O dia 11 de setembro, está ligado
a duas efemérides: O golpe de estado sangrento do Chile (1973), que derrubou um
governo saído de eleições, defensor do denominado
socialismo democrático. E o ataque terrorista (2001) aos símbolos do poder dos EUA e ao seu povo
Eles representam as duas faces do regime capitalista americano, de carrasco e vítima. Foi o governo dos EUA que fomentou, dirigiu e apoiou a instauração no Chile de um regime fascista brutal, dirigido pela cúpula das suas forças armadas. No plano económico, Milton Friedman, o economista que teorizou o neoliberalismo e foi chamado a conselheiro do novo regime totalitário, pode testar na prática social as suas teses de desnacionalizações e privatizações, que arrastaram este país para um ciclo permanente de estagnação, endividamento ao FMI e pobreza extrema. O ataque terrorista, planeado e executado pela al-Qaeda, organização que o governo dos EUA apoiara na luta contra a ocupação soviética do Afeganistão, vitimou milhares de americanos inocentes, demonstrando que nenhuma potência imperialista, num mundo globalizado e liberalizado, pode proteger-se completamente da retaliação dos seus inimigos, a frente de combate estende-se agora à retaguarda das nações beligerantes, e a sua crueldade não obedece a nenhum limite: os drones e as bombas são os dois lados da moeda da guerra total promovida pelos estados da democracia liberal e pelas organizações terroristas.
Mas os textos seguintes, permitem
também aos que entendem a necessidade de compreender os acontecimentos
históricos, documentar-se sobre as profundas divergências que dividiram e
dividem os partidos que, ao menos no
nome, se apresentam como alternativas aos defensores do fim da história,
esgotada nas democracias liberais dominantes e no modelo da globalização financeira.
Partidos que trazem na sigla o objetivo do socialismo, da social-democracia, da
revolução democrática e social, da ecocivilização, do comunismo…
Caberá ao leitor crítico,
identificar nessas filosofias políticas e visões históricas, as muralhas do
dogmatismo e abrir nelas as fendas que conduzem ao pensamento crítico inovador.
Porque quem pensa que a cultura
humana milenar, incluindo a cultura política, se pode desenvolver sem se apoiar
no pensamento e no saber de todas as anteriores civilizações, constrói apenas
castelos no ar!
Miguel Urbano Rodrigues https://www.pcp.pt/publica/militant/266/p36.htm
Enver Hoxha: “Os trágicos
eventos no Chile, uma lição para os revolucionários no mundo”
Artigo Publicado no jornal “Zeri
I Popullit”
TIRANA – No Chile, a tormenta contrarrevolucionária continua a esmagar as massas trabalhadoras, os patriotas e os lutadores desse país. As forças direitistas que tomaram o poder como resultado do Golpe de Estado, promovido em 11 de Setembro (1973), estabeleceram um reino de terror do qual até mesmo os Hitleristas teriam ficado com inveja. As pessoas estão sendo brutalmente assassinadas e massacradas em todo canto, nas ruas ou no trabalho, sem julgamento e sob qualquer pretexto. Os estádios esportivos foram transformados em Campos de Concentração. Toda Cultura progressista está sendo pisoteada. Os livros marxistas estão sendo queimados em fogueiras nas praças, ao perfeito estilo nazista. Enquanto os partidos democráticos, sindicatos, e organizações democráticas estão sendo proibidas, um obscurantismo medieval está sendo espalhado por todo o país. As mais fanáticas, ultrarreacionárias forças obscuras, os agentes do Imperialismo Americano estão pavimentando esse estágio político. As liberdades democráticas que as pessoas conquistaram através da luta e de derramamento do próprio sangue foram erradicadas em somente um dia.
Os eventos do Chile não só
afetaram os chilenos, mas também todos os revolucionários, progressistas e
forças amantes da paz no mundo todo, sendo assim, os revolucionários e os
trabalhadores não só do Chile, mas também de outros países, devem tirar
conclusões desses eventos. É claro que nós não estamos falando de fazer uma
análise puramente dos detalhes nacionais e aspectos ou ações específicas,
atalhos ou erros da Revolução, os quais não ultrapassam as características
particulares e internas dessa revolução. Nós estamos falando daquelas leis
universais que nenhuma revolução pode evitar e que toda revolução é obrigada a
aplicar. O problema é examinar e pôr à luz, dos eventos do Chile, quais visões
se provaram corretas e quais distorceram as demandas da teoria e prática da
revolução, verificar quais teses foram revolucionárias e quais foram as
oportunistas, e determinar quais atitudes e ações fortaleceram a revolução e
quais fortaleceram a contrarrevolução.
Em primeiro lugar, deve ser dito
que o período em qual o governo de Allende permaneceu no poder não foi um
período que pode ser facilmente apagado da vida do povo chileno ou de toda a
História da América Latina. Interpretando as demandas e desejos das mais
extensas massas populares, o governo da Unidade Popular adotou uma série de
medidas e levou a cabo um número de reformas que pretendiam fortalecer a
soberania nacional e a independência do país e o desenvolvimento independente
de sua economia.
Esse governo deu grandes derrotas
a oligarquia local e aos monopólios estadunidenses os quais detinham todas as
decisões centrais e faziam a lei no país. O inspirador desse curso progressista
e anti-imperialista foi o Presidente Allende, uma das mais nobres figuras a
emergir da América Latina, um incomparável patriota e lutador democrático. Sob
sua liderança o povo chileno, lutou pela reforma agrária, pela nacionalização
das companhias estrangeiras, pela democratização da vida do país e pela
liberdade do Chile da influência estadunidense. Allende apoiou incisivamente os
movimentos de libertação anti-imperialistas da América Latina e fez de seu país
um asilo para todos os guerreiros da liberdade perseguidos pelos bandoleiros e
camarilhas militaristas da América Latina. Ele deu aos movimentos populares,
anti-imperialistas e de libertação um ilimitado suporte e estava em total
solidariedade as lutas dos vietnamitas, dos cambojanos, dos palestinos e de
outros inúmeros povos.
Poderiam os grandes
latifundiários, que viram sua propriedade ser distribuída aos camponeses pobres
perdoarem ele por seguir esse curso e essa atividade? Poderiam os
industrialistas de Santiago, que foram expulsos de suas fábricas nacionalizadas
tolerarem isso? Ou as Companhias Estadunidenses que perderam seu poder? Era
claro que algum dia todos esses se uniriam para derrubá-lo e retomar seus
privilégios perdidos. Aqui uma indagação natural surge: Estava Allende alerta
da atmosfera que o cercava, ele podia ver as conspirações que estavam sendo
armadas contra ele? É claro que ele poderia. A Reação operava abertamente. Ela
assassinou ministros de gabinete, funcionários dos partidos governantes e
oficiais leais. Ela instigou e dirigiu a organização de ataques
contrarrevolucionários de caminhoneiros, mercantes, doutores e outros membros
da pequena-burguesia. Finalmente ela tentou fortalecer o golpe militar de
Junho, que se provou derrotado. Inúmeros planos da CIA para derrubar o Legítimo
Governo foram descobertos.
Esses ataques da Reação interna e
externa deveriam ter sido suficientes para tocar o alarme e fazer Allende
refletir. Ele teria ampla razão para implementar a grandiosa lei de toda
revolução: que a violência contrarrevolucionária deve ser combatida pela
violência revolucionária. Certamente, Allende não pode ser acusado de
insuficiência de ideais. Ele amava a causa pela qual lutava com todo o coração
e, até o final, permaneceu acreditando na justiça dessa causa. Ele não demandava
de coragem e estava preparado para dar, e de fato o deu, seu supremo
sacrifício. Mas sua tragédia foi acreditar que ele poderia convencer as forças
reacionárias, pela razão, à abandonar sua atividade e abrir mão de suas
posições e de seus privilégios do passado de bom e livre grado.
No Chile se acreditava que as
relativamente velhas tradições democráticas, parlamentares, a atividade legal
dos partidos políticos, a existência de uma “imprensa livre”, etc., fossem um
insuperável obstáculo para qualquer força reacionária que tentasse tomar o
poder pela violência. O Golpe de Estado das forças direitistas provou que a
Burguesia tolerará certas liberdades somente até quando seus interesses
essenciais não forem afetados, mas quando esses interesses parecerem ameaçados,
ela não mais se preocupará com a ética.
As forças revolucionárias e
progressistas do Chile sofreram uma derrota. Isso é muito sério, mas
temporário. O governo constitucional pode ser derrubado, milhares de pessoas
serem mortas e inúmeros campos de concentração serem erguidos, mas o espírito
da liberdade, o espírito da rebeldia do povo, não pode ser morto ou
aprisionado. As pessoas estão resistindo e isso prova que as massas
trabalhadoras não abaixaram a cabeça para a derrota, que elas tiraram conclusões
desses eventos e que estão prontas para fazer avançar o caminho revolucionário.
A luta de libertação contra a reação e o imperialismo tem seus zigue-zagues,
seus ascensos e descensos. Não há dúvidas que o povo chileno deu inúmeras
provas de seu devoto patriotismo, que tomaram tamanho amor pela Liberdade e
pela Justiça e que odeiam o Imperialismo e a Reação de forma tão profunda, que
saberão como mobilizar suas forças e lutar contra os inimigos, dando a eles
derrota após derrota, até assegurar a vitória final.
Para o povo chileno isso é um
grave, porém temporário, desfortúnio, porém para os revisionistas modernos, tal
fato constituiu uma enorme derrota, um completo rebaixamento de suas teorias
oportunistas. Todos os revisionistas, dos de Moscou até os da Itália, França e
de todos os lugares, apresentavam a “Experiência Chilena” como um concreto
exemplo que provava suas “novas teorias” sobre o “caminho pacífico para a
revolução”, sobre a “transição para o socialismo” sob a liderança de muitos
partidos, sobre a “natureza moderada” do Imperialismo, sobre a “morte da luta
de classes” em condições de “coexistência pacífica”,etc. A imprensa
revisionista fez um grande teatro louvando o “Caminho Chileno” em ordem de
confirmar as teses oportunistas do XX Congresso do Partido “Comunista” da União
Soviética e os programas utópicos e reformistas de tipo Togliattista.
Da “Experiência Chilena” os
revisionistas esperavam não só confirmar suas “teorias” sobre o “Caminho
Parlamentar”, mas também dar um “clássico” exemplo da construção do socialismo
sob uma coalizão de partidos “marxistas” e burgueses. Eles esperavam a
confirmação de suas teses de que a transição ao socialismo era possível através
de eleições parlamentares e sem nenhuma revolução, de que o Socialismo pode ser
construído, não só sem esmagar o velho aparato do Estado Burguês, mas também
até mesmo com sua ajuda, não somente sem estabelecer o poder revolucionário do
povo, mas através de sua negação.
As teorias de “coexistência
pacífica” e do “caminho pacífico parlamentar”, propagadas pelos revisionistas
soviéticos, em primeiro lugar, e pelos revisionistas italianos e franceses e
seus outros lacaios, são responsáveis por consideráveis e extensos
propagandeamentos das ilusões pacifistas e posições oportunistas perante a Burguesia
e do desvio da luta revolucionária.
Todos os documentos programáticos
os quais os partidos revisionistas ocidentais adotaram desde o XX Congresso do
P‘C’US, absolutizavam o “caminho parlamentar” de transição do Capitalismo ao
Socialismo, da qual a necessidade de qualquer ação extraparlamentar ou
revolucionária foi definitivamente excluída. Na prática, isso levou esses
partidos a renunciarem totalmente a luta revolucionária e caminhar por reformas
ordinárias de carácter econômico e administrativo. Eles se tornaram em partidos
burgueses de oposição e se ofereceram somente para gerenciar as riquezas da
burguesia, assim como fizeram todos os velhos partidos sociais-democratas até
então.
O Partido Comunista do Chile, que
era uma das principais forças do governo de Allende, aderiu fervorosamente as
teses Khrushchovitas de “transição pacífica”, tanto em teoria como na prática.
Seguindo instruções diretas de Moscou, defendia que a burguesia nacional e o
Imperialismo agora se “comportavam”, que ambos tinham ficado tolerantes e
justos, e que nessas “novas condições de classe”, alegadamente criadas pelo
“desenvolvimento do mundo atual”, eles não poderiam mais efetuar a
contrarrevolução.
No entanto, como o caso do Chile
provou mais uma vez, essas e outras similares teorias fizeram das massas
trabalhadoras irresolutas e desorientadas, enfraqueceram seu espírito
revolucionário, e as mantiveram imobilizadas face as ameaças burguesas,
paralisando sua capacidade e fazendo impossível que decisivas ações
revolucionárias fossem levadas a cabo contra os planos contrarrevolucionários e
contra as ações da Burguesia.
Todos os verdadeiros partidos
Marxistas-Leninistas previram e os eventos posteriores confirmaram, os
revisionistas estavam contra a Revolução e tentavam transformar a União
Soviética, assim como já o tinham feito, em um país capitalista, transformá-la
de base da revolução em base da contrarrevolução. Eles trabalharam por um longo
período para levar confusão até os ranks revolucionários e minar a revolução.
E, todo lugar e todo momento eles agiram de forma a extinguir as chamas das
batalhas revolucionárias e das lutas de libertação nacional. Mesmo que para
propósitos demagógicos eles fingiam estar do lado da revolução, com suas visões
e atividades, os revisionistas cortavam os brotos dessa ou os sabotava quando
eles floresciam.
Seu desvio do Marxismo-Leninismo,
seu abandono dos interesses de classe do proletariado, sua traição da causa de
libertação nacional dos povos, levaram aos revisionistas a completa negação da
Revolução. Para eles, a teoria e a prática da revolução foram reduzidas a
algumas poucas demandas reformistas, as quais podem ser realizadas ainda sob o
domínio da ordem burguesa, sem tocar em sua base. Os revisionistas tentam
provar que a linha divisória entre a revolução e as reformas foi apagada e que
nas “condições atuais do desenvolvimento mundial” não há mais necessidade de
uma tomada revolucionária do poder, por causa de que, alegadamente, a atual
“revolução” técnico-científica está rompendo com as contradições sociais de
classe da Sociedade Burguesa, dessa forma, são alegados também meios para a
integração do Capitalismo ao Socialismo, meios para criar uma “nova”
sociedade com prosperidade para todos.
Sendo assim, segundo essa lógica confusa, ninguém mais pode falar de
exploradores e explorados, desde que, segundo eles, a revolução social, o
esmagamento da maquinaria burocrática do Estado Burguês e o estabelecimento da
Ditadura do Proletariado se tornaram desnecessários.
Sob a máscara do Leninismo e de
seu “desenvolvimento criativo”, os revisionistas aspiravam a dominação mundial,
transformando a si próprios em sociais-imperialistas. Eles começaram com as
teses Khrushchovitas de “coexistência pacífica”, de “competição pacífica”, de
“um mundo sem armas e sem guerras”, de “caminho parlamentar”, etc., e
terminaram com a restauração do Capitalismo na União Soviética e com a
degeneração do Socialismo em Social-Imperialismo.
Sendo assim, eles estavam contra
a revolução, contra a luta dos povos por libertação e também estavam contra os
Partidos Comunistas que continuaram fiéis e que defenderam Marxismo-Leninismo.
Em ordem de conseguir seus objetivos, especialmente os de extinguir as lutas de
libertação e os movimentos revolucionários, os revisionistas fizeram do
“caminho pacífico” o fundamento de suas “teorias”. Revisando a questão
fundamental do Marxismo, que é a teoria da revolução, e propagando suas teses
oportunistas, eles queriam convencer aos trabalhadores de desistirem de sua
luta revolucionária de classe, e a se submeter a Burguesia e aceitar a
escravidão assalariada.
Por outro lado, a “coexistência
pacífica”, a qual os líderes soviéticos proclamavam como linha fundamental de
sua política externa e a qual eles queriam impor a todo movimento comunista e
de libertação nacional do mundo, foi um completo e estratégico plano para
chegar a um grande acordo com o Imperialismo, para estrangular o movimento
revolucionário e sufocar as lutas por sua libertação, para preservar e estender
suas esferas de influência. Os revisionistas queriam usar, e de fato usaram,
esse tipo de “coexistência”, que era inteiramente adaptável ao Imperialismo e a
Burguesia, como uma grande distração para desarmar as massas ideologicamente e
politicamente, para açoitar sua vigilância revolucionária e imobilizá-las, para
deixá-la sem defesas em face dos futuros ataques dos imperialistas e dos
sociais-imperialistas.
Os revisionistas soviéticos, bem
como outros revisionistas que conseguiram chegar ao poder de um Estado,
destruíram o partido despojando desse, sua teoria revolucionária, rejeitando e
pisoteando todos os princípios Leninistas, e pavimentando o caminho para o
Liberalismo e a degeneração do país. Ao espalhar suas teses antimarxistas de
que o “Capitalismo está sendo integrado ao Socialismo” e que “partidos
não-proletários podem também carregar os ideais do Socialismo e liderar a luta
pelo Socialismo”, que “até mesmo os países onde a Burguesia Nacional está no
poder estão se movimentando para o Socialismo”, os revisionistas não só
objetivam negar a teoria do partido de vanguarda da classe trabalhadora, mas
também querem deixar o proletariado sem liderança em face dos ataques
organizados pela Burguesia e pela Reação.
A História provou, e os eventos
no Chile, os quais ainda não eram questões do Socialismo, mas de um regime
democrático, também comprovaram, que o estabelecimento do Socialismo através de
um caminho parlamentar é ulteriormente impossível. Em primeiro lugar, deve-se
dizer que até agora a Burguesia nunca permitiu os comunistas a ganharem maioria
em um parlamento e a formarem um governo independente. Até mesmo nas situações
ocasionais em que os comunistas e seus aliados conseguiram estabelecer um
balanço a seu favor no parlamento e entrar em um governo, isso não levou a uma
mudança no caráter burguês do parlamento ou do governo, e a ação desses nunca
foi tão longe quanto daqueles que esmagaram a velha maquinaria do Estado e
estabeleceram uma de novo tipo.
Dentro das condições em que a
burguesia controla o aparato burocrático-administrativo, assegurando sempre uma
“maioria no parlamento” falar de mudar o destino do país não é só impossível,
como também não confiável. As partes centrais da maquinaria do Estado Burguês
são o poder econômico, político e militar. Enquanto essas forças se mantiverem
intactas, ou seja, enquanto elas não forem dissolvidas e novas forças forem
estabelecidas em seu lugar, enquanto os velhos aparatos de polícia, de serviços
secretos de inteligência, etc. forem mantidos, não há nenhuma garantia que um parlamento
ou um governo democrático dure muito; Não somente o caso chileno, mas muitos
outros provaram que os Golpes de Estado contrarrevolucionários são levados a
cabo precisamente pelas Forças Armadas comandadas pela Burguesia.
Os revisionistas Khrushchovitas
deliberadamente criaram grande confusão em respeito as teses Leninistas muito
claras e precisas sobre a participação dos comunistas no parlamento burguês e
sobre a tomada do poder do estado da Burguesia. É sabido que Lênin não negava a
participação dos comunistas no parlamento burguês em certos momentos. Mas ele
considerava essa participação só como mais uma tribuna para defender os
interesses da classe trabalhadora, para expor a burguesia e seu poder de
estado, para forçar a burguesia a tomar certas decisões que favoreçam a classe
trabalhadora. Ao mesmo tempo, porém, Lênin alertava que, enquanto uma força
lutava dentro do parlamento pelos interesses da classe trabalhadora, esta
deveria permanecer em guarda contra a criação de ilusões parlamentaristas,
contra a farsa do parlamentarismo burguês.
“A Participação no parlamento
burguês – dizia Lênin – é necessária para que o partido revolucionário do
proletariado ilumine as massas, esclarecimento esse que é obtido através das
eleições e da luta dos partidos no parlamento. Porém limitar toda a luta de
classes a luta dentro do parlamento, ou considerar essa luta como a mais
avançada, a decisiva, a qual todas as outras formas de luta estão subordinadas,
significa de fato ir para o lado da burguesia contra o proletariado.”
– Vladimir Lênin: Coletânea de Obras,
Vol.30, páginas 304-305.
Criticando o “cretinismo
parlamentarista” dos representantes da Segunda Internacional, que transformaram
seus partidos em partidos eleitoreiros, Lênin claramente mostrou aonde que esse
parlamentarismo levava ideologicamente, politicamente e na prática. Ele
mostrava que:
“O Estado Proletário (Ditadura do
Proletariado) não pode gradualmente substituir o parlamento burguês (ou a
Ditadura da Burguesia), mas em regra geral, somente através de uma revolução
violenta. ”
– Vladimir Lênin: Coletânea de
Obras, Vol.25, p.473.
Ele mostrou também que:
“A necessidade de
sistematicamente educar as massas com essa ideia, precisamente a ideia da
revolução violenta, é a base de toda a doutrina de Marx e Engels.”
Advogando ainda hoje o “caminho
parlamentar”, os revisionistas modernos estão simplesmente seguindo o curso de
Kautsky e companhia. Mas ao proceder ainda mais nesse curso, eles expõem a si
mesmos cada nova derrota que sofrem. Toda a história do movimento comunista e
proletário internacional provou que a revolução violenta, o esmagamento da
maquinaria burocrática do Estado Burguês e o estabelecimento completo da
Ditadura do Proletariado, constitui a lei universal da Revolução Proletária.
“O avanço, isso é, para o
Comunismo, é feito – Lênin dizia – pela Ditadura do Proletariado e não pode
seguir qualquer outro caminho, pois não há outra classe nem outro jeito de
esmagar a resistência dos exploradores capitalistas. ”
– Vladimir Lênin: Coletânea de
Obras, Vol.25, p.548.
No estágio do Imperialismo, tanto
em seu início, como atualmente também, há o risco do estabelecimento de uma
ditadura militar fascista, sempre que os capitalistas pensarem que seus
monopólios estão ameaçados. Além disso, foi provado, especialmente a partir do
fim da Segunda Guerra Mundial até hoje, que o Imperialismo Americano, o
Imperialismo Britânico e outros deram assistência a Burguesia de vários países
para eliminar aqueles governos, ou suprimir aquelas ou para suprimir aquelas
forças que, de um jeito ou de outro, ofereciam até mesmo o mínimo de ameaça as
bases do Sistema Capitalista.
Enquanto o Imperialismo existir,
ainda existirá a base e a possibilidade, por sua política imutável de
interferência nos assuntos internos de outros países, da existência de
conspirações contrarrevolucionárias, de derrubada de governos legítimos, da
liquidação de forças democráticas e progressistas, e do enforcamento da
Revolução.
É o Imperialismo Americano quem
banca os regimes fascistas da Espanha e de Portugal, quem incita a ressurreição
do Fascismo Germânico e do Militarismo Japonês, quem apoia os regimes racistas
da Coreia do Sul e da Rodésia e quem mantém a matança de negros no seu próprio
país. É o Imperialismo Americano que ajuda os regimes reacionários da Coreia do
Sul e as marionetes de Saigon e Phnom Penh, quem instiga a agressão sionista e
ajuda Israel a manter sua ocupação sob territórios árabes. Todos os furiosos
ventos anticomunistas, toda opressão nacional e exploração capitalista são
soprados pelo Estados Unidos da América. Por toda a América Latina, com raras
exceções, o Imperialismo Americano estabeleceu regimes fascistas tirânicos, que
sem nenhum escrúpulo massacram e exploram os povos. Nesse continente, todas as
armas são utilizadas contra qualquer demonstração política, armas que matam os
operários e os camponeses, que são feitas pelos Estados Unidos e financiada
pelos mesmos.
O Golpe de Estado militar e
fascista no Chile não foi um feito somente da reação local, mas também do
Imperialismo. Por três anos inteiros, durante todo o período em que Allende
esteve no poder, as forças direitistas chilenas foram incitadas, organizadas e
encorajadas na atividade contrarrevolucionária pelos Estados Unidos. A reação
chilena e os monopólios americanos se vingaram contra o Presidente Allende pela
política progressista e anti-imperialista que ele seguiu. A atividade de sapa
que os partidos de direita e todas as forças reacionárias, seus atos de terror
e violência foram coordenados com as pressões externas exercidas pelos
monopólios americanos, com o bloqueio econômico e com toda a luta política
travada pelo Governo Americano contra o Chile. Por de toda essa camarilha
militarista estava a CIA, a mesma mão criminosa que deu cabo a outros inúmeros
Golpes de Estado na América Latina, na Indonésia, no Irã, etc. Os eventos no
Chile mais uma vez revelaram a verdadeira face do Imperialismo Americano.
Provaram mais uma vez que ele permanece como um raivoso inimigo de todos os
povos, um brutal inimigo da Justiça e do Progresso, das lutas por liberdade e
independência, da revolução e do Socialismo.
Mas a Contrarrevolução no Chile
não foi somente feita pelas forças abertamente reacionárias e pelos
Imperialistas Americanos. O governo de Allende sofreu também de sabotagem e de
uma radical oposição de movimentos “democratas” cristãos e outras frações da
burguesia que se autodenominavam radicalmente democráticas, similares a aquelas
que hoje os partidos “comunistas” da Itália e da França dizem que vão avançar o
Socialismo através de reformas e do caminho pacifista e parlamentar. O Partido dos Freis no Chile não somente
carrega a “responsabilidade intelectual”, como alguns dizem, de se negar a
colaborar com o governo de Allende, ou pela insuficiência de lealdade para com
um governo legítimo. Ele carrega a responsabilidade também por ter usado todos
os meios possíveis para sabotar a atividade do governo, por ter se unido as
forças de Direita para subjugar a economia nacionalizada e criar confusão no
país, por ter perpetrado mil e um atos de subversão. Esse lutou para criar um
clima político que foi o prelúdio da contrarrevolução.
Os revisionistas soviéticos
também tiveram responsabilidade pelos acontecimentos no Chile. Inúmeras provas
mostram que os soviéticos estavam ligados a intrigas e conspirações com o
Imperialismo Americano. Eles não pretendiam nem queriam ajudar o governo de
Allende quando esse estava no poder, pois isso os levaria a conflitos e
danificariam suas relações cordiais com o Imperialismo Americano.
Essas posições dos revisionistas
Khrushchovitas perante o Chile e a teoria da revolução foram confirmadas antes
mesmo dos eventos chilenos. Elas foram confirmadas em repetidos trágicos
eventos como no Irã: onde a reação local matava e aprisionava centenas de
milhares de comunistas e revolucionários progressistas, mesmo assim os
revisionistas soviéticos não moveram um dedo, nem mesmo cortaram relações
diplomáticas! Essas posições foram também confirmadas nos eventos bárbaros da
Indonésia, onde quase 500 mil comunistas e progressistas foram assassinados e
massacrados. E mais uma vez, os revisionistas soviéticos não fizeram nada,
nenhuma ação e nem mesmo consideraram retirar sua embaixada de Jacarta. Essas
posições dos revisionistas soviéticos não são acidentais. Elas comprovam a
existência da colaboração secreta com os Imperialistas Americanos para sabotar
os movimentos revolucionários e destruir as lutas populares de libertação.
Essas posições expõem à luz do
dia o caráter demagogo das muitas publicações falando do “agravamento das
relações diplomáticas com o Chile” agora.
Essa é a realidade. As boas
palavras de sua alegada solidariedade com o povo chileno, como toda as suas
lágrimas de crocodilo demagogas, são somente para enganar a opinião pública e
esconder a traição a revolução e aos movimentos de libertação.
O Governo Soviético cortou
relações com o Chile para explorar a oportunidade de posar como um defensor das
vítimas da reação, para parecer que eles estão do lado daqueles que lutam por
liberdade e independência e que os revisionistas são defensores dos regimes
progressistas. Os revisionistas soviéticos ajudam qualquer regime progressista
somente até onde esses auxiliam seus interesses imperialistas. Mas nunca vão
adiante. Sem dúvidas, eles não estão envergonhados de manterem relações
diplomáticas abertas com regimes tão burocráticos e corruptos como o de Lon
Nol, enquanto mantém silêncio sobre o grande movimento de libertação popular do
povo cambojano.
Os eventos no Chile revelaram
toda a grande tragédia por qual os povos da América Latina estão passando. Mais
uma vez, eles trouxeram luz de novo para os desfechos, limitações e fraquezas
da revolução nesse continente, as enormes dificuldades e crueldades a qual esse
está subjugado. Mas eles providenciaram uma lição não só para os
revolucionários da América Latina. Todos os revolucionários do mundo, todos
aqueles que lutam por libertação nacional e social contra a interferência e
violência imperialista, pela democracia e pelo progresso da Humanidade devem
tirar conclusões desses eventos. Isso inclui os revolucionários da União
Soviética, que devem se levantar contra os traidores revisionistas e derrubarem
esses, junto com todas suas “teorias” oportunistas e anti-leninistas. Assim
como os revolucionários da Itália, da França e de outros países capitalistas
desenvolvidos devem tirar lições dos acontecimentos chilenos e lutar contra o
Revisionismo resolutamente, rejeitando as teses reacionárias sobre o “caminho
parlamentar pacífico” os quais os Togliattistas e outros revisionistas
propagam.
Nós acreditamos que os
acontecimentos no Chile, o ataque fascista da reação contra as vitórias
democráticas do povo chileno, a brutal interferência do Imperialismo Americano
e seu suporte a junta militar de Pinochet vai encorajar as pessoas de todo o
mundo a serem vigilantes, a resolutamente rejeitarem os slogans imperialistas,
revisionistas e oportunistas de toda matiz e mobilizar todas as suas forças em
uma corajosa defesa de sua soberania nacional e sua independência, paz e
segurança.
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