há muito planeada: 

Primeiro com a guerra do petróleo, desencadeada através da Arábia Saudita, que para retomar a hegemonia inundou o mercado de crude, sem olhar a perdas (dumping, vender abaixo do preço de custo), provocando uma queda abissal de preços e atingindo assim e economia dos países e regimes que o Pentágono considerava adversários e inimigos dos “interesses dos EUA”: sobretudo a Rússia e o Irão, mas atingindo também Angola, a Síria…

Reforçando o bloqueio económico e financeiro da Venezuela, que o governo de Obama intensificou em 2015. Esse bloqueio impede não apenas o governo bolivariano de comprar os bens de primeira necessidade nos EUA, como este país impõe a todos os países do mundo que colaborem nessa asfixia, sob pena de represálias. Conduzia, desde há 20 anos, a que as agências de rating americanas classificassem os empréstimos à Venezuela, incluídos na dívida pública e privada, como de alto risco, pagando juros exorbitantes, que corresponderam a custos da ordem dos 250.000 milhões de dólares. Se não fora a diversificação do comércio externo venezuelano com países como a Rússia, China, Índia, o Brasil, o estado venezuelano teria sido destruído e o seu povo reduzido à miséria total, mas a capacidade de manter a política social do governo bolivariano e economia a funcionar foi muito afetada, reduzindo a base de apoio social de todos os partidos através da abstenção e da emigração em massa.

A data de lançamento do golpe foi escolhida para aproveitar o acordo de rotação da presidência da Assembleia Nacional que colocava temporariamente Juan Guaidó no cargo, pois a representatividade do seu partido não lhe concedia legitimidade para se destacar dos seus pares, os seus deputados são apenas 14 dos 167. Só o pôde fazer porque foi  "o escolhido", não o eleito pelo povo, nem sequer pela Assembleia Nacional, a quem se impôs também a golpe.

A preparação ideológica do golpe foi sendo feita através da classificação do regime bolivariano como ditatorial e comunista, em quase todas as televisões do mundo e nas redes sociais, que reproduziram as mesmas acusações.

Apesar das 19 eleições organizadas pelos governos constitucionais supervisionadas internacionalmente, que perderam duas. Apesar da identificação política dos seus líderes com a tradição libertadora, nacionalista e internacionalista, não de Marx ou Lénine, mas de Bolivar e Sandino, Marti e Zapata; da aplicação de programas económicos inspirados na social-democracia e no keynesianismo anglo-saxónico, e não na União Soviética, na coexistência de setores público e privado, grandes empresas agrárias e latifundiárias, cooperativas e camponeses; apesar do misticismo cristão dos seus líderes, longe da igreja venezuelana de quem não se conhece nem contributos para a teologia da libertação nem atos de indignação contra os governos oligárquicos, mas perto dos mártires cristãos, como Monsenhor Romero assassinado em plena missa na sua catedral católica de El Salvador, escolhendo para símbolo da sua crença “Cristo Redentor"

Yo hago un llamado y es mi primer llamado como Presidente de Venezuela, a que todos reconozcamos a nuestras culpas, como en la Iglesia... yo aprendí a amar a Cristo…el símbolo supremo del revolucionario, del que da la vida por amor a los ... más pobres…Cristo redentor, atormentado, traicionado, vilipendiado, crucificado y resucitado. (Hugo Chavez, 1999, 2007)

Os líderes da revolução bolivariana, políticos, intelectuais, artistas, militares, sindicalistas ou cooperativistas, trazem todos consigo o cristo redentor que Chavez trazia ao peito e a quem se encomendava nas horas críticas, em privado, ou perante as multidões, ainda mais que aos seus camaradas de armas.

Um líder autonomista português chama a este regime e a este homem comunista sanguinário! E de um passado que ensombrou a minha infância e juventude, fez matar 10.000 vidas em flor e provocou mais outras cem mil baixas, só entre nós, os colonizadores, regressa ao ambiente político nacional um cheiro pestilento a podridão e bafio, que nenhuma flor madeirense devia poder mascarar.

Contra a Venezuela bolivariana, forças descomunais e dispostas a tudo, organizam-se para vencer já amanhã. Então, todas as suas mentiras se tornarão, pelos olhos cegos da comunicação social, verdades absolutas: mas ao lado do regime assassinado cairá também o direito internacional, o direito à ajuda humanitária que só as Nações Unidas e a Cruz Vermelha podem promover, o direito à não ingerência e à preservação da soberania nacional, que custaram à humanidade duas Guerras Mundiais num só século.
E a minha verdade jazerá morta aos pés de Cristo Redentor, furioso.

seguido de
XXI, o século da transformação da concorrência global em guerra (III Parte)




























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