Não havendo guerra colonial e milicianos contra a guerra, onde se forjou a revolução democrática de Abril, a
agressão financeira da troika e o papel de governo colaboracionista, que é o
de Passos Coelho ( colaboracionista como o de Vichy na II Guerra), encarregaram-se de fazer nascer essa progressiva consciência política e de mobilizar os
militares profissionais ( e as forças policiais) para a luta democrática.
Fato político novo na Europa e em Portugal,
que os próprios protagonistas ainda não tiveram tempo de amadurecer ( e de
valorizar historicamente ) e a opinião pública compreende mal, dará um salto
qualitativo quando os militares convocarem o apoio popular às suas
manifestações ou, inversamente o povo na rua apelar à sua defesa e intervenção,
e, quando as associações e movimento das forças armadas, como solução
política, dirigirem o seu protesto e exigência de cumprimento da Constituição
para o principal chefe (responsável) militar e magistrado da nação: o Presidente da
República. E, então, conscientes da cumplicidade de Cavaco Silva na
ultrapassagem dos limites constitucionais, por colaboracionismo ou omissão, lhe exigirem eleições antecipadas.
Será o tempo de regressar à política das
frentes amplas contra o imperialismo financeiro, se a esquerda perceber o
perigo que uma crise geral nacional encerra e os setores democráticos dos
partidos da direita, que correspondem à consciência política maioritária entre
o povo português, se congregarem também nessa aliança nacional e democrática. Novas forças políticas organizadas aparecerão e as atuais serão reorganizadas ou ficarão irreconhecíveis, fracionadas. A
luta pela democracia e pelo socialismo verdadeiros, aspiração comum da maioria do povo português, passa por suster esta
ofensiva oligárquica e anti-nacional.
A alternativa é o caos social e a ascensão
de um regime autoritário sob a capa do presidencialismo. E mais vinte ou
cinquenta anos de pobreza, submissão e desastre nacional, só para pagar os
juros odiosos da dívida pública, empresarial, dos bancos e das famílias, e para
fazer do mar português o maior botim (= saque dos vencidos) da União Europeia.
Há três anos que o diktat da troika e a chantagem da bancarrota, o medo de perdermos o que resta dos direitos democráticos fundamentais, nos retira a liberdade de decisão e a cidadania. A pátria, berço e mãe tornou-se madrasta impiedosa e amoral, pelo exercício de maus governos nacionais e comunitários e o poder absoluto do capital financeiro.
A luta pela democracia (s) permite passar à luta pelo socialismo (s), mas então será de novo o povo português a escolher livremente o seu caminho.
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