Assembleia da República. 08.07.2015
A omissão da
história. As causas da II Guerra Mundial e a invasão da
China
O contributo militar da China para a derrota
do fascismo mundial. A Nova China e o problema da Paz. A Coexistência Pacífica
A omissão da história
No Museu das Forças
Armadas de Paris, no Palais des Invalides,
e no setor dedicado à II Guerra Mundial, há um quadro trágico que regista o
número e a nacionalidade das suas vítimas:
No topo, a URSS,
com 26 milhões de mortos.
A China logo a
seguir, com 12,6 milhões de mortos.
A Alemanha e a
Polónia partilham o mesmo número de 6 milhões mais 6 milhões de mortos.
O Japão segue-os
com 2,6 milhões.
A Jugoslávia com
1, 5 milhões.
As Filipinas com
1 milhão.
A França com
580.000.
A Roménia e a
Grécia com 460.000 mais 460.000.
A Itália com
444.500.
O Reino Unido
com 445.000.
A Checoslováquia
com 360.000.
Os EUA com
340.000.
A Holanda com
240.000.
A Bélgica com
100.000.
A Índia com
50.000.
O Canadá com
45.000.
A Austrália com
21.000.
A Bulgária com
20.000.
A Nova Zelândia
com 18.000 fecha esta escala fatídica, que se aproxima dos 50 milhões de
vítimas mortais, das quais mais de 30 milhões eram civis.
As nações e os
povos de todo o mundo, mas sobretudo os povos da URSS e da China, deram a sua
vida pela causa da liberdade e da soberania nacional, pelos ideais da
democracia liberal ou socialista e pela esperança num mundo mais justo e
pacífico. E falo das nações vencedoras e vencidas, pois a sorte da guerra abriu
a todas elas o direito a escolher o regime económico e social e o tipo de democracia
onde iriam construir um futuro comum.
Assim foi
escrita e aprovada a Declaração Universal
dos Direitos Humanos, adotada pela ONU em 10 de Dezembro de 1948 (A/RES/217).
Esboçada principalmente por J. P. Humphrey, do Canadá, teve no Dr. P.C. Chang,
representante da República Popular da China_RPCh e das posições dos países
asiáticos, o principal mediador dos consensos estabelecidos em torno dos seus
30 artigos.
Devo aqui
sublinhar que em nenhum dos artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
se consagra o modelo de democracia liberal como o modelo ideal da democracia
política. E tão pouco ela pode ser reduzida à questão das “liberdades
políticas” formais. O que o seu Artigo 21º prescreve é o caminho para a
cidadania e para a diversidade dos regimes democráticos.
Todos os outros 29 artigos, que consagram os direitos democráticos fundamentais, com são o direito ao trabalho e à proteção social, à igualdade perante a lei ou de género, possuem a mesma dimensão política e estão subordinados a dois imperativos éticos que a Declaração proclama, o imperativo da dignidade e o imperativo da paz:
“…o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;”
Essa dignidade será protegida através de
“…um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;”
E só será defendida com
“…o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;”.
Todos os outros 29 artigos, que consagram os direitos democráticos fundamentais, com são o direito ao trabalho e à proteção social, à igualdade perante a lei ou de género, possuem a mesma dimensão política e estão subordinados a dois imperativos éticos que a Declaração proclama, o imperativo da dignidade e o imperativo da paz:
“…o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;”
Essa dignidade será protegida através de
“…um regime de direito, para que o homem não seja compelido, em supremo recurso, à revolta contra a tirania e a opressão;”
E só será defendida com
“…o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;”.
As causas da II
Guerra Mundial e a invasão da China
O segundo conflito mundial não foi o fruto da loucura de um ditador, dos sonhos de grandeza perdida de outro tirano e da vontade imperial de um terceiro. A guerra moderna é o resultado da concorrência económica e depois política, entre as oligarquias_ financeiras, económicas, políticas e militares, que se forjam na construção dos impérios, na corrupção das democracias e dos socialismos ou sobre os seus escombros.
O segundo conflito mundial não foi o fruto da loucura de um ditador, dos sonhos de grandeza perdida de outro tirano e da vontade imperial de um terceiro. A guerra moderna é o resultado da concorrência económica e depois política, entre as oligarquias_ financeiras, económicas, políticas e militares, que se forjam na construção dos impérios, na corrupção das democracias e dos socialismos ou sobre os seus escombros.
Os financiadores
de Hitler não foram apenas as poderosas famílias Thyssen e Kirdoff, mas também empresas
multinacionais alemãs, como a I.G. Farben e a A.E.G., onde o capital
internacional, sobretudo norte-americano, investira fortemente, beneficiando
das simpatias políticas pelo nazismo dos líderes de companhias e bancos com o
JP Morgan, Dupont, Singer, GM e Sun Oil, eles também conspiradores contra o
governo democrático de Roosevelt. E o próprio Deutsche Bank, segundo concluiu o“Relatório do OMGUS” ( o Governo Militar dos EUA para a Alemanha,
em 1946/47). Ou como a Fiat em Itália. E os grandes conglomerados financeiros
japoneses (zaibatsu), controlados
pelas famílias que os fundaram no século XIX.
O conflito
militar torna-se inevitável quando se esgotam os meios pacíficos de disputa dos
mercados e os ”interesses nacionais dos países” são invocados para justificar o
recurso à violência do estado. As novas potências emergentes lutam então para ocupar o espaço vital do mercado
globalizado. Mas a origem da guerra é também a causa do seu fim anunciado,
porque todos os conflitos militares impõem uma solução política.
China e Japão
sofreram no século XIX dos mesmos “Tratados Infames”, impostos pelas potências
ocidentais, que abriram as suas fronteiras à concorrência dos produtos
ocidentais e ao comércio do ópio, desorganizaram e arruinaram as suas economias
agrárias e semifeudais.
No período de
1868 a 1913, o Japão completou a restauração Meiji, segundo a consigna, “País rico, Exército forte”, transformando-se
ele próprio numa potência regional, e ocupou a Coreia e uma parte do Nordeste
da China.
A China entrou
no século XX com a sua economia agrária arruinada pelo roubo do chá, a abertura
forçada dos portos ao comércio do ópio e das mercadorias estrangeiras, a
soberania amputada nas concessões impostas pelas 8 grandes potências e com o
regime imperial em decadência. Neste quadro, a revolução democrática de 1911, dirigida por
Sun Yat-sen, proclamou como objetivo derrubar a monarquia absoluta da dinastia
Qing e fundar uma República Democrática, resgatar a soberania nacional, pôr fim
ao regime feudal de propriedade da terra e ao poder dos caudilhos militares, desenvolver
a indústria e a economia capitalistas.
O partido
Kuomitang, sob a sua liderança, congregou então todas as forças e classes
progressistas da China, incluindo liberais e comunistas, a intelectualidade e a
burguesia nacional. Mas uma nova direção
tomou conta do Kuomitang, quebrou a aliança nacional que este representava e
instituiu na China um regime militar autoritário, passando a hostilizar e
perseguir os democratas, suprimindo as liberdades nos territórios que
controlava.
No advento da II Guerra Mundial a China era um
país envolvido numa guerra civil generalizada, com os caudilhos militares a
Norte, o governo do Kuomitang subordinado às potências estrangeiras e algumas
regiões remotas onde tinha sido realizada a reforma agrária e instituídos os
primeiros sovietes.
A II Guerra
Mundial desencadeia-se na Europa após o fracasso da “política de
apaziguamento" do nazi-fascismo, que permitiu o esmagamento da República
Espanhola, a anexação da Áustria e o desmembramento da Checoslováquia, já em
1938.
Na China decorre
então um processo político semelhante, tendo o Japão como potência agressora.
Em 18 de
Setembro de 1931 o exército japonês, acantonado no Nordeste da China, iniciou uma campanha militar que lhe permitiu
ocupar as províncias de Liaoning, Jiling e Heilongjiang, ricas em minerais e
petróleo e ameaçar Shangai, criando a república fantoche do Manchukuo.
Através da
mediação da Inglaterra e dos EUA o governo do Kuomitang, sedeado em Nanquim,
cedeu a soberania do Nordeste da China. O Kuomitang dividiu-se e um exército de
guerrilha unificado, incluindo comunistas e democratas, iniciou nessa região a
guerra patriótica de resistência ao Japão. Assim e na China se iniciou a II
Guerra Mundial.
Em 1935 e
explorando a política de não resistência do Kuomitang os militaristas japoneses passaram ao assalto
de todo o norte deste país, contando com a colaboração dos setores mais
retrógrados da sociedade chinesa. Por todo a China se começou a elevar um
clamor para a unidade nacional contra a agressão, pelo fim da guerra civil e a
constituição de um Governo de Defesa Nacional e de um Exército Aliado anti
Japonês, e pelo restabelecimento das liberdades democráticas em toda a nação.
Em 7 de Julho de
1937, dois anos antes da ocupação da Polónia,
as forças armadas japonesas avançaram sobre Pequim e Tianjim para conquistar toda a China. Uma vez mais, é
necessário acertar o calendário da II Guerra Mundial.
O povo chinês
passou à resistência generalizada e criou a Frente Única Nacional Anti
japonesa. As potências ocidentais, na Europa como na China, prosseguiam ainda
na sua política de cedências e apenas a URSS, que assinara com o Governo
nacional da China um pacto de não-agressão, enviou em sua ajuda assessores
militares e esquadrilhas aéreas voluntárias, recursos financeiros e materiais.
O contributo militar da China para a derrota
do fascismo mundial
O Japão imperial
definira como objetivo da sua estratégia política nacional “estabelecer uma
nova ordem na Ásia Oriental” e desdobrou-a para a China sob a consigna de
“combater os comunistas”, procurando assim um compromisso com o Kuomitamg.
A estratégia
militar japonesa tinha como objetivo converter a China na base de retaguarda
para a Guerra no Pacífico.
A sua estratégia
operacional, em tudo semelhante à “guerra relâmpago”, definira como objetivo “conquistar
em três meses” as grandes cidades chinesas e os seus principais portos,
avançando a partir das linhas férreas que saíam de Pequim e Tianjin, cercando e
aniquilando os corpos de exército chinês com fulminantes “operações de
limpeza”. Esta cultura estratégica, que visava aterrorizar o inimigo e impedir
qualquer resistência, atingiu o horror no massacre de Nanquim, a capital do
Kuomitang, a 13 de Dezembro de 1937. Durante seis semanas, após bombardeamentos
massivos e indiscriminados, mais de
300.000 soldados e civis chineses foram massacrados, vítimas de estupro.
fuzilados e enterrados vivos.
Nas áreas que
controlavam, os militaristas japoneses procuraram organizar uma administração
fantoche, recrutando setores do Kuomitang e formando milícias, anexaram as
empresas, controlavam todos os recursos estratégicos e prosseguiam o terror com
a política de “responsabilidade solidária de dez lugares”, a pena de morte para
dez famílias por cada uma que se envolvia na luta de resistência.
Contra as bases
de apoio anti japonesas criadas na retaguarda dos territórios conquistados e
nas zonais rurais e também nas áreas disputadas pela guerrilha, realizavam
sucessivas “campanhas de limpeza”, de “depuração “ e de desgaste” e de
“fortalecimento da ordem pública”, recorrendo mesmo à utilização de gases
tóxicos e à guerra biológica, acontecimento único em todas os teatros do
conflito mundial, que ainda hoje mortifica os descendentes das vítimas.
Esta questão
constitui uma das sequelas da guerra não resolvidas, por falta de um
reconhecimento dos crimes de guerra pelo governo japonês e é contrário ao
sentimento pacifista maioritário entre o seu próprio povo.
Em finais de
1941 as forças armadas japonesas contavam com 2.100.000 mil efetivos nas forças
terrestres e 300.000 nas forças navais.
Na sua ofensiva
no Pacífico, contra os EUA e as colónias inglesas, o Japão lançou 400.000 desses
soldados, deixando em reserva, para defesa do seu território, outros tantos. Mas
para conquistar a China e enfrentar a resistência do seu povo, teve de
concentrar neste país a maior parte dos seus soldados, um exército de 1.300.000
militares.
Contudo, o seu
poderio nada pode contra a nova estratégia, nascida na China, da Guerra Popular
prolongada.
Os invasores
japoneses e as tropas que recrutaram localmente sofreram na China mais de 1.714.000
baixas, das quais 524.000 soldados japoneses.
Aquando da
rendição, em 2 de Setembro de 1945, 1.280.000 efetivos do exército japonês
depuseram as armas, o que significa, que todas as reservas da nação japonesa
foram sacrificadas na guerra contra a China e que a resistência do seu povo deu
a maior contribuição estratégica para a vitória dos aliados na Ásia Pacífico.
Sem essa resistência, o Japão poderia ter quadruplicado a sua capacidade
militar nos outros teatros de guerra.
O exército
unificado da China teve ainda um papel determinante, com o britânico, na
libertação da Birmâmia (Myanamar) e no apoio à Frente Democrática da Coreia, na
época liderada pelo seu Partido do Trabalho.
Mas a vitória da Guerra de Resistência contra o Japão foi apressada por um acontecimento trágico que vitimou este país e determinaria o curso da política internacional até á atualidade: o uso da bomba atómica contra os habitantes de Hiroxima e Nagasáqui.
Mas a vitória da Guerra de Resistência contra o Japão foi apressada por um acontecimento trágico que vitimou este país e determinaria o curso da política internacional até á atualidade: o uso da bomba atómica contra os habitantes de Hiroxima e Nagasáqui.
Nas semanas
anteriores a Hiroshima, a maioria dos cientistas que trabalhavam no desenvolvimento
da bomba atômica, o Projeto Manhattan, tentaram impedir o seu lançamento direto
sobre as cidades japonesas, propondo uma estratégia de explosão em espaço
aberto, com o fim de demonstrar o seu poder destrutivo. Perante a hesitação do
próprio líder do projeto, os militares que o dirigiam recorreram à ameaça,
chantagem e à manipulação da informação. Realizado o primeiro lançamento,
impuseram o segundo, invocando o argumento de que os militaristas japoneses não
queriam ceder.
Os documentos
militares secretos da época, que entretanto foram desclassificados, mostram que
havia uma intenção deliberada de experimentar o efeito da bomba sobre os seres
humanos e uma segunda finalidade
política: meter em respeito a URSS triunfante, os movimentos anticoloniais e os
novos estados socialistas que emergiam a Leste e na Ásia. A velha Inglaterra,
endividada pelos créditos da guerra aos EUA e exaurida, cedia o lugar a esta
potência. E começava a Guerra Fria.
O carácter
político específico da guerra na China, simultaneamente anti japonesa, anti
colonial e democrática, determinou um
percurso distinto dos cenários de batalha convencionais, e o futuro da grande nação chinesa,
desembocando em nova guerra civil e na fundação da República Popular da China.
O Governo do
Kuomitang nunca implantou nas regiões sob
a sua autoridade um regime democrático e, sistematicamente, prosseguiu as suas
campanhas militares para cercar e aniquilar as bases do Exército Popular de
Libertação.
Pelo que o
projeto de criação de um governo democrático de frente única, através da convocação
de uma Conferencia consultiva nacional, foi ganhando os setores intermédios da
sociedade e deixou isolados os setores militaristas do Kuomitang e o seu líder
Jiang Jieshi, que no livro o Destino da China proclamara total
oposição não apenas a qualquer forma de socialismo mas também à democracia liberal.
Seguro da sua
superioridade militar e do apoio das potências colonizadoras da China, agora já
sob o signo da Guerra Fria, quebrou todos os acordos e compromissos, e escolheu
o caminho da guerra civil, mas levantou contra ele a nação chinesa e acabou
derrotado.
A aliança
política forjada na resistência contra o Japão e consolidada neste período
levou à convocação da Conferencia consultiva política do povo chinês em Pequim,
entre 21 e 30 de Setembro de 1949, que, antes da constituição da Assembleia
Popular Nacional eleita por sufrágio universal assumiria as suas funções. A
República Popular da China foi proclamada a 1 de Outubro, por Mao Tse Tung, o
seu primeiro presidente.
A Nova
Democracia e a República Popular nasceriam na China sob direção do seu Partido
Comunista, com duas singularidades que iriam alterar o modelo ortodoxo de
analisar o conflito capitalismo-socialismo do século XX e o quadro ideológico
das suas doutrinas: o regime político da República Popular seria um regime
pluripartidário, assente num sistema de consulta, cooperação e partilha do
poder, que a futura constituição irá consignar.
A China iria
percorrer o seu próprio caminho para o socialismo.
A Nova China e o problema da Paz
O socialismo chinês é definido constitucionalmente como
um período onde
“… o Estado prevalece no sistema económico fundamental, tendo como base a propriedade pública, com o desenvolvimento conjunto de diversos tipos de propriedade, e um sistema de distribuição tendo por princípio «a cada um segundo o seu trabalho» com a coexistência de meios diversificados de distribuição.”Esse caminho conduziu a fracassos e vitórias, e a diversas fases de desenvolvimento que permitiram elaborar o conceito de “economia socialista de mercado”, questão mal estudada a ocidente, e com o princípio político “um país, dois sistemas”, aplicado á transição de Hong Kong e Macau, baralhou o pensamento dogmático, conduzindo ao período atual de abertura e, agora, de restruturação ecológica da economia, com a inscrição nos próprios estatutos do PCCh dos princípios de defesa do ambiente.
“… o Estado prevalece no sistema económico fundamental, tendo como base a propriedade pública, com o desenvolvimento conjunto de diversos tipos de propriedade, e um sistema de distribuição tendo por princípio «a cada um segundo o seu trabalho» com a coexistência de meios diversificados de distribuição.”Esse caminho conduziu a fracassos e vitórias, e a diversas fases de desenvolvimento que permitiram elaborar o conceito de “economia socialista de mercado”, questão mal estudada a ocidente, e com o princípio político “um país, dois sistemas”, aplicado á transição de Hong Kong e Macau, baralhou o pensamento dogmático, conduzindo ao período atual de abertura e, agora, de restruturação ecológica da economia, com a inscrição nos próprios estatutos do PCCh dos princípios de defesa do ambiente.
A Coexistência Pacífica
Que engloba uma
estratégia nacional, assente inicialmente na prosperidade geral da nação, mas, desde
2012, também na transição ecológica da economia e das comunidades urbanas e
rurais, recuperando o património natural da China, sob a consigna de “A China
Formosa”.
O conceito de Nação
é aqui entendido já não na oposição de classes mas na harmonização dos seus interesses
através do sistema de “economia socialista de mercado” e do “império da lei”, de modo a aproximar a
cidade do campo, nivelar as 56 nacionalidades e a elevar o nível de bem estar
das classes populares.
Uma economia
socialista de mercado significa a capacidade do estado para corrigir as
disfunções do funcionamento do mercado e atenuar as suas crises, através do
controle dos setores fundamentais da economia e do capital financeiro, da
conservação da terra como propriedade da nação, enquanto símbolo de uma cultura
quatro vezes milenar, permitindo embora a mercantilização do seu usufruto,
limitando através da fiscalidade progressiva o poder dos novos milionários e da
camada superior da classe média, que assim contribuem igualmente para a
prosperidade geral.
Uma estratégia
nacional que realize a consigna do “ Sonho Chinês” de plena soberania nacional,
que inclui obviamente o Tibete, Hong Kong e Macau e a reintegração pacífica de
Taiwan, e o respeito do mundo pela unidade e identidade da China, acompanhados
com o acesso progressivo de todo os seus cidadãos aos bens da civilização, num
quadro de cooperação e intercâmbio internacional assente nos Cinco Princípios
da Coexistência Pacífica; igualdade e reciprocidade, benefício mútuo, não
agressão, não ingerência e resolução pacífica dos diferendos.
Uma estratégia
militar de auto-defesa, que recusa e se opõe à hegemonia, às políticas
intervencionistas, à corrida ao armamento ofensivo e às alianças militares e
determina a integração do poder político e militar, sob a direção daquele.
E uma estratégia operacional de cooperação
mundial que recusa a subalternização da ONU, preconiza a aplicação integral da
sua Carta em direção à igualdade de direitos das nações e a passagem para esta
instância da mediação das decisões sobre
todos os conflitos internacionais.
O principal contributo da Nova China para
desenvolver o conceito de democracia, tendo em conta a Declaração Universal dos
Direitos do Homem, que custou ao seu povo não apenas as 12 milhões de baixas que o Museu Militar de
Paris regista, mas mais de 21 milhões de mortos e feridos graves, foi na época a
distribuição aos 500 milhões de camponeses da posse da terra, que tornaram
agricultável ao longo de quatro mil anos de civilização (Aplicando o Artigo 17°
Toda a pessoa, individual ou
colectivamente, tem direito à propriedade da Declaração Universal dos
Direitos Humanos:) e tê-los libertado
do flagelo dos senhores da guerra, e conquistado a paz, a coexistência pacífica
entre 56 nacionalidades, instrução, cuidados primários de saúde e assistência
social básica, tal como o direito generalizado ao trabalho.
À luz da
experiência histórica da II Guerra Mundial, podemos concluir: não existe um
caminho único para a democracia e é um direito inalienável de cada nação
escolher esse percurso.
Mas a paz
mundial é hoje não apenas condição da democracia mas da própria sobrevivência
da Humanidade e da Vida.
Porque, como afirma o nosso poeta Jorge de Sena na
filosofia e na ética política dos seus
versos:
“…/…
tudo se perde onde se perde a paz,
e primeiro que tudo se perde a liberdade.” Jorge de Sena, “A Paz”
Assembleia da República
Comemoração dos 70 anos da vitória sobre o fascismo
tudo se perde onde se perde a paz,
e primeiro que tudo se perde a liberdade.” Jorge de Sena, “A Paz”
Assembleia da República
Comemoração dos 70 anos da vitória sobre o fascismo
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