http://www.dn.pt/inicio/opiniao/jornalismocidadao.aspx?content_id=3619957
Não importa agora que todos o chorem, mesmo
aqueles que, no próprio Estádio da Luz, o assobiaram em 1976, quando, crivado
de cicatrizes e com um joelho desfeito, o mercado de futebol o dispensou.
E aqueles outros, que o tentaram
manipular como símbolo de um império multirracial e colar a sua imagem à
ambição de poder partidário.
Nas suas últimas entrevistas,
deixou duas mensagens claras, uma para a morte outra para a vida:
Fazendo balanço da vida,
lamentava apenas que não tivesse estudado, enquanto jogava futebol. E, para que
não houvesse dúvidas sobre o que queria dizer, afirmou sobre o talento
futebolístico do seu neto: que o aconselhava a dar maior importância ao estudo
e só depois ao desporto de que foi rei.
Escrevo de um país onde o governo
e o Presidente da República cumpriram
com o seu dever de luto nacional. E
veio-me à memória outra morte e um país enlutado, a de Saramago, onde esse dever
foi incumprido. Por isso estou certo que, por ínvios caminhos e, se o campo dos
justos é, como o sonhou Dante ( o poeta da Divina Comédia), um vasto plaino
coberto de relva verde, neste momento, Saramago e todos os Homens bons,
alinhados, onze face a outros onze, seguem fascinados o menino com a bola de
trapos que corre, veloz, feliz e descalço para a baliza…da eternidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário