8.11.09

O programa TV Rural, que pretende ser cómico, é grotesco...

Exmo Sr. Provedor da RTP
O programa TV Rural, que pretende ser cómico, é grotesco...
O Mundo Rural está ausente e, em seu lugar, dois bonecos televisivos caracterizados conforme os preconceitos mais provincianos: o homem rural é retratado como boçal, estigmatizado pelo álcool, que lhe deforma o rosto avermelhado e reduzido à imbecilidade dos diálogos sem graça nem sentido.
O Interior de Portugal, a sua Terra e os Homens que foram os seus arquitectos e conservadores, envelhecem e agonizam, abandonados por governantes, políticos e grandes empresários. O programa transforma essa perda num benefício e alívio para a moderna e televisiva civilização.
Se não fosse a paisagem agricultada, conjuntamente com o mar, a única fonte de alimento; se ela não cumprisse a função de reter e recarregar as reservas freáticas de água potável; e, se não se encontrasse ali, nos prados, florestas e campos cultivados, o grande sumidouro do carbono que, sem ela, envenena o ar citadino e transforma a mudança climática numa ameaça à própria Vida… O programa seria péssimo mas não pernicioso! Mas é e custa dinheiro.
Infelizmente, Francisco Caldeira Cabral nunca escreveu guiões televisivos. E, felizmente, quando o programa passa, num qualquer café de província ou nas casas dos que aqui permanecem, ainda nos resta a indiferença e um botão que roda para outro canal, como legítima defesa.
Fazer humor, é uma arte difícil e nobre. Quando os cómicos se transformam no único motivo de vicentino escárnio, provocam apenas um esgar de piedade.
Mas pagar a continuação da esmola que é deixar no ar esta lamentável série, isso não, sr. Provedor!

Coimbra 7.03.09
AdSQueirós

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